Já ia a mais de meio o mês de Janeiro, quando Felgueiras deixou de contar com uma personalidade outrora muito importante da vida económica e social do concelho, o ilustre empresário do sector do calçado – Alexandre Freitas Peixoto Dias.
Nascido no dia 3 de Março de 1927, na freguesia de Pombeiro de Ribavizela e falecido no dia 18 de Janeiro de 2023, muito perto de completar 96 anos de idade, Alexandre Freitas, foi durante algumas décadas uma personalidade muito marcante no seio da indústria do calçado.
Fundador, e desde sempre proprietário da firma Freitas “Irmãos,Lda. – o Calçado “PICOTO” –, primeiro no lugar da Trofa, Pombeiro, e mais tarde no lugar das Campas, Lagares, Alexandre Freitas, tendo resistidodurante dezenas de anos a contratempos normais na sua actividade industrial, não conseguiu evitar o colapso da sua empresa no ano de 2008, devido às consequências de alguma “anarquização do sector”, mas, sobretudo, às contingências do mercado económico da época, onde uma grave crise se instalou no ramo de actividade do calçado fazendo diminuir o fluxo das encomendas nos anos de 2005, 2006 e 2006, a par de uma crise financeira também sentida e vivida, sobretudo nos anos de 2007 e início de 2008.
Contudo, não obstante tamanha perda, Alexandre Freitas, terá que receber perenemente uma classificação positiva pela sua brilhante caminhada empresarial, e por, durante dezenas de anos, ter conseguido progredir no desempenho da sua actividade, proporcionando, além de permanentes e renovados empregos de qualidade, também, inegáveis sucessos produtivos ao serviço da sua firma e da indústria em geral, permanentemente acompanhados por óptimas condições de trabalho, de urbanidade e de salários.
Vendo-se compelida a encerrar no ano de 2008, quando ainda dava emprego a mais de cem trabalhadores, depois de termos assistido ao encerramento de muitas das suas congéneres de mais ou de igual valia económica no meio concelhio, mas certamente todas elas com igual número ou ainda mais trabalhadores, como sejam, o calçado “DRAGÃO”–(1990); a “F. C. dos CARVALHINHOS-SIC” – (1992); a LASAQUE – (1997) / mais tarde “PEDOURO” – (2012); a CONTINENTAL – (1999); a Classic Casual / ex-EUROSPORT– (2002); a “ BRASIFEL – (2004); a INREGILDE e a ZAGATO – (2005); a PINFEL – (2006); a J. PINTO S.A., em Barrosas e muitas outras do mesmo ramo que antes de 2008 e já depois desse ano, desapareceram do panorama industrial, sem deixar de referir, também pela sua importância económica e social, a Têxtil Luís Correia/BELCOR – (1993); a Fábrica da Bouça no ano de 2008 e a Metalúrgica da LONGRA, no mês de Janeiro de 1995, todas elas envolvendo o despedimento de mais de quinze mil trabalhadores, pelo que se não pode terminar esta crónica, sem deixar de referir, que tal como a vida das pessoas não dura sempre, com as empresas é normal que aconteça o mesmo, razão pela qual, é imperioso sabermos sempre situar-nos nas nossas Linhas do Tempo para podermos proclamar com justiça, que tal como muitas outras, esta personalidade – Alexandre Freitas, por todo o seu trabalho e bravura no desempenho da sua actividade e por toda a sua vida, terá para todo o sempre um lugar bem destacado na galeria dos Bons e dos Grandes felgueirenses.
José Quintela