Não sou político, até porque não exerço funções políticas nem tão pouco sou pago para tal. Em regime de voluntariado, juntamente com outros membros, represento a Iniciativa Liberal, principalmente no nosso território, o concelho de Felgueiras.
No entanto, se um dia vier a ser político é meu desejo encontrar um ambiente mais favorável, e não um em constante estado de emergência político.
Aprendemos nos últimos anos a desvalorizar a classe política, escolhendo não ir votar, e quando votamos escolhemos quem nos corrompe, quem nos últimos 20 anos nos atirou para a cauda da Europa.
Hoje é sabido que um em cada três jovens vivem fora do país, talvez por estarem cansados de alimentar fantasias de pessoas com crises de meia-idade, pessoas com um ego maior que o país, e que não são capazes de pensar proactivamente no futuro dos próprios filhos ou netos.
Hoje aplaudimos o político que “rouba, mas faz”, aplaudimos o político de barbas com tiques estalinistas que iludem o povo, no entanto o carisma (crime) compensa.
Aplaudimos o político que “diz as verdades” e é antissistema, mas que não apresenta medidas efetivas que resolvam os problemas do país.
Aplaudimos o “jotinha” que não tem experiência profissional de trabalho, e que discursa como se já tivesse na meia-idade, no entanto é sexy e é o orgulho dos “padrinhos”.
Gracejamos com o jornalismo sensacionalista, que fazem das frases descontextualizadas dos políticos, soundbites estrondosos que só servem para alimentar a utopia em que a oposição vive.
Dizemos sim a humoristas “estandartes” da democracia, que fazem da política um território de batalha naval na medida que só convidam quem a sua audiência permite. Jornalistas, humoristas, comentadores e mais uns quantos não têm culpa, são parte dela, porque todos gostamos de “sangue”.
No ano em que a nossa democracia faz 50 anos, chegamos à conclusão de que a carreira política já não é mais atrativa, pelo menos para aquele tipo de pessoas que se identificam com os políticos que até à viragem do milénio fizeram da democracia uma garantia de crescimento para o nosso país.
A corrupção instalada na cultura política, o risco mediático e de imagem altíssimo, e a baixa atratividade salarial vieram fazer da classe política um ninho de oportunistas. Tudo isto são factos que pesam na liberdade de ação de cada um.
Já estou na vida política há quase 6 anos, 4 dos quais foram dedicados à construção de uma alternativa liberal em Felgueiras e no país. Desta curta experiência, este é o meu diagnóstico.
Em defesa da classe política, é urgente voltar a atrair pessoas com espírito de missão, desinteressadas, genuinamente combativas, que alterem o rumo dos acontecimentos.
É crucial que os eleitores voltem a acreditar nos políticos e na política, e que criem um ambiente favorável para que as soluções surjam com as pessoas certas.