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O novo vencedor

Portugal é um país que tem mais de 1,7 milhões de Reformados da Segurança Social a receberam pensões abaixo do Salário Mínimo Nacional, e alguns milhares desses, abaixo dos valores do limiar da pobreza.

Por isso, se não fosse apenas uma mera promessa, massobretudo, um ideal de afirmação política, a verdade é que, pela primeira vez na história da nossa democracia, o PSD, ao contrário de suprimir o valor das reformas como já o fez, apresenta-se agora apostado em  acabar com as pensões de miséria existentes.

Colocar, no decurso próximo ano, todos os reformados a auferirem € 820,00 mensais, quer pela actualizaçãodos valores das pensões, quer pela soma dos acréscimos também actualizados e indexados ao nível do Complemento Social para os Idosos, com a finalidade de se atingir aquele desiderato, seria ouro sobre azul, ou tão só um milagre sem qualquer intervenção santifica a dar uma vida mais cor de rosa a todos quantos se encontram abaixo desse valorincluindo os 139 mil beneficiários do Complemento Social para Idosos.

Sendo muito grande o número daqueles que se encontram a receber pensões ou subsídios de valor muito abaixo do montante enunciado pelo PSD, passar num pequeno espaço de tempo desse número para 1,7 milhões de reformados com pensões de valor condigno, seria um acontecimento notável, que por certo não irá acontecer, e ademais, por qualquer vontade ou decisão política de um governo liderado pelo PSD.

Quarenta e nove anos depois do 25 de Abril, o que mais temos visto tem sido encher os programas eleitorais com promessas, as quais depois ficam quase todas por cumprir, ou porque não são viáveis, ou porque não as querem executar, apenas, porque as conjunturas – dizem sempre o mesmo -, ainda não aconselham nem permitem o seu cumprimento.

Tem sido sempre assim! Por isso o descrédito dos eleitores pelos principais partidos políticos que têm passado pelos governos e, também por isso, o desapontamento dos portugueses quanto à execução das promessas antigas e às que agora, em forma recauchutadas também já se vão fazendo.

Sabendo-se que, de um modo geral,  quando votam os eleitores já não querem saber de promessas, mas, sobretudo, dos perfis e dos sinais de confiança que cada um dos candidatos a Primeiro-Ministro lhes proporciona, será de esperar que Luís Montenegro jamais terá sucesso pelas promessas que tem feito ou poderá vir a fazer e que do lado do PS, aquele que ganhar o partido, por mais encantatório que seja o seu perfil e o seu discurso, jamais chegará a primeiro-ministro, sendo que o outro candidato, por se encontrar mais enquadrado com o perfil social do país, teria de facto mais possibilidades para ganhar o governo, uma realidade que por certo também não acontecerá, por dever ser Pedro Nuno a ganhar o partido, e o qual, parecendo mais iluminado e mais encantatório, é o que menos condições reúne para ganhar as eleições em disputa com o actual líder do PSD. 

Se eu fosse militante do PS, neste momento político, aceitando melhor a sensibilidade de Pedro Nuno Santos – mais à esquerda – votaria em José Luís Carneiro para Secretário-Geral do Partido, por estar convicto de que este, numa disputa com Luís Montenegro, teria mais condições para ganhar a contenda eleitoral.

E como sou um pragmático, tal como em 1986 quando tive que fechar os olhos para escolher o melhor para o país, votando e convencendo muitos eleitores comunistas para votarem em Mário Soares para Presidente da República, também hoje, por igual pragmatismo, escolheria Carneiro para liderar o PS, no pressuposto e por me encontrar convicto de que o mais importante é ganhar o governo do país, e que no quadro dessa disputa, Carneiro certamente ganharia a Montenegro.

No entretanto, sendo mais certo que será Pedro Nuno Santos a ganhar o Partido, mas que este jamais ganhará as eleições, teremos que contar com um governo frágil e pouco duradouro de Luís Montenegro, e mais à frente, havendo já muitos sinais de que Pedro Nuno não terá nem gosto nem paciência para o lugar de líder da oposição, mais cedo do que tarde iremos ter novas lutas pela liderança do PS, contando-se desde já com o grande vencedor desta engrenagem, ou seja, o quase sempre presente  Francisco Assis, exactamente aquele que sem nunca deixar de olhar para o futuro, soube neste  tempo certo dar o seu “abraço de urso”  ao mais desejado no plano partidário, sem conseguirem, contudo, ver que a governação do país não estará ao alcance de um qualquer promissor derrotado.

José Quintela

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