Com as redes sociais a ganharem força entre toda a comunidade portuguesa a infeção das mesmas na esfera política começa a fazer-se sentir em Portugal. Com o desenvolvimento dos algoritmos, as aplicações das redes sociais tendem a mostrar cada vez mais o mesmo tipo de conteúdo, o conteúdo que se sabe que a pessoa vai gostar de ver. Mas como comer tudo o que gostamos tem efeitos prejudiciais ao nosso corpo, consumir apenas conteúdo que gostamos vai ter efeitos prejudiciais à nossa mente.
Surge assim a teoria das bolhas informativas, onde uma pessoa com uma inclinação política de esquerda será exposta a conteúdos de esquerda e contrários à direita, e vice-versa. Esta polarização das opiniões ocorre sem que as pessoas reflitam verdadeiramente sobre os assuntos, uma vez que não são expostas a perspetivas divergentes.
Este fenómeno também contribui para o aumento do ódio gratuito. A interação através de ecrãs de telemóvel dificulta a criação de empatia, facilitando assim o surgimento de discursos de ódio. Observa-se facilmente a tendência da extrema esquerda em rotular qualquer pessoa de direita como “fascista” ou “racista”, e da extrema direita em chamar “comuna” a qualquer opinião de esquerda, falácia Ad Hominem, onde quando não temos bases fortes na nossa argumentação, a ofensa torna-se argumento.
Apesar destes desafios, somos seres racionais capazes de contorná-los. O diálogo, a tolerância, a busca pela verdade e a ética na argumentação tornam-se fundamentais nos dias de hoje. As opiniões não são imutáveis, devemos estar abertos a evoluir quando confrontados com novos factos e perspetivas. Além disso, é crucial que as opiniões sejam fundamentadas em premissas sólidas e lógica coerente. Muitas publicações extremistas de direita e esquerda baseiam-se em factos distorcidos e carecem de uma lógica consistente, tornando-se assim argumentos falaciosos.
Em conclusão, cada um de nós, individualmente, é responsável por refletir sobre o conteúdo que consome, estando sempre aberto a diferentes opiniões. A solução correta para cada problema em específico pode estar em todos os espectros políticos, e devemos procurar a melhor solução baseada em factos e lógica, não permitindo que as redes sociais polarizem a política nacional.
João Emanuel
