Emblemáticas, elegantes e coloridas: na possibilidade de resumir como foi a noite das marchas de São Pedro na Zona Desportiva de Felgueiras, no dia 1 de julho, estas seriam as palavras ideais.
Foi possível sentir o amor e dedicação de cada marchante. O público fez-se presente e participou da folia.
O SF foi conhecer um pouco mais dos 8 grupos que deram o seu melhor e proporcionaram um verdadeiro espetáculo.
A primeira a abrir as alas foi a Irmandade da Santa Casa da Misericórdia Unhão. O tema foi “Somos as Flores”. O externato marchou representado pela pré-escolar e o primeiro ciclo do ensino básico. As roupas estavam na cor verde e o arco foi ornamentado com flores de todas as cores, com o intuito de formar um jardim. O grupo foi composto por 46 marchantes e 10 cantores.
Nas palavras da madrinha Sónia Sampaio: “Há vontade, há empenho, há pessoas maravilhosas, prontas a aprender. Então a magia acontece. {As marchas} transmitem amor, magia e alegria. Como as nossas crianças transmitem todos os dias: amor”.
Seguiu-se a Associação de Pais do Externato do Unhão com o tema “A Beleza das Flores”.
“Houve muito esforço de todos os pais e professores. Felizmente fantástico”, volta a referir Sónia Sampaio. A escolha foi inspirada nas tradições e cultura do concelho de Felgueiras. A letra e arranho foram baseadas no Cortejo das Flores, e para manter viva a tradição festiva de São Pedro. Os trajes tinham a intenção de serem bem coloridos e marcados por um padrão floral e a diversidade. Os arcos foram ornamentados com flores coloridas. A letra das músicas das duas marchas foi inédita e da autoria de Cláudia Monteiro, interpretada por 20 cantores e dois músicos.
“Vem cantar e dançar/Vejam como esta flor é bela/Ela brilha, ela encanta com alma e coração” (parte do refrão da marcha interpretada pela Associação de Pais do Externato do Unhão).
A estreante foi a Junta de Freguesia de Aião que mostrou ao que veio e deu o seu melhor. “É a primeira vez que Aião vem cá a São Pedro. É um orgulho enorme estarmos presentes. Aião é uma das freguesias mais pequenas do concelho. Somos pequenos, mas estamos aqui para dar o nosso melhor e mostrar que nossas tradições ainda se mantém”, declarou a madrinha Georgina Ferreira. “Apaixonados em noites de São Pedro” foi o tema, cuja parte do refrão seguiu desta maneira: “Dançamos com alegria/cantamos de noite e de dia/cantar não é segredo/o padroeiro é o amor/a dar vida e muita cor/nesta noite de São Pedro”. Os trajes foram montados em tecido amarelo, vermelho e azul para as mulheres. Os homens possuíam 6 corações individuais cada e carregavam um maior em grupo. O vermelho representou a paixão pelas marchas.
As marchas chegaram a metade com a apresentação da Fábrica da Igreja Paroquial da Freguesia de Moure, cujos padrinhos foram Ana Belga e Carlos. O tema foi “O amor” e possuía uma coreografia alegre e não deixou esquecer o padroeiro da freguesia: Divino Salvador. Uma das intenções da marcha era passar a mensagem de que, apesar de um mundo conflituoso e em crise, é preciso lembrar do amor. O corpo foi composto por adultos, jovens e crianças. Os trajes azuis e a letra de autoria de Olga Magalhães deram o tom: “Na cidade de São Pedro para ti cantamos/És o nosso padroeiro”. Os arranjos foram compostos por Luis Carlos, com coreografia de Teresa Cunha e Simão Cunha.
Já com o céu escuro, a Associação CRCD Varziela 1982 foi apresentar seu espetáculo. Nas palavras dos padrinhos Joaquim Sousa e Martinha Cunha, a felicidade em representar a freguesia era evidente. Os trajes eram na cor rosa, dourado, branco e verde, para senhoras e meninas. O preto, branco e verde ficou para os senhores e meninos. Os arcos floridos e coloridos deram o brilho do espetáculo, que se fez com 20 adultos e 10 crianças, e muitos instrumentos.
“Vem Varziela, toda cheia de talento, nesta noite de folia” (parte do refrão da marcha interpretada pela Associação CRCD Varziela 1982).
O Agrupamento de Escolas de Idães entrou logo na sequência, com os padrinhos Pedro Faria e Francisca Moura. Pedro declarou que todos ensaiaram com muita alegria. O tema escolhido foi “A minha terra”. Os trajes masculinos foram compostos por calça preta e camisa branca, completadas por uma faixa na cor vermelha, representando a paixão e a entrega diária no trabalho. As mulheres possuíam blusa vermelha e saia verde, com flores verdes e vermelhas, e desfilaram com 50 arcos de bengala vermelhos, e dois arcos completavam o cenário, também na cor vermelha. A letra do tema foi de Isabel Teixeira, com arranjos de Raul Portela, Jaime Silva e Raul Ferrão.
A penúltima a marchar foi a Associação de Pais e Encarregados de Educação do Centro de Escolas de Várzea, representada pelos padrinhos Manuel Silva e Helena Pinto.A madrinha deixou claro o que a escola gostava de representar: “Várzea é muito bairrista. É uma referência em termos de bairrismo. E os pais querem passar esses exemplos para os filhos. Daí nós trazemos a marcha em família. Queremos também homenagear os professores e educadores de Várzea”. Após esta fala, o tema revelado não poderia ser nada mais, nada menos, que “Os sonhos da nossa escola”. O desfile foi marcado pelos movimentos e trajes vistosos. Foram 60 elementos. A letra foi composta pela comissão organizadora e melodia de Luis Carlos Bolhão. Parte do refrão: “Felgueiras canta de voz aberta/E Várzea marcha de braço dado”.
Para encerrar a noite com chave de ouro, a Associação para o Desenvolvimento e Progresso de Várzea entrou com o tema “Noites de S. Pedro”, com melodia de Luis Carlos Bolhão. Os padrinhos Pedro Oliveira e Sara Cunha disseram: “Estamos sempre a apoiar essa marcha linda de São Jorge de Várzea. Espero que o público tente aderir e bata muitas palmas quando a marcha de São Jorge entrar no terreno”. O objetivo de garantir uma noite bem passada e homenagear o padroeiro foi alcançado. Os trajes laranja, amarelo, vermelho e dourado, representaram as chamas das fogueiras das festas populares.
A noite terminou com as palavras de José da Silva Campos, presidente da Assembleia Municipal de Felgueiras: “Todos os grupos merecem os nossos parabéns”.
O SF conseguiu contactar os representantes das marchas que nos deram mais informações sobre a sua participação. Apenas Moure não o fez até à conclusão da peça.
Margarida Almeida, uma das responsáveis pelas marchas de Várzea, fez um resumo das atuações de ambas: “Nas duas marchas de Várzea estiveram envolvidas 150 pessoas que durante 3 meses dedicaram o tempo livre na preparação do espetáculo. As roupas foram alugadas a uma associação fora do concelho. A música foi da autoria de Luís Carlos Bulhão com base na marcha de Alfama. Sentimos um enorme orgulho em representar a nossa freguesia com um espetáculo com muita dignidade. Para o próximo ano continuaremos a dar o nosso melhor”, finalizou.
Quantas pessoas estiveram envolvidas na marcha?
Alda Faria (responsável pelas marchas do Unhão): Na Marcha da Associação de Pais “APEMU” participaram 60 marchantes, 10 cantores e 10 músicos, mas a preparação de figurinos e adereços, nomeadamente, os arcos, foi realizada por toda a equipa do Externato.
Relativamente à marcha infantil, a mesma foi composta por 46 marchantes, com idades compreendidas entre os 3 e os 10 anos de idade, por 6 cantoras e 10 músicos.
José Ricardo (responsável pelas marchas de Varziela): 70 elementos.
Pedro Martins (responsável pela marcha de Aião): A marcha toda entre aguadeiros, porta bandeiras, músicos, vozes e marchantes somos um total de 52 elementos.
Luis Peixoto Pereira (responsável pela marcha de Idães): De toda a Comunidade Educativa, alunos, professores, assistentes e Encarregados de Educação: 62 pessoas envolvidas.
Quanto tempo de dedicação?
Alda: No que se refere aos ensaios, estes iniciaram no início do mês de junho. A marcha infantil ensaiava ao final da tarde, três vezes por semana. O ensaio da marcha dos adultos era realizado à noite, duas a três vezes por semana. No entanto, os figurinos e os arcos começaram a ser confeccionados durante o mês abril, tendo exigida largas horas de trabalho.
José Ricardo: 2 meses.
Pedro Martins: Foram 2 meses de ensaios e de muita dedicação, pois todos os adereços da marcha foram feitos por nós marchantes. Muitas noites e fins de semana de dedicação.
Luis P. Pereira: Há o tempo antes, com muita preocupação das assistentes, a Fátima Teixeira e companhia que todos os anos desafiam a comunidade a participar. Para confeccionar as roupas no corte e costura: uma professora e várias assistentes operacionais, durante 5 dias. Depois, dois ensaios gerais, com a contribuição de tanta gente amiga, os cantores, os músicos e o nosso Maestro, o Fernando.
Quais os autores da roupa, da música?
Alda Faria: Os figurinos de ambas as marchas foram idealizados e confeccionados pelas colaboradoras da Instituição e foram inspirados nas flores que caracterizam estas festividades, refletindo uma das mais belas tradições da nossa cidade, o Cortejo das Flores. A letra é da autoria da Cláudia Monteiro, professora desta Instituição, e a música e o arranjo musical foram adaptados pelo professor Eurico Alves, que dirigiu o grupo de músicos.
José Ricardo: Roupa escolhida pela coreógrafa Célia Teixeira. Música da autoria da Paula. Duas varzielenses de raiz.
Pedro Martins: A roupa foi alugada já há um ano e a música foi adaptada por mim.
Luis P. Pereira: Autores da roupa: grupo de assistentes da escola. Autores da letra, Isabel Teixeira. Música adaptação da “Aldeia da roupa branca”.
O que sentiram durante a marcha e as expectativas para o próximo ano?
Alda Faria: A marcha foi vivida com entusiasmo e orgulho, desde os mais novos até aos mais crescidos, pesando a responsabilidade de representar esta tão nobre Instituição. No próximo ano, esperamos voltar a ter a mesma receptividade por parte dos pais e dos nossos alunos, para continuar a apresentar duas marchas com o mesmo esplendor e brilho.
José Ricardo: Uma alegria enorme em representar a nossa terra. No próximo ano melhorar ainda mais.
Pedro Martins: Sentimos um bairrismo em fazê-lo pela nossa freguesia, uma alegria e camaradagem entre elementos da marcha sem igual.
Luis P. Pereira: Todo o grupo de marchantes e músicos, a quem agradecemos a disponibilidade e dedicação, estava animado sentindo-se muito bem acolhidos por toda a assistência e envolvência. Há um respeito muito grande e gratidão do público que aprecia este tipo de evento. O Agrupamento de Escolas de Idães tem participado nas Marchas há alguns anos. É já uma tradição! Para o próximo ano voltaremos a estar presentes.
Como correu?
Alda Faria: As marchas decorreram de acordo com o plano traçado, denotando-se uma excelente comunicação e coordenação com a equipa organizadora.
José Ricardo: Bem. Exceto a nossa parte final que terminou de forma indesejada. Mas tirando esse lapso, foi uma noite agradável convidativa à assistência.
Pedro Martins: Correu muitíssimo bem, o feedback depois da atuação foi muito bom. Deram-nos os parabéns na nossa passagem pelo recinto.
No dia seguinte recebemos muitas mensagens de parabéns e a nossa página do Facebook da Marcha em pouco tempo depois de publicar o vídeo da atuação atingiu as 2000 visualizações foi muito bom.
Luis P. Pereira: Correu muito bem. Mais bem organizado este ano, com menos tempo de espera.
Acham o local adequado? Sugerem outro?
Alda Faria: Apesar do local servir para o efeito, o crescente sucesso do evento fomenta a procura de melhorias nas condições para os espetadores, elevando o potencial da iniciativa. Para isso, sugeríamos o Estádio Dr. Machado de Matos, sendo que, essa noite, deveria ser exclusivamente dedicada às marchas, evitando a divisão de oferta.
José Ricardo: Para as marchas é sempre necessário um espaço amplo. Não há muitos espaços na cidade com área de atuação que uma marcha exige. Creio que é aceitável.
Pedro Martins: Acho um bom local, embora se possam fazer melhorias.
Luis P. Pereira: Tendo por referência outro espaço utilizado em anos anteriores, consideramos que o local escolhido é adequado permitindo uma visibilidade maior aos espetadores, bem como aos marchantes para se deslocarem de forma mais livre e organizada nas suas coreografias.
Houve muita gente a assistir? Ou apenas as famílias e amigos próximos dos participantes?
Alda Faria: A percepção que tenho é que efetivamente estava muita gente, não conseguindo precisar se seriam familiares dos participantes. Facto é que o Externato mobilizou muita gente para este evento, entre familiares, alunos, colaboradores e amigos.
José Ricardo: Houve muita gente a assistir. No nosso caso, quando entrou a nossa marcha, sentimos o apoio vindo de fora. É algo que é característico da nossa terra: quando está a ser representada de alguma forma, há sempre apoio dos varzielenses.
Pedro Martins: Houve mesmo muita gente, tinha uma moldura humana à volta de todo o recinto, e o recinto é enorme.
Luis P. Pereira: Do que nos fomos apercebendo houve bastante gente a assistir e apoiar todas as marchas que iam desfilando e participando, amigos, familiares e outros.
Se fosse no centro poderia ter mais gente a assistir, mas não seria uma marcha, seria um desfile. Poderá ainda ter mais gente a assistir, estará também dependente da participação de mais grupos oriundos de mais freguesias.
Foi bem feita a divulgação?
Alda Faria: A divulgação do evento foi feita através dos mais diversos meios e, no que nos diz respeito, contribuímos também para o divulgar através das nossas redes sociais e junto da comunidade educativa.
José Ricardo: Zona Desportiva estava lotada por isso creio que sim.
Pedro Martins: Sim.
Luis P. Pereira: Para quem desejasse participar sim. Atempadamente surgiu o convite para a inscrição. A nível geral, a atividade integra o Cartaz das Festas com o destaque necessário.
O facto de não ser num local central e de existir outra iniciativa (noite branca) não foi prejudicial?
José Ricardo: Não me parece. Até porque houve muita gente a ver as marchas e depois foi para a noite branca. Como disse, a Zona Desportiva estava cheia, por isso acho que nenhum outro evento retirou pessoas dali presentes.
Pedro Martins: Claro que se houvesse condições para o fazer num local central seria melhor e sem mais nenhuma iniciativa melhor ainda. Mas por acaso o que vi em alguns elementos da nossa marcha e de outras foi que no final mudaram de roupa e ainda se foram divertir para a noite branca, por isso acho que não atrapalhou em nada. Até porque as marchas à meia noite terminaram e a noite branca estava a começar acho que preencheram bem a noite assim…
Luis P. Pereira: Não consideramos que o fato de não ser central tenha qualquer influência ou impacto. As pessoas deslocaram-se e assistiram ao longo da formação das marchas e até ao espaço de apresentação.
Apesar de decorrer a noite branca não foi muito notório a interferência com as marchas, aliás vimos pessoas que vinham preparadas para os dois momentos de diversão e convívio. Claro que se fosse exclusivo poderia haver uma maior concentração temporária junto às marchas.
Lucas Neves