Pode acontecer em qualquer idade, e (infelizmente) os dados deste ano mostram isso mesmo, dos 27 aos 74 anos, 22 mulheres morreram em Portugal vítimas de violência doméstica. Filhas, mães, sobrinhas, tias, netas, avós, primas e amigas perderam a vida nas mãos deste crime.
“Quem cala não consente” e segundo os dados apresentados pela UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) 7 das vítimas já tinham apresentado queixa e 9 estavam separadas do agressor. Em Portugal a violência é um crime público, e por isso “entre marido e mulher mete-se a colher”, mas na realidade, em 12 das 22 mortes a violência já era conhecida por outras pessoas.
Os anos passam, os números continuam a aumentar. A prevenção e a educação são essenciais e é aqui que “de pequenino se torce o pepino”, neste caso na aprendizagem.
A educação emocional vem cada vez mais a demonstrar a necessidade de ser integrada no currículo das escolas. Aprender a reconhecer, compreender e expressar de forma saudável as emoções tem um impacto positivo na saúde mental das crianças, e assim se começa a “plantar verde para colher maduro”.
Num estudo apresentado no início deste ano, mais de metade dos universitários relatava já ter sido sujeito a pelo menos um ato de violência no namoro. É importante relembrar que existem vários tipos de violência doméstica, não se cingindo à agressão física.
E aqui é outro ponto de relevância na prevenção, a educação para os sinais de alerta, reconhecer que se está a ser vítima, não só orientada para a população mais jovem, mas sim para as diferentes gerações, visto que “nunca é tarde para aprender”.
A humilhação, insultos, o isolamento dos amigos e até mesmo da família, a partilha de conteúdos íntimos e a violação são alguns dos sinais a que devemos estar alerta nas nossas relações e daqueles que nos são próximos.
Ainda existe um longo caminho a percorrer na prevenção e combate da violência doméstica em Portugal, mas cada passo que damos para que isso aconteça, é importante e não esqueçamos que é uma responsabilidade de todos nós.
“Mais vale tarde que nunca”, mas não deixe que amanhã seja tarde demais.
Marcela Leite, Psicóloga