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Reluzir na escuridão

Celebra-se, amanhã, dia 3 de Dezembro, o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.
Instituída pela ONU em Outubro de1992, esta data tem por objectivo assinalar e “promover uma maior compreensão dos assuntos concernentes à deficiência para mobilizar a defesa dos seus direitos e bem-estar”.


Sendo inegáveis os avanços registados no nosso país desde a data da sua criação, a verdade é que em inúmeros concelhos do interior do nosso distrito pouca evolução ocorreu, mormente no concelho de Felgueiras, onde para além do glorioso trabalho desenvolvido pela CERCIFEL e de alguns pequenos registos ocasionais, pouco de relevante tem havido e há para celebrar, quer no tempo e na vida do actual modelo executivo, quer durante os dois mandatos – 2009/2017 – do PSD.


Afigurando-se que é tempo de, também no nosso concelho, se darem passos mais incisivos no sentido de promover a mobilidade para a defesa da dignidade dos direitos e do bem-estar e para que se crie um concelho mais inclusivo e equitativo para as pessoas com deficiência, seja ela física ou mental, a verdade é que, localmente falando, vinte e quatro anos depois de aprovada a Resolução da ONU no ano de 1998, pouco se tem feito para cumprir o espírito e as orientações da Convenção sobre os direitos das Pessoas com Deficiência.


Desde há muitos mandatos a esta parte que, no quadro da organização dos Pelouros atribuídos aos Vereadores e da execução regular das suas funções, já deveria existir o cargo de Provedor para a Mobilidade, ou outra coisa parecida, como um caminho adequado para implementar políticas activas em prol da mobilidade, também para assegurar reais direitos de oportunidades e de inclusão e para resolver velhos e novos problemas com que os mesmos quotidianamente se debatem.


Contudo, neste ano de 2022, em que a ONU preconiza e a todos nos convocou para a necessidade de criarmos um “ Futuro mais Acessível “ para as pessoas portadoras de alguma deficiência, saibamos estar à altura deste desafio, provocando alterações reais e profundas no modo de vida de todos aqueles que disso padecem, sem nunca esquecermos que cabe aos poderes públicos – central e local – um papel determinante na criação e na concretização das condições para se atingirem esses objectivos.


Neste início do ano escolar 2022/2023, sendo muito fracos os sinais que de uma forma constante importa introduzir no ensino Gestual e em Braille, saudemos com satisfação, o facto de, na área da cultura felgueirense, oriundo da sociedade civil, podermos presenciar o lançamento de um livro, que escrito primeiro em Braille, vai ser apresentado amanhã, na Biblioteca Municipal, sendo o seu autor – José Francisco Machado – um portador de deficiência visual, que nascido em Guimarães, é cidadão de Felgueiras, onde reside desde os dois anos de idade.


Um acontecimento cultural da maior relevância, que para além de marcar a agenda cultural desta semana no concelho, marca também, por forma indelével a energia e o carácter do seu autor, que não obstante a sua diferença, jamais deixou de se sentir igual aos outros, brincando, estudando, trabalhando e casando e que já antes e depois de ter filhos e netos sempre participou na vida cívica, associativa, política e cultural, com positividade e sempre muito feliz.


Uma história de vida a não perder, magistralmente registada numa obra infanto-juvenil, onde inúmeros valores da prosa se misturam e agigantam para fruição da sociedade, no dia em que, grosso modo, também se celebra o dia do seu Autor – o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.


Grande malha!… porque, para além do que uma vez em Soneto já o escrevi e se encontra publicado, sendo o autor e muitos milhões de outros como ele, apenas diferentes – a verdade é que, sendo iguais a todos nós são gente!

José Quintela

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