Por trás de uma fachada aparentemente moderna, construída sobre meia dúzia de pedaços de berma de estrada pintados de cor-de-rosa – que fingem ser ciclovias -, o nosso concelho esconde uma realidade de atraso profundo no que diz respeito à mobilidade.
É crucial abandonarmos a nossa mentalidade individualista, centrada no nosso “carrinho” que nos leva para qualquer lado, a qualquer hora. A mobilidade do futuro vai além disso: é um compromisso entre a resposta às necessidades da população, a sustentabilidade ambiental e o acesso universal. Temos a mobilidade suave (andar a pé, de bicicleta ou de trotinete elétrica), a mobilidade partilhada (táxis, Uber, etc.) e, claro, o transporte público. Apesar de o transporte individual parecer a solução perfeita, será que não podemos trocar o carro pelo autocarro? Idealmente sim. Contudo, será viável quando uma viagem de autocarro Lixa-Porto demora 2h20 ao invés dos 40 minutos de carro? O transporte público não só falha nos tempos de viagem, como é também ineficaz na sua frequência, pontualidade e cobertura do território. Por outro lado, a verdade é que o concelho não está preparado para a mobilidade suave, seja pelos seus declives naturais ou por questões humanamente transponíveis, como um melhor planeamento de passeios e ciclovias. Com isto, agravam-se as desigualdades socioeconómicas por falta de acesso igualitário a serviços e oportunidades, as pessoas afastam-se porque deixa de ser vantajoso viver e/ou trabalhar cá e torna-se até complexo visitar o concelho.
O que pode a Câmara fazer?
· Lobby para garantir que o comboio Porto-Felgueiras do Plano Nacional Ferroviário encontra financiamento e se torna uma realidade;
· Promover o diálogo com as empresas para criarem soluções de transporte sustentáveis.
· Reestruturar as rotas de autocarros para que sejam mais eficientes;
· Disponibilizar informação acessível, e em tempo real, sobre os transportes existentes. Está na hora de tornar Felgueiras mais acessível, conectada e eficiente!
João Paulo Sousa
