A presbifagia caracteriza-se pelas modificações na função da deglutição durante o envelhecimento, que desencadeia uma adaptação ao processo de alimentação e deixa o idoso propenso a desenvolver disfagia.
Considerando a alimentação, através do ato de comer, fundamental para a manutenção de nossa vida, qualquer problema que complique uma boa deglutição interfere diretamente no estado físico e emocional do idoso. A deglutição, ou engolir, faz parte do processo digestivo e tem como objetivo o movimento do bolo alimentar desde a boca até ao estômago. É um mecanismo complexo, que envolve a participação de órgãos, músculos e nervos e depende da integridade dos mesmos para ocorrer de forma coordenada e eficiente, podendo por isso sofrer alterações decorrentes do envelhecimento.
Efetivamente, no processo natural do envelhecimento, ocorrem algumas modificações que podem afetar a função da deglutição, embora muitas das vezes de forma pouco consciente.
O processo do envelhecimento não causa episódios de disfagia, mas há evidências de que o desempenho da deglutição em pessoas idosas saudáveis seja diferente do desempenho em pessoas mais jovens. Os estágios da deglutição podem sofrer modificações e contribuir para o aparecimento de sintomas disfágicos, ou seja o mecanismo da deglutição pode tornar-se mais vulnerável com o envelhecimento.
Os sintomas de alterações na deglutição do idoso podem ser mascarados. A perceção dos sinais sugestivos de disfagia durante e/ou após a alimentação é fundamental. Assim, avaliar a qualidade vocal após a alimentação, a presença de tosse, engasgamentos e pigarro durante e/ou após a alimentação, a necessidade de múltiplas deglutições e a mudança na frequência respiratória podem ser indícios de alterações na deglutição. Se este problema não for corretamente tratado, pode causar desnutrição, perda de peso e desidratação ou mesmo infeções respiratórias no caso dos alimentos passarem para as vias aéreas durante a tentativa de deglutição.
As modificações da função de deglutição no envelhecimento aparecem de forma progressiva e variam de pessoa para pessoa. Num processo de adaptação a esta realidade, o idoso deve comer mais devagar e sem distrações, fazer as refeições sempre bem sentado e bem acordado, engolir mais de uma vez para se certificar de que não ficaram restos de alimento na boca. Deve ainda de modificar a consistência da dieta para uma alimentação mole ou pastosa e uso de espessante para líquidos.
Porém assim como outras funções do nosso organismo, a função da deglutição pode ser exercitada e manter-se funcional se for avaliada e orientada por um profissional especializado na área. Manter-se ativo com exercícios físicos de forma sistemática, hidratar-se bem, visitar regularmente o dentista mantendo uma boa saúde oral, são essenciais para se manter as funções do mecanismo da deglutição íntegros e minimizar as alterações inerentes ao processo do envelhecimento.
Fiquem atentos em benefício da vossa saúde.
Um Conselho da UCC Felgueiras.
Enfermeiros:
Paulo Teixeira
Rosa Neves