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No dia dos Fiéis Defuntos

Hoje, 2 de Novembro, foi dia dos Fiéis Defuntos. Por regra, neste dia, dirijo-me ao Cemitério, primeiro em direcção ao jazigo  do meu irmão Clemente, depois ao jazigo dos meus pais, avó e tia paterna, seguidamente ao da Ana Quintela, e adiante, aos de Arlindo Pinto e Alfredo Estebainha, sendo que depois, já na parte de baixo do mesmo cemitério, avanço em direcção ao jazigo dos meus sogros, encerrando sempre esse meu périplo no jazigo do meu confrade e mestre na arte de escrever poesia, o mais completo e o mais ilustre de todos os que localmente conheci, A.Garibaldi.

Por último, muito cabisbaixo, bastante contristado e deveras carente abandono o cemitério saindo pelo portão da retaguarda, mais parecendo um bandido assustado e sem coragem para voltar a olhar para tudo o que ficou para trás.

E já cá fora, iniciando a marcha em direcção à frente do cemitério e da casa onde nasci, apenas consigo olhar para a casa da Graça “Porteira” e os terrenos que lhe são contíguos, exactamente alguns daqueles que a Câmara Municipal pretenderia ocupar na construção do novo Cemitério Municipal.

Presumindo eu, que um hipotético Tesouro de Santa Quitéria se encontrará enterrado, algures entre os terrenos da segunda e da quarta capela, num dia incerto do início da Primavera do ano de 2020, iniciei uma incursão até ao Monte de São Domingos pelo lado da Rua de Samoça, tendo, depois de ali chegado, virado em direcção ao Santuário, começando aí a descer pelas Capelas até à segunda no sentido ascendente, onde acabei por fazer uma paragem mais demorada observando a beleza estética da Santa no seu interior.

Daí, reiniciei um caminho que antigamente nos conduzia a uma antiga pedreira, num pequeno alto ao cimo da Casa da Graça, tendo parado também aí e durante algum tempo para apreciar o vasto crescimento da cidade.

Não querendo forçar nenhum encontro com quem quer que seja, fiquei por ali mais tempo do que o natural, acreditando que mais tarde ou mais cedo a Graça iria aparecer à porta e que se isso acontecesse me iria endereçar um breve olá! E assim foi. Passados alguns minutos, a Graça saiu do interior da sua casa para o seu espaço de quintal e vendo-me, logo disse: Olá Zé – o que andas a fazer por aqui?

Como andava em busca de confirmação de alguns pormenores para poder sustentar uma das estórias constantes do meu novo livro, designadamente a intitulada “O Tesouro, o Monte e a Santa” falei-lhe desse assunto e em pé de conversa, como não podia deixar de ser, acabamos também por falar do projecto da construção do novo cemitério que a Câmara Municipal pretendia construir em cima, para cima e para a frente dos seus terrenos.

De repente, verificamos que entre nós dois havia total sintonia quanto ao facto do novo cemitério não poder nem dever ser aí construído, ela por não se encontrar disposta a suprimir e a prejudicar o seu património, e eu, por continuar a saber que em terrenos situados na reserva ecológica, jamais se poderia colocar tal hipótese, e ademais, por nesses terrenos – entre as segunda e a quarta capela no sentido ascendente -, onde porventura se encontrará o dito Tesouro, jamais ser possível implementar um empreendimento que, além de se constituir numa afronta à paisagem e ao espaço urbanístico circundante, sepultaria para todo o sempre a possibilidade de um dia ser encontrado. 

E agora, sabendo todos nós que o novo Cemitério Municipal já não irá ser construído, por trás, de lado, ou por cima da cabeça da Santa que se encontra na segunda capela, respiremos todos de alívio, sem, porém, deixamos de estar atentos e alerta com relação aos problemas que subsistem, tanto mais por se temer que a irresponsabilidade reinante aos problemas anteriores, sirva para adicionar problemas futuros, já que não são nada animadores os sinais que sobre tal matéria se continuam a observar.

Um novo Cemitério Municipal, que até pode e deve acolher o projecto que se conhece mas jamais os terrenos que se apontavam e apontam, moderno, com  imensa luz e virado para o futuro dois próximos dois ou três séculos, não tem que ser construído na sede do concelho e muito menos no local que se pretende, mas jamais e em definitivo em qualquer parte dos terrenos do sopé  do Monte de Santa Quitéria, seja por que lado for, e havendo muitos terrenos e com perfis mais adequados para a sua construção, tratando-se de um novo Cemitério Municipal, tal como a expressão o diz, o mesmo poderá e deverá ser construído no pressuposto de poder vir a receber os mortos de outras freguesias, entre outros, os das cinco que constituem o grande “condado” da cidade de Felgueiras, ou seja,  a União das Freguesias de Margaride…

Pela dignidade do nome e do Monte da Santa não me obriguem a voltar a escrever sobre este assunto, pois se assim acontecer só posso prometer que não serei tão meigo.

José Quintela

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