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Alberto Balthazar Portella: Felgueirense histórico no Brasil

Olhando para o horizonte, desde o ocidente ao oriente, resplandece pelo mundo fora a gesta da diáspora felgueirense, por onde chegaram felgueirenses que marcaram um rasto de sucesso. Havendo nessa marca assinalável algo de quão se impõe a alma de Felgueiras pela evidência respeitante à sensibilidade correspondente. Tal qual o caso desta vez a merecer evidência, entre um desses exemplos a enaltecer na perenidade da memória coletiva, conforme merece ser lembrado Baltazar Portela, um Felgueirense que quando demandou a terra do pau vermelho ainda assinava portuguesmente seus apelidos familiares por Balthazar Portella, a seguir a seu primeiro nome, Alberto.
Ora, Alberto Baltazar Portella emigrou muito jovem para o Brasil, desde o concelho de Felgueiras, saindo de Portugal em demanda de vida melhor na nação brasileira. Depressa alcançando uma situação social importante, a ponto de ter sido um dos pioneiros dirigentes históricos do grande Clube de Regatas Vasco da Gama, do Rio de Janeiro. Ficando na História Vascaína como afamado tesoureiro do clube da cruz maltina, esse que era dono de conhecida loja de uniformes militares, escudos bordados e bandeiras que por muitos anos serviu o seu Vasco juntamente com a família. Além de em Portugal ter ainda tido ação altruísta nalgumas instituições, sendo conhecido seu papel de benfeitor da Escola Primária da Longra, localidade onde tinha raízes familiares, e depois foi dado seu nome ao campo então existente como recinto desportivo da Longra.

Alberto Balthazar Portella nasceu em Margaride-Felgueiras a 1 de novembro de 1881. Era filho único de João Balthazar Portella e Maria Joaquina Fernandes Portella. Foi para o Brasil no início do século XX como pedreiro, mas logo se instalou por sua conta no comércio, tendo comprado a um tio, que já morava no Brasil, uma alfaiataria e fábrica de confeções. Tornando-se então um empresário bem-sucedido. Além de se ter inserido na vida carioca e embrenhado associativamente no inicial período do grande clube desportivo Vasco da Gama, como Tesoureiro responsável.


Havendo então, pelos inícios da década dos anos 20, participado como Dirigente durante o período em que o Vasco teve a corajosa decisão de retirar o seu “time” do campeonato carioca por causa de racismo. Evento conhecido como “Resposta Histórica” (brevemente a completar 100 anos, em 2024). Acrescendo aí ter sido ainda Diretor do Departamento de Tiro no clube. Como empresário empregou jogadores no seu próprio estabelecimento, para que tivessem vida compatível com a prática desportiva e sustentassem com dignidade suas famílias. Assim como socialmente teve muita importância, facto deveras revelador por sua vida sociável. Tanto que com sua esposa formava um casal apreciador de festas sociais e todas as vitórias do seu clube eram comemoradas em sua casa juntando atletas e dirigentes. Foi agraciado com o título de Grande Benemérito do clube Cruzmaltino.
A esposa, Avelina Fernandes Portella, sua prima, foi uma grande companheira e igualmente entusiasta do clube. Teve participação na criação do emblema do Clube de Regatas Vasco da Gama e foi ela quem tricotou as toucas utilizadas pelos jogadores no primeiro uniforme de futebol. Foi também Benemérita e tem o título de sócia n.º 1 do clube.
Igualmente na igreja os dois obtiveram destaque, como membros da Irmandade de Santa Luzia. Tiveram 5 filhos e criaram mais 2 sobrinhos órfãos. A filha mais velha, Rosa Fernandes Portella, sócia nº 2, casou-se com um atleta importante do clube, Adão António Brandão, nascido em Penafiel, Portugal (formado no FC Porto e no Brasil campeão em 7 modalidades desportivas, autor do 1.º golo do Vasco; tendo ainda sido um dos “Camisas Negras” na equipa de 1923 que ganhou o 1.º título de futebol carioca.)
Alberto Baltazar Portela faleceu a 25 de agosto de 1962, em sua asa, no bairro de Ipanema, Rio de Janeiro. Tendo legado a seus descendentes valores originários de Felgueiras-Portugal e gosto adocicado pela terra do Pão de Ló de Margaride.

Armando Pinto

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