Os portugueses preparam-se para decidir o futuro do país. A par da agenda política, o estado da saúde em Portugal é o tema que tem dominado os meios de comunicação social.
O período de manifesta instabilidade que o setor atravessa, fruto da falta de planeamento estratégico e da incapacidade de antecipar situações que decorrem todos os anos, é alvo de críticas por parte de todas as forças políticas.
No entanto, se umas procuram apresentar soluções que mitiguem o desgaste do Serviço Nacional de Saúde (SNS), outras preocupam-se em encontrar culpados com o intuito de influenciar a opinião pública, através de discursos que facilmente ludibriam os mais desatentos.
Um dos casos mais recentes surgiu no âmbito da campanha de vacinação contra a gripe e a COVID-19 que, este ano, teve lugar nas farmácias. Para a líder do Bloco de Esquerda, entregar a vacinação às farmácias foi uma má decisão e poderá ter sido “a causa do caos nas urgências”.
Ora, dados reportados pelo SNS revelam que, face ao período homólogo, o número de vacinas administradas contra a gripe é superior.
Por isso, questiono: até quando vamos tolerar insinuações como esta, que colocam em causa o trabalho, dedicação e idoneidade de um conjunto de profissionais de saúde que sempre estiverem disponíveis para servir a população?
Até quando vamos compactuar com a rutura generalizada dos serviços sociais e com a constante desresponsabilização da classe política?
Lamento que a desonestidade intelectual e a falta de transparência norteiem o discurso de quem apregoa ter propostas para o país e que se questione o facto de este serviço ter sido “entregue a um privado que é pago pelo Estado”, mas que não se reflita sobre a reestruturação de que o SNS precisa para garantir o acesso à saúde a todos os cidadãos.
Por isso, acredito que os problemas socioeconómicos que enfrentamos são o mote para que, nas próximas eleições, não percamos a oportunidade de dar um novo rumo a Portugal.
Andreia Moreira