Sou daqueles que acha que o mundo pós COVID será diferente do anterior. Ou seja, isto não será apenas uma fase, e tudo voltará ao normal.”
Único, desafiador e singular. Estas são algumas das palavras com que definiremos o início de 2020. Com uma actualização não fácil de acompanhar, este “inimigo” que nos bateu à porta varreu, e varre, o mundo com uma velocidade e severidade de que não há memória.
Usando os dados oficiais, a infecção espalhou-se por cerca de duas centenas de países, com milhões de infectados e – neste momento – já com mais de uma centena de milhar de mortos. Impossível de imaginar.
Tudo isto apenas em poucos meses. Se percebermos que, inevitavelmente, os números oficiais pecam por defeito, a realidade é ainda mais assustadora. Poder-se-ia dizer que este será o único impacto da pandemia. Mas estaríamos a enganar-nos! Com o mundo (quase) parado, as pessoas em casa, as empresas em suspenso, temos como segura uma segunda e difícil batalha. A da crise económica. Todos os especialistas, e menos especialistas, são unânimes em atirar números de desemprego, défice, recessão económica que tiram o sono a qualquer um.
E agora?
Primeiro, infelizmente, não há um lado bom desta verdadeira desgraça.
Não obstante, este período vai reclamar o melhor de cada um de nós. Dos governos, das empresas, das pessoas.
Sou daqueles que acha que o mundo pós COVID será diferente do anterior. Ou seja, isto não será apenas uma fase, e tudo voltará ao normal.
Considero, sinceramente, que esta pandemia vai produzir alterações permanentes na vida das pessoas, das empresas, dos Estados.
E a mudança deve começar em cada um de nós, desde já.
Antes de mais, aceitando a realidade. O que temos pela frente vai ser esgotante e difícil. Mas teremos de ser capazes de vencer (também) esta batalha.
No que respeita a Portugal, havendo uma aceitação generalizada quando ao desempenho do Governo, é importante questionar, estar atento, fiscalizar.
Unanimidade não é unanimismo.
Ao governo não se pode pedir que solucione tudo. Isso é ficção.
Mas ao governo devemos exigir que faça melhor que nunca, faça política em vez de politiquice, porque perdemos margem para errar.
Acima de tudo, que tenha coragem, aponte e explique caminhos. Num momento de tamanha desorientação, as pessoas precisam de ter um horizonte para o qual se dirigem. Ainda que saibam que a viagem até lá será longa e exigente.
Do governo, acima de tudo, espera-se liderança!
De empresários e trabalhadores, de nós todos, das pessoas, união.
Sem união, sem uns e outros, “chegar lá” será muito mais complicado. O normal será que, cada grupo, cada corporação, pretenda manter o que sempre teve, exigindo do vizinho as mudanças e sacrifícios que o permitam. E todos, reclamem do Estado. Mas esse normal não serve.
É tempo de perceber o lado do empresário, o seu esforço, e do trabalhador, que tem uma família para alimentar todos os dias.
Esta será uma altura de compromisso. Talvez a palavra solidariedade venha a ganhar outro sentido.