Vitória César é segurança há 12 anos. Para isso precisou de um curso/formação para compreender a legislação em vigor, a defesa pessoal, a gestão de conflitos, a forma como procedem a uma detenção e ainda a operação de meios eletrónicos e centrais de alarmes.
Quando chegou a esta profissão, numa empresa de segurança da cidade da Lixa, ainda não existiam muitas mulheres na área. Nessa altura ainda ia um intendente da PSP dar o curso na empresa, agora só se tira o curso em escolas com licença para tal.
Vitória contou que as maiores dificuldades foi quando começou a trabalhar nas Piscinas Municipais na Casa das Artes de Felgueiras. As pessoas não a levavam muito a sério, achavam que por ser mulher podiam “mandar bocas” e tentavam sempre passar por cima das ordens que dava. Olhavam para ela e diziam “És segurança com esse corpo todo?”, ao qual respondia que não precisava de ser um homem para pôr ordem no espaço.
Disse que já sentiu bastante preconceito na sua profissão pelos seus colegas de trabalho (homens), principalmente quando trabalhavam com ela e era ela a responsável pelo espaço onde estavam e tinha de lhes dizer o que eles tinham que fazer. Alguns não aceitavam que fosse ela a indicar o que eles tinham de fazer e diziam que não era ela que mandava.
Contou um episódio em que trabalhou com um colega que tinha de estar na porta dos camarins até o espetáculo acabar e ele teve a coragem de fechar a porta, entregar-lhe a chave e dizer que tinha que ir trabalhar para outro sítio e não ia esperar que o espetáculo acabasse.
Para Vitória, ser mulher num mundo de trabalho “dos homens” é ser-se sempre olhada de lado! Basta andar fardada que as pessoas olham e falam baixinho entre si. Pensam sempre que se uma mulher trabalha no meio de homens, não é de confiança.
Crê que muitas mulheres têm menos oportunidades de serem contratadas para certos cargos, como o seu. Como segurança, há mais trabalho ao fim de semana nas discotecas, bares, concertos… e ela nunca foi colocada em nenhum desses sítios, pois diziam que não tinha perfil para esse trabalho. Mas a verdade é que também é nesses trabalhos que se ganha muito mais. Aqui está uma forma de se ver que a nível salarial nunca conseguiu ganhar tanto ou mais que os seus colegas homens.