A Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas – ANCEVE promoveu conferência sobre Álcool e Saúde, Novas regras de rotulagem das bebidas alcoólicas, Sustentabilidade e Valores Ponto Verde 2024.
A conferência decorreu na Aula Magna da Universidade Portucalense, no Porto, no dia 14 de novembro e foi subordinada a temas de grande atualidade e que muito preocupam a fileira vitivinícola.
Debruçou-se sobre Álcool e Saúde Manuel Cardoso, o sub-director Geral do SICAD – Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências e contou com a moderação de António Larguesa (jornalista e editor Norte do Jornal ECO).
“O álcool, contido nas bebidas alcoólicas, está associado a um conjunto muito alargado de patologias, doenças e situações de saúde, quer agudas, quer crónicas. O álcool e os seus metabolitos, é classificado pela IARC (Agência Internacional de Pesquisa sobre Cancro) como substância cancerígena de gau I (o mais perigoso). De acordo com a OMS -Organização Mundial da Saúde não há um consumo seguro/sem risco de álcool e por conseguinte, de bebidas alcoólicas.” defende Manuel Cardoso em nome do SICAD, em linha com o conceito “NO SAFE LEVEL” da Organização Mundial de Saúde.
Ana Alves, coordenadora do Gabinete Jurídico do Instituto da Vinha e do Vinho falou sobre as novas regras de rotulagem das bebidas alcoólicas. A nova regulamentação Europeia que diz respeito à indicação obrigatória na rotulagem da declaração nutricional, dos ingredientes e data de durabilidade mínima, aplica-se a todos os produtos produzidos a partir de 8 de Dezembro de 2023.
Com este novo quadro legal, a Comissão Europeia exige que todos os produtores de vinho e de outras bebidas, incluindo cervejas e espirituosas, incluam nos rótulos informações nutricionais completas e uma lista de todos os ingredientes que podem constar através de um formato digital, mas cumprindo-se um conjunto de regras e pressupostos com grande impacto para os produtores e para o sector em geral.
O Presidente da Viniportugal, Frederico Falcão foi responsável pelo tema da sustentabilidade.
O Referencial Nacional de Certificação de Sustentabilidade do Sector Vitivinícola tem por base a simplicidade, credibilidade, a abrangência nacional e inclusivo, prevendo a sua aplicação e acessibilidade a organizações de micro, pequena, média e grande dimensão, bem como às organizações com atividade multiregional. É uma ferramenta de trabalho para as organizações do sector vitivinícola nacional e passa a ser possível a certificação das organizações, podendo ser evidenciada a nível dos mercados nacional e internacional, também através do produto comercializado.
Ana Isabel Trigo Morais, CEO – Administradora-Delegada da Sociedade Ponto Verde (SPV) abordou os Valores do Ponto Verde 2024 – o risco de um aumento dos valores para mais do dobro.
A dimensão do aumento agora proposto e o momento em que foi apresentado à SPV, em 27 de Julho de 2023, sem acautelar os impactos junto das empresas e consumidores, acabará por se traduzir num expressivo aumento dos Valores Ponto Verde. Ou seja, terá um previsível impacto direto e muito significativo nas prestações financeiras a pagar pelos embaladores a todas as entidades gestoras de resíduos de embalagens e também junto do consumidor.
O aumento é completamente desproporcionado e o seu racional não é transparente, como a SPV sempre defendeu. A proposta, baseada num estudo solicitado pelas autoridades a uma empresa consultora, apresenta erros metodológicos e de cálculo que não promovem a justiça, transparência e eficiência dos custos do sistema para o atingimento das metas de reciclagem, nem tão pouco salvaguarda os requisitos aplicáveis aos custos a suportar pelos embaladores no âmbito da RAP – responsabilidade alargada do produtor, conforme estabelecido na legislação europeia e nacional em vigor.
Também António Lobo Xavier, advogado e antigo deputado da Assembleia da Republica esteve presente e sob o mote “Um Inverno agreste e intenso no Mundo, na Europa e em Portugal”, falou sobre o facto de Portugal, a Europa e o Mundo viverem um momento de grande incerteza e inquietação quanto ao futuro social, geopolítico, económico e financeiro.
Após a intervenção dos oradores seguiu-se um debate entre os participantes.
Paulo Amorim, o presidente da ANCEVE revelou ao nosso jornal que a conferência foi muito importante para os produtores, com informação muito relevante e contou com um painel de luxo.
