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Quinta de Maderne
InícioOpiniãoÉ de pequenino que se torce o pepino!

É de pequenino que se torce o pepino!

As eleições legislativas são o tema do momento, não há como negar.

O país está mergulhado na campanha eleitoral e tudo se resume ao que vai acontecer após 10 março.
É mais que evidente que as eleições ocupam todo o espaço mediático e ninguém fica indiferente, nem mesmo as crianças.
Ontem pensei escrever sobre a abstenção, se é ou não um direito? Se o voto deve ser obrigatório?… Mas, entretanto, e porque habitualmente escrevo pouco antes do jornal seguir para a gráfica, aconteceu algo interessante…

Como referia, as eleições estão em todo o lado, nas televisões, jornais, podcasts, redes sociais, Facebook, Instagram, Linkedin e TikTok.

Confesso que ainda desconheço o poder do TikTok e chateio-me frequentemente com a minha filha, que tem 8 anos, porque considero que ela desperdiça muito tempo a passar o dedo no visor do telemóvel e quando presto mais atenção ao que está a ver, ouço demasiadas asneiras, considero a rede pouco recomendável, fraca informação, fraca mensagem. Mas quem sou eu!

O facto é que nos entra pela casa adentro, pelas crianças, adolescentes e jovens adultos sem que possamos impedir.

A forma como a comunicação e os veículos de comunicar se alteraram é evidente e não há como negar.

A política não é exceção.

Ao jantar surge a conversa “mamã que vai acontecer no dia 10, ouvi que se o Chega ganhar vai acontecer a terceira guerra mundial“…fiquei boquiaberta e lembrei-me que até há dois dias não tínhamos conversado sobre eleições.. não lhe tinha explicado nada sobre o assunto.

E, então, lá fiz um breve resumo sobre a importância de votar para eleger os representantes partidários, que partidos existem e de forma muito simples o que são, como se chamam os líderes e aí, já a menina falou em vários nomes, ou porque ouviu na televisão, no TikTok e até nas conversas em família que vai assistindo.

Foi então que me lembrei, e porque já havia conversa na escola, disse-lhe “porque não fazes uma sondagem na tua sala?” Ela ficou toda entusiasmada, quis saber os nomes dos partidos, escrevi num papel a lista dos oito partidos, os de direita, os de esquerda e até os que são amigos.

Foi um momento interessante e achei giro a curiosidade dela sobre o assunto. Como percebi que na sala de aula os temas da atualidade são discutidos, o que me parece bem saudável e pertinente, pensei “vai ser engraçado saber o resultado da mini sondagem”.

Mas hoje, qual não foi o meu espanto, quando a fui buscar à escola, a menina mal logo me alertou que eu precisava falar com a professora, porque aquilo que era uma boa intenção de sondagem pelos vistos tornou-se num pequeno comício, em que os colegas gritavam pelo PSD (incentivados ou não por ela, não sei!) e a professora terá considerado desajustado e até terá dito aos alunos “as eleições são assunto de adultos e não de crianças”.

Provavelmente não terá sido mesmo assim, não importa, porque com isto apenas me ocorreu transmitir uma mensagem, dizer que desde cedo devemos discutir estes assuntos com as crianças, porque elas querem saber e cada vez mais os TikTok dão a conhecer os políticos nacionais, até estrangeiros (já nas eleições no Brasil a minha filha cantava a música do Bolsonaro, e não esqueçamos a recente vitória de Prabowo Subianto nas eleições presidenciais da Indonésia, em que o general repressor e torturador, figura sinistra da ditadura, é agora conhecido pela jovem população da terceira maior democracia eleitoral do mundo, como o general TikTok, um avô simpático por estar omnipresente nas redes sociais, com vídeos divertidos, mas que a realidade não corresponderá à percepção). Devemos estar atentos!

Lá tentei saber mais pormenores da dita sondagem e ela diz-me “olha mamã, 29 meninos votam no PSD (quase a totalidade), porque no refeitório gritavam “PSD! PSD!”, portanto, no domingo vamos fazer festa e já não vai haver terceira guerra mundial. Podes continuar a organizar a festa!”.
Pois é!

Valerá a pena explicar, esclarecer e até suscitar a curiosidades nos mais pequenos, porque hoje em dia a informação entra pelo pequeno aparelho que temos nas mãos, sem pedir licença e sem que a possamos controlar por mais que tentemos.

Desenvolver o sentido crítico, contar a história e influenciar, obviamente, compete-nos como pais, se não formos nós, quem será?

Ainda ontem foi amplamente divulgado nas notícias que os alunos de Gondomar simularam o dia de eleições legislativas nas escolas secundárias, após vários ciclos de debates, com o objetivo de que estejam mais informados e possam decidir melhor, de forma clara.

Um belo exemplo a seguir, na minha opinião, numa era em que informação de tão fácil acesso em idades cada vez mais jovens contrapõe-se com a veracidade da mesma e o forte alheamento face ao momento de decisão.

É fundamental aproximar os jovens da política com a utilização de boas estratégias e informação verdadeira.

Termino por dizer: não deixe que decidam por si! O poder da mudança (tão urgente) está no seu voto.

Susana Faria

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