Até se pode decidir não comemorar a liberdade e o 25 Abril, até se pode condenar os movimentos extremistas, até se pode alertar para o possível regresso a regimes pouco democráticos e no limite ditatoriais, até se pode apregoar a liberdade e repetir frases, até se pode cantar a Grândola Vila Morena Zeca Afonso, até se pode colocar um cravo ao peito, até se pode condenar a guerra colonial e até se pode ler poemas de Sophia Mello Breyner.
Mas mais que tudo isto que se pode fazer é preciso praticar a liberdade e não esquecer que ela existe desde 25 de abril de 1974.
Nos tempos que correm assistimos à defesa da liberdade e da democracia da livre expressão, mas na realidade essa liberdade, essa democracia, essa livre expressão é posta em causa de todos os dias e nas mais diversas situações.
Na comunicação social enfrentamos todos os dias dificuldades ao abordar as pessoas, que nos mais variados setores não falam e dizem que não podem, a grande maioria das instituições e organismos públicos não respondem às questões, preferem não se pronunciar nem ter opinião e dizem-nos “não se pode, não estamos autorizados”, tudo é sigiloso, tudo é confidencial.
Grande parte das organizações “estão fechadas”, o acesso está vedado e não são aceites diferentes opiniões.
No poder político confundem-se maiorias absolutas com poderes absolutos. Se por um lado se defende a vontade do povo por outro também se deveria respeitar opinião dos que foram eleitos e são minorias. Há que respeitar as opções e as posições e saber lidar com a crítica, com a diferença de opinião.
Lembrar que poderão ser estes excessos de poder absoluto, esta tentativa de dominar tudo e todos que poderão provocar extremismos, as tais ações irrefletidas e de raiva que poderão originar regimes pouco democráticos, mas que tem que se perceber em que diferem dos atuais poderes que apregoam a democracia e a liberdade, mas que não a praticam.
Fica a reflexão!
Sempre a favor da liberdade, da democracia e da justiça.
Susana Faria
