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InícioOpiniãoO Couro e a Sustentabilidade: Um Debate Complexo e Necessário

O Couro e a Sustentabilidade: Um Debate Complexo e Necessário

Nos últimos anos, a indústria do couro assim como a comercialização de pele natural tem estado sob intenso escrutínio, especialmente por parte de ativistas veganos que tentam abolir os produtos de origem animal.

No entanto, rotular os veganos como simples detratores do couro é uma visão muito simplista de um debate complexo e multifacetado.

O cerne da questão é a sustentabilidade, e é vital analisar os argumentos de ambas as partes para entender verdadeiramente os desafios que enfrentamos.

A indústria do couro tem históricos problemas éticos e ambientais. A criação de animais para a produção de couro, quando não feita de maneira ética, pode envolver práticas cruéis e impactos devastadores no meio ambiente.

Os ativistas dos direitos dos animais, incluindo os veganos, têm razões válidas para questionar essas práticas e para pressionar por mudanças na indústria.

Devemos ter a perfeita noção da verdade e não acreditar em narrativas falsas e radicais, o couro de bovinos, ovinos, caprinos e suínos é um subproduto da indústria da carne. 98% do couro é produzido a partir das peles desses quatro tipos de animais.

Os criadores de gado não criam os animais apenas para que as suas peles se transformem em couro, já que o valor de uma pele de boi/vaca alcança, geralmente, apenas cerca de 4% do valor total do animal.

Os criadores criam gado pela sua carne ou leite sendo a pele um subproduto que deve ser transformado em outro produto de valor agregado ou consumido.

O couro é, atualmente, a melhor forma de reciclar as peles provenientes da indústria de carne; a cada ano, deixa-se de depositar cerca de 7,3 milhões de toneladas de peles em aterros sanitários, transformando essas peles que seriam (lixo), em couro versátil para ser usado numa variedade de produtos, desde luvas macias, calçado confortável, alta-costura, passando por móveis resistentes e até na indústria automóvel e aviação.

Por outro lado, é importante reconhecer que a indústria do couro tem feito avanços significativos em termos de sustentabilidade, por exemplo: os curtumes modernos operam as suas próprias estações de tratamento de efluentes líquidos ou enviam para os sistemas de tratamento de águas residuais terceirizados.

Os Resíduos sólidos são geridos de acordo com protocolos governamentais e os curtumes mais avançados trabalham já para criar fluxos geridos de acordo com esses protocolos, estando também a trabalhar para criar fluxos circulares criando alternativas de novos materiais ou fontes de energia a partir dos seus resíduos sólidos.

Muitas marcas estão também a adotar práticas mais éticas e ambientalmente conscientes, Couro proveniente de fontes certificadas, processos de curtimenta menos prejudiciais ao meio ambiente e a promoção de uma moda mais durável e atemporal são já tendências em ascensão.

O recente confronto entre ativistas e marcas de alta-costura, como Coach e Hermès, destacou a complexidade deste debate.

Enquanto alguns ativistas veganos defendem a total erradicação do couro, as marcas de moda de luxo resistem a essas reivindicações radicais.

A Vogue Business, numa análise equilibrada, reconhece que a alta-costura não cederá às exigências extremas dos ativistas dos direitos dos animais.

Embora isso possa ser frustrante para alguns, também mostra a necessidade de um diálogo mais aberto e construtivo entre as partes envolvidas.

O caminho a seguir deve envolver uma colaboração contínua entre a indústria do couro e os defensores dos direitos dos animais. É crucial encontrar soluções que sejam social e ecologicamente sustentáveis.

Em vez de demonizar uns aos outros, é hora de encontrar um entendimento mútuo.
Além disso, os consumidores também têm um papel fundamental a desempenhar.

Ao escolherem produtos feitos de couro, os consumidores sabem à partida que essa é a melhor opção e com isso podem apoiar as marcas que adotam práticas sustentáveis e éticas.

Da mesma forma, os veganos e os defensores dos direitos dos animais podem continuar a influenciar a indústria ao levantarem questões legítimas sobre a produção do couro.

O objetivo deve ser a criação de uma indústria de couro sustentável e ética, onde a moda possa coexistir com a proteção dos animais e a preservação do nosso planeta.

Este é um desafio que todos enfrentamos juntos, e somente através do diálogo e da colaboração podemos esperar encontrar uma solução que beneficie todas as partes envolvidas.

“Leather is Leather”
“Get real. Get Leather”

Jorge Miguel Neves

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