O crime que aconteceu em Felgueiras no passado mês de agosto, abalou toda a comunidade e reacendeu o tema que assola todo o país.
É mais um alerta para prevenção e denúncia contra casos de violência doméstica. Carla Fonseca, tinha 44 anos e foi assassinada pelo ex-companheiro, enquanto o filho, de apenas 11 anos, estava em casa.
O número de queixas por violência doméstica tem vindo a aumentar em 2023, segundo o Portal da Violência Doméstica da Comissão para a Cidadania e a Igualdade, no primeiro semestre deste ano, houve 17.863 queixas de violência doméstica. No mesmo período, as autoridades registaram 12 mortes: 10 mulheres, uma criança e um homem.
Pelo menos 324 pessoas encontravam-se em prisão preventiva e 986 em prisão efetiva. Havia também 892 em vigilância eletrónica.
O SF contactou a CIM – Comunidade Intermunicipal, que nos enviou dados sobre a Unidas – Rede Intermunicipal de Apoio à Vítima do Douro, Tâmega e Sousa, da qual faz parte a Humanamente Iguais – Estrutura de Atendimento de Apoio à Vítima de Felgueiras.
A UNIDAS é uma rede de estruturas de atendimento a vítimas de violência doméstica, constituída por 11 estruturas de atendimento, uma por cada município do Douro, Tâmega e Sousa, que prestam um serviço especializado, confidencial e gratuito a vítimas de violência e a pessoas que procurem informação neste âmbito, assegurando-lhes apoio social, psicológico e jurídico.
EM 2023, 12 MORTES, 10 MULHERES, 1 CRIANÇA, 1 HOMEM
Humanamente Iguais é o gabinete que funciona no município em Felgueiras e que presta apoio a violência doméstica e outros abusos.
Pode ler-se no site da autarquia que, “Durante o ano de 2022 efetuou um total de 346 atendimentos nas suas vertentes jurídica, social e de apoio psicológico. Mais de 90% dos atendimentos foi feita com vítimas do sexo feminino.
A maioria das vítimas encontra-se na faixa dos 26 aos 45 anos, verificando-se também um crescimento no número de vítimas seniores que são acompanhadas pelo Gabinete.
Os tipos de violência mais relatados são a violência física e psicológica, mas também a violência sexual e económica”.
Relativamente aos números, a Unidas informou o SF que, de abril de 2021 a junho de 2023, foram 1.454 as vítimas acompanhadas pela Unidas, 209 delas crianças e jovens. No mesmo período, a Unidas realizou um total de 10.373 atendimentos a vítimas de violência doméstica, dos quais 1.709 foram crianças e jovens.
Precisamente no mês de agosto iniciou em todo o país uma nova campanha contra a violência doméstica da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG) que tem como mote o constante abuso psicológico que os agressores fazem às vítimas.
“As desculpas para o que lhe fez são uma data delas” é o destaque que surge com imagens de agressão física, em mulheres e também em homens.
A campanha tem como objetivo “demonstrar como os dias de terror não podem ser normalizados e como não passam de ‘desculpas’ vãs para ações dos agressores” refere a nota de imprensa, acrescentando-se que esta é uma campanha que “fala principalmente para a vítima, sem o intuito de a vitimizar, mas transformando-a como dona da ação, procurando colocar em perspetiva que as desculpas não passam disso”.
Colocar “uma lente sobre o/a agressor/a, lembrando-o/a que as vítimas reconhecem que o dia-a-dia de agressões estão recorrentemente populados por perdões e desculpas vazias” é outro dos objetivos enunciados.
Em 2022 ocorreram mais de 30 mil denúncias de violência de género em Portugal.
A violência torna-se assim num ato do dia-a-dia. E todos os dias há novas desculpas e formas de minimizar e normalizar a agressão.
Em agosto morreu mais uma mulher em Felgueiras e a tragédia abalou profundamente a comunidade.
Denunciar a violência, é um compromisso social que deve ser firmado por todos.
