Hábitos alimentares saudáveis e prática de exercício físico regular são os “segredos” para uma vida mais equilibrada.
Desde muito cedo que é incutida a ideia de manter hábitos saudáveis, fazer desporto e manter um estilo de vida equilibrado. Mas como é que estas ideias são colocadas na prática?
A enfermeira, Iola Ferronha, a professora de educação física, Andreia Carvalho e o personal trainer(PT), Hugo Teixeira estiveram a conversar com o SF Jornal sobre o tema.
Em todo o país, assiste-se a uma elevada carga de doenças crónicas relacionadas com o estilo de vida. Segundo a enfermeira Iola Ferronha, os felgueirenses acompanham as tendências nacionais. “Mais de 50% da população adulta portuguesa tem excesso de peso e a prevalência de hipertensão e diabetes atinge 36% e 10%, respetivamente”, afirma.
As crianças acompanham a mesma tendência e cada vez adotam menos hábitos saudáveis. Segundo citado pela enfermeira, a obesidade infantil tem sido uma das principais preocupações da Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo mesmo vista como a pandemia global do século 21 pela mesma organização, destacando-se nos maiores desafios a combater.
Para um estilo de vida saudável são vários os fatores que entram em equação, sendo a alimentação, a ingestão de água e o exercício físico os principais.
Os jogos online e as redes sociais retiram a motivação para se mexerem e ocupam demasiado o tempo livre”, Andreia Carvalho
A professora Andreia Carvalho admite que “infelizmente constatamos que muitas crianças e jovens trocaram o exercício físico pelas tecnologias”. Enquanto docente de educação física, vê-se confrontada com a falta de prática desportiva. “Sei que para alguns as aulas de Educação Física são os únicos momentos de exercício físico semanal e, por isso, tento ao máximo rentabilizar o tempo útil da aula porque, pelo menos, nesse tempo os alunos estão ativos”, afirma.
Iola Ferronha refere que “segundo dados do Chilhood Obseity Surveillance Initiative (COSI), a percentagem de crianças dos seis aos oito anos com excesso de peso e obesidade aumentou para 31,9% e 13,5%, respetivamente, em 2022, invertendo a tendência registada nos últimos anos. A pandemia Covid-19 contribuiu para aumento do sedentarismo”.
Acrescenta ainda que a tendência é que, ao longo da vida, piore. “Se temos crianças com um estilo de vida pouco saudável há uma maior probabilidade de este padrão se perpetuar em adulto e como consequência o risco de doença na idade adulta cresce exponencialmente”, completa.
Segundo Andreia Carvalho, “o problema começa na percentagem de crianças que já não brinca ao ar livre, facto que se tem vindo a agravar ao longo dos tempos”. Acrescenta que a responsabilidade é dos educadores e das famílias de “tentar inverter essa situação incentivando-as a fazê-lo desde cedo e a diminuir o peso do tempo que dedicam aos ecrãs no seu dia a dia”.
O tempo dos jovens é agora ocupado, maioritariamente, por tecnologia. “Os jogos online e as redes sociais retiram a motivação para se mexerem e ocupam demasiado o tempo livre”, afirma a professora, que entende que esse tempo deveria ser despendido na prática de exercício físico.
Nós queremos literalmente mudar vidas, o estilo, a rotina e dar a entender os grandes benefícios da atividade física como prática diária”, afirma Hugo Teixeira
Hugo Teixeira completa dizendo que “desenvolver alguma forma de atividade física é uma necessidade básica para o bem-estar físico e mental do ser humano e é essencial no combate ao sedentarismo e aos seus efeitos nocivos”.
A adoção de práticas saudáveis contribui para prevenir doenças. “Atividade física aliada a uma alimentação saudável são boas para o coração, o corpo e a mente”, afirma a enfermeira Iola Ferronha, destacando também o aumento da esperança de vida e da melhoria da qualidade de vida.
A professora de educação física acrescenta que “a prática regular de exercício físico previne várias doenças, desde a obesidade, as doenças cardiovasculares e também doenças do foro mental”, e que melhora várias funções do cérebro, o raciocínio e a concentração, além da ansiedade. Nas crianças, em específico contribui “para o desenvolvimento motor das crianças tornando-as mais resistentes a nível ósseo, muscular e articular. Uma criança que pratique um desporto também se torna mais feliz, confiante e sociável”.
Hugo Teixeira quer, com o seu trabalho, na Elite Private Studio, mudar este fenómeno. “Nós queremos literalmente mudar vidas, o estilo, a rotina e dar a entender os grandes benefícios da atividade física como prática diária”, afirma. “Falar de hábitos saudáveis é ter em conta dois conceitos importantes: hábitos e saúde, ainda que ter uma boa saúde não seja apenas ostentar um corpo são e livre de doenças”, defende o PT.
Iola Ferronha entende que os pais devem incentivar hábitos saudáveis nas crianças pelo exemplo e cita o ditado “Filho de peixe, peixinho é”. Sugere que fomentem “mais atividades outdoor na natureza como caminhar, passear, promovendo um menor tempo de exposição aos ecrãs e um aumento da atividade física e a adoção de uma alimentação saudável baseada na nossa alimentação mediterrânea com incremento do consumo de hortícolas e fruta e o regresso da sopa às mesas”.
A enfermeira recorre ainda ao estudo Global Burden of Disease Study de 2019 para explicar a ideia de que se deve priorizar uma alimentação saudável. “Os hábitos alimentares pouco saudáveis foram o quinto fator de risco (7,3%) que contribui para os anos de vida ajustados por incapacidade na população portuguesa. Estudos mais recentes mostram uma tendência decrescente na adesão à dieta mediterrânica na população portuguesa, com a adoção de alimentos processados de estilo ocidental ricos em sal, açúcar e gordura.”, afirma. Ainda destaca a “prática de exercício físico regular” e defende “zero tabagismo!”.
Hugo Teixeira entende prioritário o combate ao sedentarismo, além de “evitar o consumo de bebidas alcoólicas, o tabaco e o consumo de qualquer tipo de drogas, privilegiar uma boa higiene do sono, manter a sua higiene pessoal, evitar o stress, fazer coisas que lhe dão prazer e procurar o lado positivo da vida”, completa.
Incentivar as crianças à prática desportiva não tem de ser algo dispendioso. “Se não conseguimos que os nossos filhos pratiquem desportos pagos, o importante é que toda a atividade física conta. Andar de bicicleta, de skate, jogar futebol com os amigos, jogos tradicionais como o “esconda mocho” e outros que promovam a atividade física e a interação entre pares são alguns exemplos”, declara Iola Ferronha. “O importante é que se devem repensar as escolhas diárias e focar no mais importante, construindo um futuro melhor desde já. E a melhor maneira de prever o futuro é construí-lo!”, conclui.
