É imensamente negro o quadro sobre o estado geral em que se encontra a Rede Viária do concelho, sendo muito difícil imaginar situações piores.
E tal situação, de resto, resulta em primeiro lugar da manifesta ausência de um Plano de Intervenção consistente ao longo dos últimos anos, mas, também, da falta de um Plano de Conservação Bianual, o qual, ano a ano, servisse para acorrer aos primeiros sinais de degradação de uma qualquer via em concreto, designadamente quando esses sinais se começam a observar.
E sendo certo que, desde há alguns anos a esta parte, a execução das obras de saneamento em curso tem contribuído para tão vasta e tão extensa deterioração, a verdade é que as mesmas não justificam tudo, sendo observáveis imensos casos de pura negligência administrativa.
Porém, atentando-se presentemente nas decisões recentemente assumidas pelo Município, sabe-se agora que o actual quadro irá mudar, devido à aprovação de um vistoso Plano de Recuperação da Rede Viária Municipal, o qual, numa primeira fase, contará com trinta milhões de euros nos próximos quatro anos.
Mas será que vai ser assim? Vejamos:
Para implementar a primeira fase o Município está a contar arrecadar oito milhões de euros a título da contracção de um empréstimo de igual valor, contando que a parte restante – vinte e dois milhões de euros – advenham dos respectivos Orçamentos Ordinários mediante a afectação de verbas disponibilizadas pelo novo Quadro Comunitário. Aguardemos, pois por novas notícias uma vez que, e para já, só nos encontramos a contar, e porventura em demasia, com um vistoso ovo no cu da galinha…
Com efeito, não se encontrando por agora garantidos os necessários meios financeiros para implementar, sequer, a primeira fase de um investimento que aponta para os cem milhões de euros para intervir neste domínio um pouco por todas as freguesias do concelho, afigura-se desde já algo irrealista a execução de um tão vasto plano, quando nem para a primeira fase – trinta milhões de euros – há verbas consignadas, a não ser que outros financiamentos e valores mais altos se “alevantem“.
Todavia, com financiamentos ora assegurados, ou não, o importante é que continua a ser imperioso responder às necessidades de segurança e melhoria das condições da Rede Viária, pelo que só nos resta congratularmos com a aprovação do presente plano para a Manutenção e Conservação das Estradas do Concelho, o qual pretende afectar um investimento global de cem milhões de euros, trinta milhões dos quais já para os próximos quatro anos.
Temendo muitos felgueirenses que a parte mais substancial do investimento para este plano se possa vir a constituir numa miragem, abracemos para já o trabalho de planeamento desenvolvido – um bom trabalho, de resto -, acreditando-se que este processo irá correr muito bem e que finalmente as estradas do concelho se encontrarão brevemente bastante melhores.
José Quintela