Empresários do setor do calçado reuniram no dia 19 de dezembro no Palácio do Freixo e novas gerações conversaram sobre o futuro da indústria do calçado, numa organização do JN e da APICCAPS.
Num painel moderado por Pedro Araújo do JN – Jornal de Notícias denominado “Nova geração de produtos” estiveram quatro mulheres a debater o futuro, as novas opções e a refletir como tornar a indústria de calçado mais competitiva.
Joana Meireles da Atlanta e Luísa Silva da Savana contribuíram com a sua opinião neste painel.
A Savana é uma empresa especializada na produção de calçado de criança, desenvolve a sua atividade desde 1988 e todos os anos desenvolve vários projetos sociais, investindo no desenvolvimento de produtos mais técnicos na área da sustentabilidade.
Ainda este ano de 2023 venceu o concurso ‘Metal Shoe’ com a apresentação do projeto “Braille & Sustainability”, tendo como ponto de partida a criação de uma bota para crianças cegas feita de materiais sustentáveis, revelou a diretora comercial, Luísa Silva. O projeto tem o objetivo de “contribuir para uma sociedade mais inclusiva que permita às crianças cegas serem tão autónomas quanto possível. Queremos que a indústria quebre barreiras e seja acessível a todos”, explicou Luísa.
A sustentabilidade ambiental é um compromisso que a Atlanta assumiu já há alguns anos, que vai desde a preferência por produtos reciclados e de baixo impacto ambiental, especialmente matérias-primas, até ao esforço com a eficiência energética, em toda a fábrica, a separação de lixo e resíduos.
Selecionam, sempre que possível, materiais ecológicos e sustentáveis, como por exemplo tintas e colas de base aquosa. “Na medida do possível estamos a ajustarmo-nos às tendências” explica Joana Meireles, da Atlanta, empresa de componentes, que produz solas para calçado na Lixa, desde 1995.
A TROFAL é uma empresa na Benedita produtora e certificada desde 1995 ao abrigo da norma ISO 9001, tendo sido a primeira no sector do calçado em Portugal e a segunda na Europa. Todos os artigos têm rastreabilidade desde 1995, que é feita a cada material e, por conseguinte, ao produto final composto.
“O sapato é moldado ao pé do cliente” conta Filipa Couto, da Trofal e acrescenta que nestes casos é incrível o contacto direto com o cliente final, mas comporta custos muito elevados. “O calçado é feito à mão, cozido e palmilhado com fios naturais” define o lema da empresa.
Já Luísa Sousa da Monteiro Ribas não deixa de lembrar que “O autêntico é valorizado. Os artesãos, o saber-fazer, são importantes e estes aspetos tem ganho relevância”. A empresa do Porto, remonta a 1917 e à indústria de curtumes, a empresa é gerida por uma equipa que vive o negócio como seu e sempre com uma perspetiva sustentável e de longo prazo, da qual fazem hoje parte elementos da 4.ª geração de descendentes dos fundadores.
Já o painel Geração 5.0 contou com a moderação de Claudia Pinto da APICCAPS e caras novas no setor. São apenas alguns exemplos de quem está com a mão na massa e como está a indústria do calçado em termos competitivos. De Felgueiras esteve Alexandre Pimenta, da Solpré.
Alexandre Pimenta é a 2ª geração numa empresa familiar, é o diretor comercial da empresa de componentes, solas que diz distinguir-se dos restantes players de mercado das solas pré-fabricados pela verticalização da sua cadeia. A internalização de toda a sua atividade, o desenvolvimento de moldes, o facto de todo o processo ser feito dentro de portas permite maior eficácia.
“Sustentabilidade é uma preocupação de todas as empresas. As marcas querem estar associadas a parceiros com consciência ambiental e sustentável.
A rastreabilidade do produto é importante e as grandes marcas vão escolher em função disso. Escolhem produto e processos mais sustentáveis” refere Alexandre Pimenta.
O diretor da empresa considera como vantagem competitiva o facto da Solpré trabalhar com grandes marcas internacionais que valorizam a certificação. Portanto, “a estratégia comercial da Solpré é trabalhar para marcas que procuram mais qualidade, empresas com provas dadas, responsabilidade social e sustentáveis. Mesmo que seja para servir empresas que precisam de lotes mais pequenos” afirma Alexandre.
Também Joana Esteves da Josefinas e Pedro Abrantes, As portuguesas deram um interessante contributo à conversa e contaram a evolução das suas empresas.
Pedro Abrantes defende que se deve aproveitar o grande legado dos empresários portugueses e fazer parcerias, mesmo até internacionais.
Joana Esteves diz que deve ser “um trabalho conjunto. Aliança entre marcas. Existe um bom portfólio e as marcas precisam de ser catapultadas no exterior”.
“A solução para Portugal está em optar por produtos de maior valor acrescentado e mais complexidade”
Alexandre Pimenta da Solpré
Só assim será viável para Portugal, defende Pimenta.
A nossa afirmação deverá ser num produto de maior valor acrescentado” remata Alexandre Pimenta.
Seguiu-se um momento em que se falou de “Boas práticas de comunicação de sustentabilidade” por Joana Jorge, Irina Chitas e António Custódio da Modalisboa.
Encerrou a conferência, Paulo Gonçalves, diretor de comunicação da APICCAPS (Associação Portuguesa da Industria de Calçado, componentes, artigos de pele e sucedâneos), que apresentou a nova campanha de promoção do calçado português para 2024.