Tão surpreendente como uma revolução silenciosa, o Partido Socialista autoproclama-se como a entidade suprema, transcendendo o simples rótulo de partido político.
O PS não é apenas uma opção, é o Estado personificado, uma espécie de entidade omnipresente que tece os seus tentáculos por todos os cantos.
É fascinante observar o PS no seu espetáculo político de metamorfoses, onde é governo e oposição simultaneamente. Uma verdadeira proeza de equilibrismo político. O partido, que se orgulha de ter todos os géneros, mostra-se versátil até mesmo na ausência de género, porque, afinal, quem precisa de rótulos quando se é do PS?
Nesta dança política, as mudanças são apenas ilusões sonoras, pois as caras de Guterres, Sócrates e Costa misturam-se numa dança perpétua de repetição. É um espetáculo digno de um cirurgião plástico político, constantemente em obras estéticas, usando “botox” e “regabofe” como os seus melhores aliados.
Pedro Nuno, a mais recente contratação da equipa socialista, destaca-se como uma joia da coroa após quase oito anos de experiência no governo. A juventude experiente, cujo passe foi caro para os portugueses (um agradecimento especial à TAP), surge como uma renovação de inverno.
Se esta jogada de “marketing” cor-de-rosa for bem-sucedida, só podemos aplaudir a audácia de vender um usado como novo, promovendo a “banha da cobra” política. Oh, a paciência que precisamos para acreditar nesse admirável mundo novo liderado pelo PS, que, por coincidência, oito anos depois continua a atribuir a culpa dos seus falhanços a Passos Coelho.
Em resumo, o PS é mais do que um partido político; é um espetáculo caleidoscópico de contradições, onde a única constante é a garantia de que tudo está sob controlo, desde que seja o controlo do PS.
Uma obra-prima do teatro político, onde a ilusão de mudança é apenas mais um ato de uma contínua cirurgia plástica política.
Jorge Miguel Neves
