Flávia Faria é natural de Torrados, tem 33 anos, estudou Modelação de Calçado no Centro de Formação Profissional da Indústria do Calçado (CFPIC) em Felgueiras, e atualmente leva até ao seu cliente o conforto no seu andar.
Permitiu-se voar, sem pedir permissão! No voo das suas asas, encontrou para além de uma oportunidade de trabalho, uma paixão. Aos seus 14 anos entrou no mundo da estética, tendo permanecido no ramo por dezasseis anos, posteriormente juntou-se ao seu marido e juntos realizaram um sonho, a criação da Taccofel, uma fábrica de solas. Juntos enfrentaram os novos desafios do mundo do calçado, tendo assim encarado a pandemia da Covid-19 como uma oportunidade para inovar, criando a Dango Shoes, uma marca de chinelos elegantes, femininos e acima de tudo confortáveis.
A felgueirense conversou com o SF jornal, trazendo a sua história de vida para mais uma rúbrica sobre as nossas gentes.
Tendo começado a sua vida profissional na área da estética. Como é que surgiu a ideia de criar a Dango Shoes?
A Dango surgiu de uma necessidade da pandemia. Numa altura em que a falta de trabalho foi muito grande, não quisemos de maneira alguma, despedir os nossos funcionários da Taccofel, optando assim por em 2020 vender máscaras cirúrgicas de forma a não causar o despedimento de nenhum dos nossos funcionários.
Em 2021 nasce a Dango Shoes, uma ideia do meu marido Daniel que queria fazer chinelos. Inicialmente temi este novo passo que estávamos a dar, porque fazer calçado não é como fazer uma sola, são necessários muitos mais processos e são utilizados muitos mais componentes, mas nada é impossível, arregaçamos as mangas e então criamos a nossa própria marca.
Enquanto mulher e estando envolvida na indústria do calçado, sentes alguma dificuldade em te fazeres ouvir?
Não é fácil! Uma mulher no mundo do calçado, tem de ser muito assertiva e muito firme, à mínima falha caem sobre ti e tentam te calcar, simplesmente porque és mulher.
E quanto às dificuldades que encontras diariamente neste ramo, quais são? E como é que as superas?
Neste momento a falta de trabalho é tanta, a deslealdade, a competição e a falta de responsabilidade, que acabam por se tornar dificuldades. Quanto à forma como resolvemos as dificuldades que vão surgindo, essencialmente focando-nos na sua resolução, ao invés de nos focarmos no problema.
De que forma é que o chinelo Dango se diferencia dos já existentes no mercado?
Primeiramente, acredito que seja pelo conforto, dado que as nossas solas prometem isso mesmo. Além disso, fazemos chinelos personalizados à medida de cada pé, porque nem todos os pés são iguais e também porque o cliente pode ter um joanete ou outra característica, no entanto acredito que se diferenciam também por serem elegantes.
Por fim, em que medida é que este projeto te acrescenta?
Tudo o que está relacionado com pessoas acrescenta-me muito. Depois pelo facto de ter a capacidade de conseguir arranjar um chinelo elegante para uma cliente que tenha um pé grande, por exemplo, vendo o brilho do seu olhar, para mim é muito gratificante.
Além disso, olhar para um chinelo que fomos nós que fizemos, tendo todo o processo passado pelas nossas mãos, é muito compensador.
Rui Morais