Pub

Quinta de Maderne
InícioDestaques“Candidatei-me, não pela política, mas para tentar servir da melhor forma o...

“Candidatei-me, não pela política, mas para tentar servir da melhor forma o povo de Pinheiro!”

Estivemos à conversa com Gina Costa, Presidente da Junta de Freguesia de Pinheiro, e conhecemos o seu lado mais pessoal. Confessou-nos que nunca se imaginou no lugar que ocupa atualmente, mas que está a ser um dos maiores desafios da sua vida. Assume-se uma verdadeira admiradora das gentes de Pinheiro, de quem fala com respeito e carinho.

O que é que se lembra dos tempos de criança e adolescência?
Eu nasci e cresci em França. Os meus pais eram emigrantes e então passei lá grande parte da minha vida. Sempre fui uma criança alegre e muito sociável. Sou filha única, mas tinha sempre muitos amigos lá em casa. Ter tido a minha educação lá foi do melhor que podia ter acontecido. As coisas estavam muito avançadas já naquela altura. Estamos a falar de que já passaram mais de 30 anos e já aí se faziam passeios escolares para outras cidades e até outros países, os livros eram dados pela escola e nas férias de verão já era usual irmos para um ATL onde tínhamos várias atividades. Como disse, gostei muito de crescer lá, mas metade do meu coração estava em Portugal.

Isto porque vinha sempre passar as férias de verão… Quando decide vir de vez?
Eu vim sozinha para tentar arranjar um futuro. Saí do conforto com 20 anos. Sempre disse, desde novinha, que queria viver em Portugal. Tive a oportunidade de ficar com dupla nacionalidade, mas nunca quis. Quis sempre ser apenas portuguesa. Quando falava com os meus pais, eles diziam-me sempre “para o ano vais”, mas chegou a altura em que ganhei coragem e fiz-me à estrada. Idealizei um futuro a nível profissional um bocadinho melhor do que aquele que acabou por se proporcionar, mas de um modo geral, correu tudo bem. Sempre me senti realizada e feliz.

GOSTO DE ESTAR EM CONTACTO COM AS PESSOAS. É PRECISO SABER OUVI-LAS

Fotografias da entrevista a Gina Costa presidente da Junta de Freguesia de Pinheiro, Felgueiras

Mas quando veio conseguiu logo arranjar alguma estabilidade?
Sim, porque eu tinha cá a minha madrinha que tentou logo arranjar algum emprego para mim. Comecei até por estagiar em alguns locais, sempre dentro da área da administração, mas algumas portas foram-se fechando até que tive mesmo de me dedicar ao calçado, onde já estou há 10 anos.

Entretanto conhece o seu marido, casa, tem um filho… mas em que altura chega o convite que a colocou no lugar onde está atualmente?
Nunca estive ligada à política. Nunca estive em nenhum Executivo anterior. Fazia apenas parte de uma lista onde apenas constava o meu nome, mas bem lá para baixo (risos).
Conheço bem Pinheiro e as pessoas que lá vivem. Foi também o local que escolhi para viver e fiz algumas vezes a festa da Senhora da Aparecida, o que me permitiu que as pessoas também me conhecessem a mim. Isso cria confiança nas pessoas.
Há um dia em que o anterior Presidente de Junta, que está comigo atualmente como Secretário, me faz o convite e me deixou completamente surpreendida. Tive de ponderar bastante, porque é uma mudança de vida. Mas porque não? Gosto muito de desafios e o meu marido acabou também por ser um grande apoio no que diz respeito a tranquilizar-me em relação à minha vida familiar e doméstica. Ele está sempre presente, o que torna tudo mais fácil. Em 26 anos que aqui estou, nunca pensei que algo assim me fosse acontecer. Só dei o meu “sim” mais ou menos meio ano antes das eleições.

Fotografias da entrevista a Gina Costa presidente da Junta de Freguesia de Pinheiro, Felgueiras

Em altura de campanha, sente que o facto das pessoas a conhecerem, a acolhiam mais facilmente?
Ajuda bastante, sim! Eu senti isso! Quando fazemos o porta a porta, as pessoas, principalmente as mais idosas, tentam sempre perceber qual é a nossa família, de quem somos filhos ou irmãos, porque isso lhes traz confiança. Foi uma altura da campanha que correu bastante bem, mas eu tinha imposto a condição de que o Sr. Pinto (antigo Presidente da Junto) e o Bruno (atual Tesoureiro) me acompanhassem. Tudo se tornava mais fácil, porque tinha outro tipo de orientação. Os cargos estão muito bem definidos entre nós, contamos sempre com a opinião/sugestão uns dos outros, mas as decisões sou eu que as tomo. Somos uma equipa que trabalha muito bem e comunica entre si.

SOMOS UMA EQUIPA QUE TRABALHA MUITO BEM E COMUNICA ENTRE SI

No dia das eleições, quando percebe que ganha, qual é a sensação?
Eu fiquei completamente desorientada. Não completamente surpreendida, mas desorientada. Estava muita gente lá na Junta de Freguesia e havia tanto a acontecer que eu não estava mesmo em mim. Por muito que eu pensasse que as coisas tinham corrido bem em período de campanha, senti mesmo desorientação quando percebi que ganhei. Entretanto, quando nos juntamos todos na Câmara Municipal, os meus pés finalmente tocaram na terra e já reagi de forma diferente. Passado uns dias, pensa-se: “E agora?”

No dia em que assume o papel de Presidente, houve alguma dificuldade maior que tivesse encontrado?

Claro que ter o antigo Presidente na equipa facilita…
No fundo eu dei continuidade àquilo que já estava bem feito. Sem dívidas, sem projetos ou situações maiores a resolver. Isso facilita muito o nosso trabalho. Tínhamos, por exemplo, o cemitério onde as coisas já estavam informatizadas legalmente e eu continuei porque quis. Pareceu-me bem dar continuidade a algumas coisas que ficaram iniciadas anteriormente. Sei que alguns colegas se depararam com algumas dificuldades no aspeto financeiro, mas, no meu caso, correu tudo bem. De maior dificuldade creio apenas que reconheço que, muitas das vezes, o facto de dependermos de terceiros, não nos facilita o processo de avançar com alguma coisa. Nunca fico bem enquanto não resolvo alguma coisa, mas tenho de ter noção que a maior parte das vezes não depende só de mim. E isso, sim, é difícil.

Como está atualmente a freguesia?
Creio que Pinheiro está muito bem! Tem a pavimentação (em paralelos) toda, porque há poucas estradas, havendo ali ainda uma ou outra que ainda temos de tratar, mas esperamos que se termine a questão dos saneamentos para não haver necessidade de destruir tudo novamente depois e continuar com a manutenção, que é uma das nossas prioridades. Há muito relvado, as escolas, cemitério e afins… se conseguirmos manter Pinheiro tal como está e ir melhorando alguns aspetos, porque há sempre coisas a melhorar, creio estarmos num bom caminho.

Como é a proximidade que têm com as pessoas? Sente que as pessoas os procuram para, por exemplo, até dar sugestões do que poderiam fazer?
Normalmente somos mais procurados para os pedidos. Mas muitas vezes até nos procuram por outras questões. Há pessoas que precisam de carimbos e outras que simplesmente não sabem enviar um email ou preencher um formulário e nos pedem para ajudar. O atendimento é sempre importante. Estamos na Junta às quartas e sextas das 18h30 às 20h, mas posso dizer que muitas vezes atendo pessoas fora de horas e noutros dias, tanto na Junta como até na casa dos meus pais. As pessoas tocam na campainha e eu ajudo sempre. A relação é muito boa. Fico feliz com a população em Pinheiro e gosto de servi-los. A maioria das pessoas fala connosco sem qualquer problema, mas ainda há muita gente que prefere mandar recados por terceiros, porque é sempre mais fácil.

CONHEÇO BEM PINHEIRO E AS PESSOAS QUE LÁ VIVEM

Como é isto de conseguir conciliar um trabalho diário, a Junta e a situação familiar?
Como disse, quando aceitei, sabia que as coisas lá em casa estariam organizadas. Os meus pais ajudam imenso porque fazem-nos o almoço todos os dias e o meu marido ajuda em tudo lá em casa. Ele deixou-me à vontade para dizer o “sim” a este desafio. Mesmo assim, nunca deixo de acompanhar o meu filho nos estudos. É um bom aluno, mas gosto sempre de saber em que ponto está. Onde todos ajudam, nada custa!

Esta foi até uma questão que já surgiu anteriormente, mas já sentiu algum tipo de preconceito por ser “uma mulher num cargo de homem”?
Até já podem ter pensado, mas nunca me disseram nada. Nunca senti discriminação, nunca ouvi qualquer tipo de comentário, nada. Nem a nível da autarquia, nem a nível dos próprios fregueses de Pinheiro. Ao longo destes quase dois anos, sinto-me bem com o cargo onde estou. Até hoje, tem corrido tudo bem.


Faltam agora mais dois anos. Há algo que falta fazer de maior magnitude?
Há sempre a manutenção que lhe falei. A nossa freguesia, no geral, está bem. Há sempre algumas coisas que tentamos ir mudando, principalmente aquilo que colocamos no manifesto. Se está lá, é porque é mesmo necessário. As coisas vão surgindo. Uma rua ou outra onde é necessário colocar paralelos, uma lâmpada… há sempre alguma coisa. Infelizmente não conseguimos andar de rua em rua, de casa em casa a falar com as pessoas para perceber as dificuldades, por isso é que é importante que as pessoas falem connosco. Às vezes são coisas simples de se resolver e nós não o fazemos porque não sabemos que aquilo está daquela forma. Era necessário que tivéssemos tempo de falar com o senhor Francisco ou a dona Manuela, mas não havendo essa possibilidade, é bom que as pessoas venham até nós. E fico muito contente quando as coisas ficam resolvidas e as pessoas me vêm agradecer!

Tem sido uma boa experiência?
Sim. Um belo desafio. Devemos agarrar tudo o que a vida nos dá. Neste momento está a ser algo positivo porque é diferente de tudo aquilo que me aconteceu na vida. Claro que tem os seus prós e contras, mas, no geral, é positivo. Gosto de estar em contacto com as pessoas. É preciso saber ouvi-las. E as da minha freguesia são boas.

Elsa Ferreira

Pub

Teco

Mais Populares

Subscreva a nossa newsletter

Para ser atualizado com as últimas notícias, ofertas e anúncios especiais.

Últimas