Se Luís Montenegro queria uma figura mediática apenas por capricho, bem podia ter escolhido alguém com maior capacidade empática do que o sobredotado Sebastião Bugalho.
O cabeça de lista da AD, neste seu papel de político em busca de votos, parece uma entidade gerada por Inteligência Artificial. A sua presença, marcada por uma pose afetada e uma perfeição quase robótica, está longe de conquistar a confiança e o voto dos eleitores. Bugalho não possui o carisma necessário nem para ser eleito administrador de condomínio, quanto mais para um cargo de maior responsabilidade.
A escolha de Bugalho por Montenegro é um reflexo de um erro estratégico grave que está a custar caro à AD. Apesar do esforço considerável em decisões e comunicação por parte do governo, o partido não descola nas sondagens. Pelo contrário, afunda-se progressivamente e dificilmente terá um bom resultado na contagem dos votos.
A figura de Bugalho, com a sua capacidade de responder a tudo e dizer quase nada, promove a apatia e a abstenção entre os eleitores. Ao invés de inspirar confiança, ele parece mais um vendedor de banha da cobra digital, uma picareta falante cuja substância é tão artificial quanto a perfeição da sua imagem.
Bugalho encarna o arquétipo do “apedeuta” descrito por José Ortega y Gasset, na medida em que é alguém que, embora dotado de muitas informações, falha em transmitir sabedoria real ou conexão humana. O filósofo espanhol argumentava que a verdadeira liderança requer mais do que conhecimento técnico ou oratória hábil, ela exige uma profunda compreensão das necessidades e aspirações do povo, algo que Bugalho claramente não possui.
A sua performance política é comparável à de um autómato, algo que Hannah Arendt poderia descrever como a banalização do discurso político, onde as palavras perdem o seu significado e a ação política se torna vazia de conteúdo real.
Em contraste, nesta campanha, o Sr. Embaixador Tanger Corrêa destaca-se como o adulto na sala. Ele é o candidato que tem “a experiência política e o conhecimento do mundo internacional” necessários.
Quanto à IL, a sua única bússola é o lucro, e a sua política, uma farsa desprovida de valores autênticos, corroendo a integridade do sistema político. São como camaleões oportunistas, prontos a mudar de cor conforme o ambiente, traindo a confiança dos eleitores em troca de benefícios imediatos.
Pelo lado da “Canhota”, Catarina Martins vive da manipulação linguística, atribuindo às palavras o significado que lhe convém para manter a sua hegemonia cultural, agora em crise. Esta distorção dos termos visa impor certezas absolutas e reduzir os outros a meros espectadores passivos.
Termos como fascismo, igualdade, solidariedade, cultura, educação, democracia e ética são usados de forma deturpada para convencer-nos das ideias mais absurdas. Um glossário da linguagem esquerdista exporia as suas incapacidades e falsidades, revelando as alarvidades que tentam impingir-nos.
Por outro lado, Marta Temido, que “demonstra a irresponsabilidade de quem critica um plano de emergência para a saúde depois de ter deixado o SNS com 1,7 milhões de portugueses sem médicos de família”, utiliza as suas armas de debate com uma astúcia que, embora por vezes traiçoeira, parece revelar uma compreensão das complexidades políticas que Bugalho não demonstra.
A escolha de Sebastião Bugalho resolve um dilema para as próximas décadas: nenhuma força política que aspire à vitória ousará escolhê-lo como líder novamente. Luís Montenegro, ao escolher uma figura mediática sem substância real, subestima a inteligência e as expectativas dos eleitores.
Como Nicolau Maquiavel já advertia, a eficácia de um líder político não está na perfeição da sua imagem, mas na sua capacidade de inspirar e liderar com autenticidade e visão.
Bugalho falha em ambas as frentes, deixando claro que Montenegro fez uma escolha desastrosa que poderá custar caro à AD por muitos anos.
E, por falar sobre a AD, mais uma vez se devem ter esquecido de convidar Gonçalo da Câmara Pereira, “mas sem stress. Não há problema.”
Jorge Miguel Neves