Eduardo Teixeira – Candidato do PSD à União de Freguesias de Margaride, Várzea, Lagares, Varziela e Moure
A que se deve este regresso? Porquê se candidatar à União?
É uma espécie de regresso do “filho prodigo”. Desde a minha juventude que estou ligado à política e associativismo. Sempre dei o meu contributo normal e estive
disponível para contribuir para a sociedade. Candidato-me pela minha área política,
que sempre foi o PSD, onde tenho um currículo vasto, em várias estruturas.
Mas como é que surge e porquê?
Recebi um convite, há algum tempo, através da Comissão Política do PSD, na pessoa
de Vítor Vasconcelos, no sentido de poder ser candidato. Fomos conversando…
Foi pensando no assunto?
Sim. Fui conversando com muitas pessoas, da minha esfera pessoal e da área política. Cheguei à conclusão que é um desafio interessante. Estamos a falar da freguesia onde nasci – Lagares – que está incluída na União com aquela onde vivo – Margaride. Metade da minha vida decorreu em Lagares, outra metade em Margaride. Portanto, duas freguesias que incluem esta União, mas também a minha proximidade com Varziela, Várzea e até com Moure. Sou uma pessoa que me identifico e que as pessoas identificam dentro deste espaço geográfico.
Sente que há algo mais que possa ser feito na União – por si – que não esteja a ser executado?
Obviamente que sim. Em primeiro lugar esta União de Freguesias representa cerca
de 30% do eleitorado de Felgueiras e é o maior espaço geográfico em termos de
União com características muito próprias.
Está a dizer que as freguesias não estão a ser analisadas, segundo as suas características individuais?
O que é fundamental e acho que não tem acontecido, nestes últimos anos, é que existem freguesias que estão a andar para trás. O slogan da minha candidatura “Uma União a Valer”, pretende evitar isso.
Quais?
Lagares, Varziela e Várzea. Moure também, embora haja, nos últimos meses, um esforço de algum investimento.
Nas freguesias que refere estarem mais esquecidas, a que aspetos se refere?
Em várias áreas. Se comparar com algumas freguesias do concelho, que não vale a pena referir quais, evidencio os longos investimentos municipais, ao longo deste mandato. Os senhores Presidentes de Junta, muito bem, trabalharam para isso. Conseguiram puxar para as suas freguesias certos tipos de equipamentos e de obras que não vi a acontecer em Lagares, Varziela, nem em Várzea. Esse também é um dos motivos que me leva a fazer destas cinco freguesias, uma verdadeira União. Que haja aqui um complemento de solidariedade entre todas. Defendo que o orçamento da União seja repartido percentualmente com a área geográfica e a população residente e que se possam dar passos para que nenhuma seja esquecida e não fiquem fora da centralidade que é a freguesia de Margaride.
«Vamos apresentar um programa ambicioso,
com ideias novas e virado para o futuro»
O que considera que falhou ao longo destes quatro anos?
Houve uma grande centralidade de investimento, em Margaride. Considero que
tanto Lagares, como Varziela, Várzea ou Moure, têm potencial para ter outro tipo
de equipamentos. Uma das propostas que irei apresentar ao próximo executivo, é que seja desenvolvido um mega plano que possa incluir estas freguesias. No meu ponto de vista, o prolongamento natural da cidade de Felgueiras tem que ser em Varziela. Em Margaride, é urgente parar com as construções viradas para o Monte de Santa Quitéria. Este Plano Diretor Municipal tem a obrigação de ser exigente nessa matéria. Acho bem que reabilitem o que existe, mas a partir de onde se localiza o cemitério acho que deve ser proibido construir. A Câmara deve dar um bom exemplo, que é deixar cair o cemitério de Margaride, na linha acima do atual cemitério e desloca-lo para o Sopé do Monte e para a zona do antigo portal vermelho, junto à zona verde. Varziela tem que ser o prolongamento natural da cidade… em Várzea
o crescimento está bloqueado e defendo que nessa freguesia cresça o Parque da Cidade e até o Pavilhão Multiusos, na zona da Gandra. Lagares também é uma freguesia com grande densidade populacional e grande concentração de pavilhões industriais portanto também está colado à cidade e Varziela será o espaço onde a cidade pode crescer com qualidade e com novas urbanizações. Esse mega plano será feito a pensar em Felgueiras, a longo prazo. Temos que pensar na cidade de Felgueiras a 20 ou 30 anos.
E pensar em Felgueiras daqui a 20 ou 30 anos o que significa?
É acima de tudo tornar a cidade mais bonita assente num desenvolvimento sustentável na questão urbanística e ambiental. A cidade nos anos 80/90 cresceu muito à volta da Câmara Municipal e para o lado do Monte de Santa Quitéria. Penso que há necessidade de puxar o futuro crescimento da cidade a partir de Padroso em direção a Varziela.
Quem está no poder tende a dar primazia a Margaride?
Certo. O que defendo é que as cinco freguesias sejam vistas como um todo. Principalmente uma parte significativa das freguesias que colam a Margaride. Parte de Várzea, Moure, a zona das Tomadas, Varziela… quase no seu todo, acho que a cidade se deve expandir. Tem que ter uma estratégia no seu todo e diversificar equipamentos que são necessários por estas freguesias. Felgueiras tem que pensar, a dez ou vinte anos, numa Cidade Desportiva. Todas as cidades têm. Hoje uma cidade que não tenha o Parque da Cidade, um Pavilhão Multiusos ou uma Cidade Desportiva, são cidades ultrapassadas e que perdem competitividade e atração. Como os terrenos em Varziela são relativamente planos, com poucos pavilhões industriais e com muitas zonas verdes, pode-se preparar algo de qualidade e excelência para as próximas gerações.
O atual autarca, José Lemos, mencionou numa Assembleia Municipal que desconhece a realidade das freguesias. Concorda?
Isso será José Lemos que terá que responder. Felizmente conheço a realidade do concelho, da minha cidade e das freguesias.
Ou seja, o que está a dizer é que tem uma visão diferente de José Lemos?
Com o devido respeito que tenho por José Lemos, considero que somos pessoas
diferentes. Considero-o uma pessoa muito trabalhadora e dedicada, isso não está em
causa. Acho que sou diferente, no sentido de pensar mais à frente, percebendo o que a cidade precisa.
Defende então que pensa com estratégia? José Lemos pode então não o estar a fazer?
Respeito José Lemos, bem como a sua ação política, mas eu tenho outra. Eu vejo
mais o futuro do que o presente, porque aquilo que nós temos, muitas vezes já não
podemos mudar, mas o futuro podemos alterar com ideias e propostas. Um dado
importante é que o presidente desta União tem que trabalhar em parceria com a
Câmara Municipal.
Considera que não está a haver um trabalho efetivo com a Câmara Municipal?
Falta peso político à União de Freguesias junto do Município.
«Quero ajudar a construir a cidade
de Felgueiras do futuro, com a a área
urbana a incluir as cinco freguesias
da União»
Quando fala em peso político consegue aprofundar esse tema?
Repare, se for eleito presidente da União de Freguesias vou defender o seu desenvolvimento numa perspetiva vincada no futuro, em parceria com a Câmara Municipal. Posso ser uma voz influente em algumas decisões. O presidente de uma União de Freguesias como esta, que representa cerca de 30% da população e que está no coração da cidade, ganha muito mais força. No meu caso, posso ganhar muito mais força para influenciar as decisões políticas do executivo – seja do PSD ou do PS.
Tem que haver mais intervenção dos autarcas junto da Câmara é isso?
Esta União de Freguesias, com o devido respeito por todas as outras, é diferente pelo
seu espaço geográfico e peso populacional. Tem que ter um tipo de presidente diferente. É evidente que no dia-a-dia tenham que ser feitos documentos, atestados, intervenções em caminhos, na luz que falha e em buracos na estrada. Portanto, toda essa panóplia corrente de uma Junta de Freguesia tem que ser feito obrigatoriamente, mas eu penso mais à frente e quero influenciar decisões futuras.
Não quer ser submisso ao poder?
Não se trata de ser submisso, mas sim ativo e interveniente. Quero puxar pela cidade. Vamos ter um problema grave em Várzea. Todos falam na Variante de Moure a Cabeça de Porca, mas ninguém refere, com base no estudo que foi feito – cerca de 30 mil carros que passam entre Friande e Estradinha – que pelo menos 70% desses veículos vão passar a utilizar a variante, mais os que já utilizam a via vão bloquear a rotunda da Telheira e junto à Igreja. Claro que não depende do orçamento da Junta, mas é uma das medidas que o presidente de junta tem que ter como papel ativo junto do Município e da ASCENDI, que é a criação de uma passagem inferior na via. Outra questão muito grave, relaciona-se com a saturação dos cemitérios: não só em Margaride, como em Lagares, Varziela, Várzea e até em Moure. É um problema que se anda a arrastar de mandato em mandato e ninguém toma decisões. Os censos ajudaram a perceber que a faixa etária com maior número de população está entre os 50 e os 70 anos, o que quer dizer que dentro dos próximos anos, vamos ter a maior percentagem de sempre de óbitos, em Felgueiras.
O que propõe?
Deve ser criado um complexo funerário moderno, com crematórios e com todas as valências, mas não pode ser naquele espaço do Monte de Santa Quitéria. Não podemos cometer o erro que cometeram os nossos antepassados há 150 anos. Onde é hoje Margaride, existiam várias quintas e nesses terrenos não se podia construir, então levaram o cemitério para o Monte e agora? Passado esse tempo vamos prolongar essa tese? Não é uma ampliação porque vão ficar separados. É um novo cemitério que ambientalmente vai prejudicar aquele local. No futuro vai ter que crescer. O local tem maus acessos, custos muito mais altos que implica remoção de terra e muros, quando há outras alternativas viáveis com um custo mais reduzido.
Na sua opinião, porque acha que foi esta a solução apresentada?
Acho que os políticos têm que ter coragem para decidir e não podem ser influenciados. Há uma teoria que os familiares das pessoas estão sepultados naquela zona e, portanto, querem dar continuidade, naquele sítio, ou porque a comunidade religiosa entende que os cemitérios devem ser lado a lado. Isso não faz sentido: é o custo do crescimento das cidades. Em cidades periféricas, evidenciamos que têm vários cemitérios. Nas últimas décadas, muitas pessoas de fora, foram viver para Felgueiras, o que significa que serem sepultados em Margaride, ou noutro local, é indiferente. Evidentemente que as pessoas com raízes em Felgueiras, querem ficar junto de familiares, mas o cemitério novo, vai ter outro tipo de óbitos.
Esta União de Freguesias é a que acarreta o maior número de verbas… Que
comentário faz?
Evidentemente que é o maior orçamento – cerca de 900 mil euros por ano – diminuto para as necessidades, mas também aqui abre-se um novo paradigma. No próximo quadro comunitário de apoio, vai haver a possibilidade de as freguesias poderem apresentar projetos e candidaturas a fundos comunitários e também aí é preciso um executivo que pense e saiba atrair investimento comunitário. Vamos desafiar ainda, como a maior União do concelho, o executivo (seja qual for), a atribuir mais competências e mais meios aos autarcas. Entendemos que estamos mais próximos das pessoas e podemos fazer melhor.
Como por exemplo?
Em várias áreas. Por exemplo, uma das críticas que mais constato: falta de limpeza nos jardins, nas ruas, recolha do lixo… vou desafiar o executivo a ceder competências.
«Vamos apoiar
mais as
coletividades, o
desporto, a
cultura, o
ambiente e a
juventude»
E considera que a autarquia vai concordar com essa perda de influência e competências sobre a Mega União?
O pelouro do ambiente é extremamente pesado. Há tantos problemas para resolver:
saneamento, rios, poluição. Ao delegar competências a União pode fazer melhor e mais barato.
Mas acha que isso é do interesse do executivo?
Se eu fosse presidente de Câmara gostava de trabalhar em parceria e quanto mais
responsabilidades transferisse para os outros, melhor os resultados seriam.
Supúnhamos que o executivo é Sim/Acredita e a União de Freguesias PSD. Isso não faz com que o PSD ganhe mais popularidade e notoriedade?
Não importa quem vai vencer, importa é trabalhar em conjunto. Isso é relativo… O pensamento de cada um, está dentro de cada um. No entanto, deixo este desafio para essa área. Isso depois compete ao executivo ceder ou não. Saem todos a ganhar. Há muitos presidentes de junta que podiam também ter competências substituindo o Município porque lidam mais com as pessoas.