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Em Felgueiras não foi diferente

Tal como a generalidade das sondagens sempre o previram, a Aliança Democrática venceu as eleições legislativas, obtendo 29,5% dos votos, e de algum modo, a mesma percentagem conseguida pelo PSD e CDS juntos no  ano de 2022.

Por conseguinte, não foi esta coligação a perder votos para o CHEGA, mas foi este partido quem muito cresceu à custa de outros, nomeadamente do Partido Socialista que, de 2022 até 2024 desceu de 41,7%  para 28,7%, perdendo  mais de 486 mil eleitores.

Ora, sendo certo que o CHEGA subiu mais de 600 mil votos, passando de 7,2% em 2022 para 18,1% em 2024, resulta suficientemente claro que esse partido cresceu sobretudo à custa do PS, ainda que tal transferência de votos não tenha acontecido de forma sempre directa, na medida em que a CDU também perdeu mais de 30 mil votos e estes possam ter sido transferidos para o PS num quadro de voto útil.

Não sendo relevante o pequeno acréscimo de votos na Iniciativa Liberal – apenas duas décimas -, nem do Bloco de Esquerda – mais 33 mil votos e igual percentagem de 4,5% com relação ao ano de 2022 -, importa sobretudo assinalar o crescimento exponencial do CHEGA e do LIVRE, este último também um justo vencedor desta contenda eleitoral.

Porém, em Felgueiras não foi diferente!

Também aqui, a AD ganhou as eleições, com 31,61% dos votos, apesar da pequena descida registada com relação a 2022 – 35,24% (votos do PSD e do CDS) obtidos nesse ano.

E sendo um facto que o PS desceu de 47,12% para 30,57%, perdendo assim 16% da sua anterior percentagem, correspondente a mais de cinco mil votos e que o CHEGA cresceu o seu score eleitoral de 1.606 para 6.942 votos, subindo mais de 5.300 votos, resulta com igual clareza que, tal como no país, também em Felgueiras o CHEGA cresceu à custa do PS, e daí, o pertinente e vincado pedido de desculpa apresentado por António Costa aos portugueses, óbvia e consequentemente devido aos inúmeros casos e à desastrosa política das  ditas “almofadas financeiras” e das “contas certas” executada pelo seu governo de maioria absoluta.

E tal como aconteceu no país, não se podendo classificar de bons os resultados obtidos pela IL, PAN e Bloco de Esquerda no concelho, deverão salientar-se os excelentes resultados registados pelo LIVRE – no concelho e no país -, em contraponto com aqueles que, em sucessivos crescendos negativos foram alcançados pela CDU – aliás, um resultado deplorável que importa sublinhar.

Todavia, será muito importante não deixar de ter em conta, que o resultado do CHEGA não representa o fim do nosso mundo político tal como o temos conhecido, na medida em que provavelmente não servirá para intervir ou interferir na formação do Governo que sairá destas eleições e o qual de si, por certo não dependerá.

Por conseguinte, saibamos assimilar que o seu crescimento apenas se deveu à frustração de muitos portugueses, que zangados com o PS, resolveram protestar convictamente, transferindo os seus votos para um partido político que na actualidade, por certo, não terá qualquer futuro governativo.

Acreditando desde antes que o CHEGA não contará para a mais próxima solução de governo do nosso país, saibamos continuar a confiar na vitalidade da nossa democracia para começar a secar o seu crescimento, com melhores governos e com a execução de melhores políticas para resolver os imensos problemas que afligem os portuguesas, no imediato e provavelmente com a AD, mas logo, logo e porventura um pouco mais à frente, novamente com a revitalização de um projecto consistente por parte das Esquerdas.

José Quintela

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