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O último indeciso

Depois de trinta e um debates eleitorais, onde muito se discutiu, mas pouco se esclareceu, julgo não ser verdade o que dizem as sondagens no que respeita ao número de indecisos, porque, permitam-me a leviandade, nesta conjuntura, o único indeciso sou eu!

Não tendo votado nas primeiras eleições livres após a Revolução dos Cravos – Abril de 1975 -, por me encontrar em Luanda a cumprir o Serviço Militar Obrigatório, em Abril de 1976 votei pela primeira vez, à época para eleger os primeiros Deputados à Assembleia da República.

E desde aí – Abril de 1976 -, até 30 de Janeiro de 2022, data das últimas eleições legislativas sempre votei igual, sendo que em 2024, não sabendo ainda como votar, encontro-me indeciso no que concerne à utilidade do meu voto para dar força às Esquerdas.

Permitindo que um pequeno grupo de “purificados” locais tivessem dado cabo da sua boa imagem e prestação política no concelho, o PCP definha, não conseguindo localmente, no distrito ou no país, estancar o seu progressivo enfraquecimento.

Num momento em que todas as sondagens dizem que ainda há uma percentagem muito relevante de indecisos, julgo encontrar-me em condições para sustentar o contrário, e que hoje, tal como nas eleições legislativas de 1975, 1976 e 1979, os jovens que votavam maioritariamente à esquerda já não existem, e aqueles que têm hoje entre 18 e 35 anos se preparam agora para  votarem no “Chega“, sendo certo que muitos desses, tal como acontecia com muitos de nós nessas décadas, irão conseguir arrastar muitos dos seus familiares para o mesmo sentido de voto, sobrando alguns desses, poucos, para a Iniciativa Liberal.

O que está a acontecer ao PS e ao PCP – mais a este que ao primeiro – é uma tragédia geracional, afigurando-se como natural o seu envelhecimento e enfraquecimento progressivos por todo o país, tal como já aconteceu na Europa, sem deixarmos de atribuir e devida importância aos inúmeros erros políticos por ambos cometidos, nomeadamente aos mais recentes, cuja gravidade acabou por esbanjar o valor político contido na solução da constituição e necessidade de manutenção da “Geringonça” e ao descalabro da acção política levada a cabo pela pérfido absolutismo da ultima governação socialista.

Assim, como em 1986 votei e ajudei a granjear votos para assegurarem a vitória presidencial de Mário Soares – e não tive que engolir nenhum sapo vivo -, hoje, até poderia aceitar a concepção da ideia para votar útil  em Pedro Nuno Santos para primeiro ministro, o que de resto não irá acontecer, por me encontrar convicto que a verdadeira esquerda é quem mais precisa de votos para se  reforçar no sentido de voltar a contar  para a construção de  uma   verdadeira alternativa de esquerda e por esse ter estado e saído de ministro  por forma ignominiosa.

E tendo eu, em tempos, sido um compagnon de route de camaradas tão fascinantes e tão ilustres como João Semedo ou Miguel Portas, creio que nestas eleições não teria qualquer problema de consciência se tivesse que mudar o meu voto para qualquer uma destas forças políticas em que um e outro também militaram, sendo que ainda resta o “LIVRE” cujo comportamento político e valor de propostas também me vêm interessando.

Sendo pertinente sublinhar que a utilidade de qualquer voto é em quem se elege no sentido de contribuir para um governo melhor na defesa dos mais desfavorecidos, presumo que a minha consciência ainda me não liberte das lealdades ideológicas passadas para poder alterar o meu sentido de voto, apesar de saber e de reconhecer que, enquanto diferente,  poderá continuar a  servir a mesma equação para a prossecução da mesma realidade política, ou seja, para a constituição de um verdadeiro governo das esquerdas capaz de executar políticas  mais adequadas à melhoria de vida dos portugueses, compelindo assim o PS para a reconquista de mais ética republicana e algum juízo.

José Quintela

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