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José Barros Moura

Já passaram vinte anos!

Nascido no Porto em 8/10/1944, José Barros Moura foi uma figura marcante na vida política portuguesa.

Desde logo no Movimento Estudantil em Coimbra, onde desde 1962 se destacou, e mais tarde, já então militante comunista, no ano de 1969, à frente da respectiva Associação Académica, e depois, em diversas frentes de luta, particularmente nos anos de 1987/1990 enquanto Deputado do PCP ao Parlamento Europeu.

Conheci pessoalmente o Doutor José Barros Moura, a quem durante dezenas de anos e enquanto camaradas nos tratamos por tu e com quem partilhei algumas acções de índole políticas.

Por isso guardo com saudade e regozijo, a jornada política no quadro da campanha eleitoral para as eleições ao Parlamento Europeu  em Junho de 1989 e o almoço a dois – pago por ele – que degustamos juntos – um simples arroz de feijão acompanhado  por jaquinzinhos fritos – no Restaurante São José.

Ambos os dois, à época, tínhamos uma militância muito forte e responsabilidades muito grandes no desempenho de funções, ele como Deputado do PCP ao Parlamento Europeu e eu enquanto membro do PCP na Assembleia Municipal.

Neste quadro, a conversa mantida foi muito importante para os dois e tendo em conta a nossa sintonia política, foi deveras motivador o contacto caloroso que nesse dia estabelecemos com alguns trabalhadores e pessoas de Felgueiras.

No final dessa jornada política, recordo que ele partiu muito motivado e feliz com a vivacidade e o calor dos contactos realizados e muito confiante num bom resultado eleitoral para a CDU nesse ano de 1989, o qual, de resto, assim se consumou.

De recordar que, durante o almoço, e tendo a sua mãe – Dulce Barros Moura – falecido três anos antes – 6 de Abril de 1986 – também falamos um pouco dela e da importância da sua presença em palco aquando da vinda de Álvaro Cunhal a Felgueiras e do seu apoio aos candidatos da APU nas eleições autárquicas de 1985.

No entretanto a vida política mudou, para ele no ano de 1991, quando foi expulso do PCP por se ter manifestado contra o apoio do Comité Central à tentativa de Golpe de Estado na União Soviética no mesmo ano, e para mim, no ano de 1993, após ter ousado escrever um texto poético em sua defesa, texto esse também de 1991, mas só mais tarde publicado em jornal, e mais tarde ainda, no meu 1º. livro de poesia de 2011, intitulado ” Na Linha do Tempo“.

Depois de tudo isto, ao nível político, nunca mais nos reencontramos, não obstante termos conversado algumas vezes sobre a vida social e económica do concelho quando ele foi Presidente da A. M. e eu Director do Semanário Felgueiras.

Porém, a grandeza política desta personalidade, entre outras actividades relevantes que desempenhou, ficou assinalada com o bom desempenho de funções enquanto Director Geral das Relações Colectivas de Trabalho no Ministério do Trabalho no ano de 1975, ou como membro da equipa do Secretário de Estado do Trabalho, Carlos Carvalhas, nos quatro primeiros governos provisórios, mas, sobretudo e mais à frente, aquando do desempenho de funções de Deputado ao Parlamento Europeu, nos anos de 1987/1990, onde além do seu trabalho, também aproveitou o ensejo para escrever e deixar para a Europa uma obra social valiosa e actual em favor dos trabalhadores Europeus, obra essa mais tarde aprofundada, entre outros,  no seu livro “Cidadania Europeia Uma Construção Racional” editado no ano de 1999.

Agraciado recentemente, a título póstumo, com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade, – um reconhecimento que em Felgueiras ainda não se viu em medida certa -, JOSÉ BARROS MOURA faleceu no dia 25 de Março de 2003 em Lisboa, terminando também nesse dia uma notável carreira política, desta feita, continuada no quadro do PS, quando a partir de 1994, primeiro como Deputado Independente ao PE e depois, já militante, como Deputado à Assembleia da República, onde se mantevedestacou e terminou como Vice-Presidente da respectiva Bancada Parlamentar.

José Quintela

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