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“Felgueiras não se rende e o orgulho não se vende” é o slogan da primeira marcha LGBTQIA+ em Felgueiras

A primeira marcha pelos direitos LGBTQIA+ de Felgueiras ocorre no dia 29 de julho

No dia 29 de julho, as vozes da comunidade LGBTQIA+ de Felgueiras prometem ganhar as ruas. Sob o slogan “Felgueiras não se rende e o orgulho não se vende”, exigindo uma sociedade que os respeite tal como são, sem medo ou discriminação.

O ponto de encontro é às 15h na Praça das Comunidades, em frente à Biblioteca Municipal. 

O Coletivo de Ativistas Felgueiras Fora do Armário, com ajuda de 30 voluntários, está a organizar a 1º Marcha pelos direitos das pessoas LGBTQIA+ da cidade.

Ocorrerá uma oficina dos Cartazes no dia 25 de Julho, às 21h, na Junta de Freguesia de Jugueiros. Lá serão produzidos os cartazes para a marcha e é aberto ao público.

O CAD do Porto (Centro de Aconselhamento e Deteção Precoce VIH/SIDA do Porto), disponibilizará durante a marcha uma unidade móvel. Será realizado o aconselhamento e a aplicação de rastreios de deteção das infeções VIH, Hepatites B e C, e Sífilis (de forma anónima e gratuita), bem como o fornecimento de material preventivo.

A unidade móvel estará em frente ao Jardim da Praça da República no período em que decorre a marcha, e estará disponível a todos que queiram participar nos rastreios. 

Após a marcha e a leitura do manifesto, o bar Love Funk receberá uma festa. A Dj será a Patisol, e haverá atuações da Drag Queen Kristall Queen e do dançarino Nussy. A entrada é gratuita. 

“A marcha não é apenas uma festa. É um manifesto, um ato político de resistência. É uma oportunidade de exigir igualmente, justiça e liberdade para todas as pessoas LGBTI+. Que todos se juntem a nós nesse dia e façam parte desta luta” escreve o coletivo em nota enviada à nossa redação.

O SF conversou com Diogo Martins, um dos responsáveis do coletivo, para obter mais detalhes de como a marcha irá ocorrer.

Como surgiu a ideia da marcha?

A ideia surgiu numa conversa entre amigos no ano passado, na sequência de várias marchas que se realizaram ultimamente no Norte do país, e que culminaram em 2022 com a primeira edição das marchas de Famalicão, Esposende e Vizela. E pela necessidade de mostrar que existimos, que o movimento LGBTQIA+ não acontece só nas grandes cidades, que Felgueiras também tem uma comunidade de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans, intersexo e todas as pessoas que saiam das caixas limitadoras impostas por esta sociedade.

Qual é a importância dela?

Para começar, uma marcha é uma manifestação pública, que consiste em ocupar a rua (espaço público) para reivindicar algo. É uma acção colectiva, é a democracia participativa.

As marchas servem para celebrar o que já se conquistou, recordar os que já morreram a lutar, e conquistar o que ainda falta cumprir. O papel da nossa marcha passa por transmitir uma mensagem e ajudar a construir o movimento social. Passa por conscientizar, mobilizar e despertar o pensamento crítico.

Esta manifestação também existe para defender os direitos humanos das pessoas LGBTQIA+ de Felgueiras, e funciona como um serviço à comunidade do município, na defesa dos seus direitos. Esta não é uma iniciativa para ser tratada como um evento de caráter desportivo ou cultural. Trata-se de uma problemática urgente sobre direitos humanos básicos.

O ambiente de Felgueiras é de preconceito, passividade agressiva e anulação da existência das pessoas LGBTQIA+. Das 58 000 pessoas que existem em Felgueiras, acham mesmo que não existe uma comunidade LGBTQIA+ a precisar do nosso apoio? A precisar, urgentemente, de representatividade e de ver os seus direitos assistidos?

Dia 29 de Julho será um dia histórico para os direitos das pessoas LGBTQIA+ da nossa cidade, e para o início do fim da invisibilidade e anulação da nossa existência que, há muito, perdura e que é inaceitável.

Será uma marcha histórica. Quantas pessoas estão envolvidas e há quantos anos?

O Coletivo de Ativistas Felgueiras Fora do Armário foi criado no dia 16 de Julho de 2022. É composto por 4 jovens ativistas. Eu, José Melo, Ana Pinto e Renata Oliveira.

Para a organização da marcha, estamos a contar com ajuda de cerca de 30 voluntários.

Já presenciaste ou sofreste ataques homofóbicos aqui em Felgueiras?

Como elemento do Coletivo, os relatos que nos chegam, são preocupantes. As vítimas são na maioria jovens que sofreram LGBTfobia em estabelecimentos de ensino.

Não faz sentido estarmos a formar pessoas para a vida e não incluirmos as questões LGBTQIA+ nos currículos. A verdadeira mudança nasce na educação, e as escolas deste concelho não estão a fazer o seu trabalho em educar as nossas crianças e jovens na aceitação e tolerância. Ao invés, estão a perpetuar comportamentos discriminatórios entre os pares, e a gerar um ambiente de insegurança e perigo para a juventude LGBTQIA+.

Não é seguro caminhar pelas ruas de Felgueiras. Não podemos existir livremente no espaço público sem que tenhamos que anular, reduzir e dissimular a nossa verdadeira identidade. 

Somos alvo de comentários violentos e LGBTIfóbicos de pessoas que se sentem no direito de impor a sua opinião inoportuna e impertinente.

Pessoalmente já fui vítima de homofobia em diversas circunstâncias. No meu antigo emprego, em que a minha orientação sexual era motivo de piadas e comentários homofóbicos e machistas. Vinha de uma forma disfarçada, mas acontecia com regularidade. Foi uma das razões que me mudar de emprego na altura.

Após marcha, pretende realizar outras?

Apesar da 1ºMarcha estar marcada para 29 de Julho e ainda não se ter realizado, já temos data para a 2º edição que será em 2024, que será anunciada na leitura do nosso manifesto. Assumimos o compromisso de realizar uma marcha por ano em Felgueiras.

A marcha é algo 100% independente ou há algum suporte? Na possibilidade de realizar outras, quais os apoios que gostariam de receber?

A nossa marcha é independente. Todas as verbas utilizadas para a organização são fruto da venda de artigos que disponibilizamos ou de donativos recebidos. Desde janeiro, que estamos a vender bandeirinhas para a angariação dos fundos necessários.

Para as próximas marchas a comissão organizadora pretende que a marcha continue independente, mas estamos disponíveis para futuros apoios por parte da Câmara Municipal de Felgueiras.

Lucas Neves

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