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Ouço da minha janela os protestos dos professores

O dia amanheceu gelado e logo pela madrugada comecei a ouvir um jornalista que aprecio, mas hoje estou em completa discordância com o que afirma. No seu ponto de vista, os professores e os sindicatos perderam a noção e ao transformarem as suas reivindicações numa luta, em que alguém tem que ceder, nada conseguirão, porque o Ministro da Educação pouco fará. Afirma ele “os professores que esqueçam, não vão recuperar o tempo de serviço porque o impacto nas contas públicas seria insustentável, para além de que é preciso pensar nos alunos”.

Discordo. Os professores devem manter a luta e exigir as condições para trabalharem e ensinarem os seus alunos, é esse o seu papel principal.

Apesar da manhã gelada, ouço da minha janela os protestos dos professores, são centenas e centenas de pessoas que se manifestam na rua. Ouço eu, ouve a população, ouvem os alunos, ouvem os pais, ouve Felgueiras e ouve o país.

O clima de luta está instalado e deverá continuar a agitar o país de norte a sul (Felgueiras não será excepção) até que os professores e a classe educativa veja algumas das suas reivindicações atendidas.

Lutam pela dignidade das suas carreiras, pelo reconhecimento do seu trabalho, pela revisão do regime de mobilidade e recrutamento do pessoal docente, por melhores condições salariais e de trabalho…

Não pretendendo entrar em questões muito específicas, o que o país sente é a falta de respeito pela classe. Nos últimos 15/20 anos assistiu-se a uma clara desvalorização e erosão do papel social e da importância do professor, descredibilizou-se o papel do professor, deixou de se identificar o professor como uma fonte de saber e acentuou-se um discurso contra os professores e isto gerou na opinião pública um certo descredito face à classe. E são exactamente essas palavras que vemos nos cartazes, os professores pedem respeito, pedem dignidade. Esta luta não pode ser em vão, toda a população tem que querer perceber o que se discute, a educação está na base de todo o país.

As greves, as manifestações e os protestos na rua não devem ser reprovados, com certeza muitas outras classes terão que o fazer e manifestar a sua insatisfação face às prioridades dos governos e à sua acção errada. É a democracia a funcionar.

A minha avó foi professora primária durante toda a vida e uma referência para muitos e muitos alunos, a minha mãe foi professora de Biologia no secundário e assisti toda a minha vida à sua dedicação de corpo e alma aos alunos, à escola, e a todos os que fazem parte do sistema educativo, aos colegas, aos funcionários. Assisti à sua vida na Escola e para a Escola.

Ser professor e trabalhar numa escola tem que ser reconhecido, não podemos tolerar e aceitar que os nossos professores e as pessoas que nos ensinam, nos educam e nos acolhem um dia inteiro como se da sua própria família se tratasse não tenham condições para trabalhar, para ensinar, tem que se exigir que sejam reconhecidas, remuneradas e não andem com a casa às costas, que abdiquem dos seus próprios filhos para cumprirem o seu papel tão fundamental num país, que é ensinar.

É necessário criar uma união que seja global e abrangente de toda a comunidade como forma de proteger e acarinhar os que nos ensinam.
Obrigada professores, são o pilar da nossa sociedade. Merecem respeito e dignidade.

Susana Faria

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