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“Independentemente do que aconteça, serei um eterno Presidente de Junta”

Com apenas 26 anos, Hugo Pinto foi eleito Presidente da Junta de Freguesia de Jugueiros. Genuinidade, trabalho e paixão pela política e pelo contacto com as pessoas, foram os principais ingredientes que o levaram a ser visto como a pessoa certa para o cargo. Quisemos conhecer mais acerca do seu percurso e a autenticidade tomou conta das suas palavras.

Fala-me do Hugo. Como é que eras enquanto criança e adolescente?
Acho que desde pequeno que adoro falar e sou muito ativo. Pelo menos, lembro-me de chatear muito a cabeça à minha avó e à minha mãe. Era muito rebelde! Mesmo com o passar dos anos notei que sempre tive o gosto de estar em grupo, falar, debater questões atuais…

Era aí que queria chegar… as questões políticas, tanto a nível do concelho como nacional, sempre te entusiasmaram? Paravas para ouvir as notícias?
Sim, sempre me interessei. Tenho noção que são raros os jovens que o fazem, mas quando dava o telejornal e falavam da situação do país, eu parava muito em frente televisão para estar atento ao que diziam. Na altura não percebia muito bem, ficava apenas a ouvir, mas sempre tive essa necessidade de saber mais. Mesmo ao nível político, aqui no concelho, sempre gostei de perceber as decisões que eram tomadas. No fundo, gostava de estar a par de tudo. No meu grupo de amigos não era fácil que tivessem paciência para debater certos assuntos comigo (risos!) Mas a verdade é que o “bichinho” foi crescendo e aqui estou hoje.

DR André Moniz – Semanário de Felgueiras

É de louvar toda a gente que se candidata a um cargo destes

Que passos tomaste até chegares à posição que estás hoje?
Na verdade, tudo começou quando eu tinha apenas 4 anos. Lembro-me de, em época de campanha, ir de mão dada na rua com o meu avô, que também gostava muito de política, e levar uma bandeira na mão. Aquele ambiente fascinava-me. Acompanhei-o sempre. Quando vim viver para o centro da cidade, com 11 anos, comecei a aperceber-me da juventude partidária do concelho e abordei a minha mãe com a intenção de me envolver numa dessas instituições.

Ela apoiou? Eras muito novo…
Sim, a minha mãe sempre nos apoiou (a mim e à minha irmã) nas situações que achássemos que eram as melhores para nós. Ela ficou feliz por mim porque sabia que era algo que eu realmente gostava e que queria mesmo. Eu identificava-me com o Partido Social Democrata e, quando ouvi falar da JSD (Juventude Social Democrata) fui literalmente bater-lhes à porta para perceber como as coisas funcionavam. Na altura, falei com o Rui Oliveira, que era o Presidente da estrutura e mostrei-lhe a minha intenção em juntar-me a eles. Ele ficou um pouco surpreendido, eu era apenas uma criança, mas abriram-me completamente as portas. Foi nesta altura que comecei a compreender que todos os assuntos que via na televisão eram mais complexos. Tudo ficou mais sério a partir daí.

Quanto tempo estiveste lá?
Estive sempre ligado à JSD. Aquando do mandato do Rui Oliveira, fiz parte da Comissão política. Depois houve mudança de presidente, penso que tenha sido o José António que assumiu, e continuei a ajudar no que fosse necessário. Nas eleições seguintes, entrei numa lista com o Gustavo, em que não vencemos e, depois disso, também por circunstâncias da vida pessoal, deixei de estar tão presente, mas tive sempre ligação. Voltei ativamente quando me convidaram para ser candidato para a freguesia de Jugueiros.

DR André Moniz – Semanário de Felgueiras

Acho que a política precisa de alguma vitalidade.

Como é que recebeste esse convite? Não ficaste surpreendido?
Todos eles conheciam bem a minha pessoa. Todos reconheceram algum tipo de capacidade em mim, ou não me tinham feito o convite. E isso eu guardo sempre em mim.

Aceitaste na hora?
Não! Houve muita ponderação. Eu estava há cerca de um ano e meio ou dois em Jugueiros, não sou natural de lá, e claro que fui apanhado desprevenido. Sabia que um dia teria de acontecer, pois era um dos meus objetivos, só não contava que fosse tão cedo. Falei com a minha família, que me apoiou, mas que tentaram sempre mostrar-me que as coisas não seriam nada fáceis. Eu estava há pouco tempo na freguesia, conhecia bastantes pessoas, mas nunca para assumir um cargo com estas dimensões.

Achas que o facto de não seres natural de Jugueiros gerou críticas em relação à pessoa que iria (eventualmente) estar à frente daquela freguesia?
Sim, sem dúvida. Lembro-me que cheguei a bater a algumas portas em que as pessoas me perguntavam “Mas tu és filho de quem?”, porque esta é realmente a mentalidade, principalmente das pessoas mais idosas. Se não somos conhecidos, querem saber quem são os nossos pais para perceberem se podem confiar em nós. Mas a verdade é que sou muito firme nos meus objetivos e, surgindo esta oportunidade, não a quis deixar fugir. Na altura deixei claro dentro do partido que a minha intenção inicial era criar uma equipa, dar-me a conhecer às pessoas, desenvolver um trabalho e, depois sim, em eleições seguintes – se não fosse agora – ter um projeto bem sustentado para a freguesia. Quando entro num projeto, entro sempre para ganhar, independentemente das dificuldades que apanhar pela frente. E foi o que fiz. Bati porta a porta, dei-me a conhecer e tudo se foi desenrolando.

Como foi o desenrolar da campanha? Sentiste que foste aceite pela maioria das pessoas?
No final, a aceitação foi muito boa. Foi uma campanha muito dura. Dias a fio, em que não deixamos escapar uma única casa. Deixei sempre as pessoas à vontade. Nunca fiz uma campanha de falar mais dos adversários do que de mim ou do meu projeto. As pessoas sabem. E acho que ganhamos muito mais assim, falar dos nossos projetos e não perder tempo com questões alheias. É de louvar toda a gente que se candidata a um cargo destes, independentemente de fazerem um bom ou mau trabalho. Nós vemos muitas vezes a nossa vida pessoal exposta e estamos sempre sujeitos à critica. Mas eu lido bem com isso. Quando é uma crítica construtiva gosto que as pessoas venham ter comigo e falem. O mais difícil é mesmo teres de preparar a tua família para isto.

DR André Moniz – Semanário de Felgueiras

Em criança, ia de mão dada com o meu avô e bandeira na mão durante as campanhas!

Achas que o facto de seres ainda jovem, e com ideais diferentes do que as pessoas estavam habituadas, te ajudou?
Acho que o futuro é exatamente esse. Dar oportunidade aos mais novos. Acho que devemos ter sempre perto de nós a experiência, ou seja, as pessoas mais velhas, que são fundamentais nesta caminhada, mas as novas ideias, as novas formas de se verem as coisas, são cruciais. Acho que estamos mesmo a caminhar nessa direção. Às vezes as alternativas mais radicais e mais arrojadas acabam por trazer “lufadas de ar fresco” onde era mesmo necessário que isso acontecesse. E é isso que falta à política, vitalidade. Em Jugueiros trabalhamos muito com voluntariado jovem. Lancei o desafio de irmos para o terreno, até porque na altura não tínhamos muitos fundos, e nós é que fazíamos todo o trabalho. Juntava uns amigos… começamos por ser 3 e acabamos a ser mais de uma dezena. As pessoas comentam que nunca viram nada assim, de ver os próprios jovens a irem para o terreno fazer as coisas acontecer. A verdade é que nos dá gosto a nós e dá gosto à população, principalmente mais velha, em ver o nosso trabalho. Tenho pessoas que vêm ter comigo e me dizem que posso contar com eles também no terreno. Regra geral, tem havido mesmo muito boa aceitação.


Uma das coisas que os têm destacado das outras freguesias são os cheques de incentivo à natalidade. Queres explicar em que consistem e a quem são atribuídos?
Essa sempre foi uma ideia que trouxe comigo. Foi uma promessa política que estava no meu manifesto, aliás, foi das únicas promessas políticas. No primeiro ano não foi possível avançar porque ficamos com uma herança pesada do anterior executivo, mas logo que conseguimos, começamos a aplicá-la. Já entregamos cerca de onze cheques em pouco mais de um ano de mandato. Obviamente que foram criados critérios, como as pessoas terem de ter a morada fiscal na freguesia, para lhes serem atribuídos os cheques. É sempre uma ajuda e nos tempos que estamos a viver, qualquer coisa é bem-vinda. Pelo feedback das pessoas, tem sido um sucesso e está a ser mesmo muito bem recebido pelas pessoas.

Quando entro num projeto, entro sempre para ganhar!

DR André Moniz – Semanário de Felgueiras

Quais é que foram os maiores desafios que enfrentaste?
Creio que o maior desafio/ dificuldade foi quando no dia em que tomei posse, o antigo Presidente da Junta me chamou à Sede para me entregar as chaves e me colocar a par de algumas situações e eu percebo que teria de lidar com algumas dívidas que tinham ficado pendentes. O valor total das faturas era de 13.000 euros. A verdade é que os e-mails e faturas iam chegando e, ao final de um ano de mandato, foram mais de 20.000 euros cobrados. Logo que me apercebi, reuni-me com o executivo e com a equipa e referi que isto teria de ser tornado público porque nós não podíamos deixar esta informação “na gaveta”.

Quando as pessoas viessem ter connosco para nos pedir algo, o que é que eu lhes ia dizer? Não tínhamos capacidade para o fazer. Foi convocada uma Assembleia extraordinária em que reunimos toda a gente, inclusive o anterior executivo, que está atualmente com funções na Assembleia de Freguesia.

Tudo foi admitido e, por não acharem que iriam perder as eleições, a gestão estava feita à sua maneira. A verdade é que temos só de contar com aquilo que temos na altura, ninguém sabe fazer previsões. Se os mandatos têm 4 anos, é para esses 4 que trabalhamos e não para os 4 que poderão vir a seguir. Com tudo isto, ficamos com um ano “hipotecado” a nível de trabalhos para a freguesia. O meu compromisso era de no final do primeiro ano de mandato ter as dívidas pagas… e conseguimos! Neste momento não devemos um único cêntimo a ninguém. Conseguimos fazer obras mínimas, coisas que iam aparecendo no dia-a-dia, mas neste momento já conseguimos pensar em grande. Já temos muitos projetos em vista. Mas foi um primeiro ano muito difícil.


Em toda a nossa conversa dizes “sempre tive esta ideia”. Sempre quiseste chegar aqui? Ou queres algo mais?
Sempre! Primeiramente como Presidente de Junta. Sempre foi algo que eu queria fazer porque, quer queiramos, quer não, é sempre o cargo mais gratificante que podemos ter na política. Há um contacto com as pessoas que os outros cargos não têm ou não permitem. E eu gosto do contacto, gosto de estar no terreno. Digo isto, e estou aqui há pouco tempo, mas independentemente do que aconteça, serei um eterno Presidente de Junta, porque é nisto que me revejo. Futuramente, sim, tenho objetivos bastante claros para aquilo que quero fazer. Se alguém fizer isto “porque tem de ser””, acaba por se cansar. Ou se vai porque se gosta, ou não irá correr bem.

Quando é uma critica construtiva, gosto que as pessoas venham ter comigo e falem

A nível de freguesia, alguma obra que queiras destacar e que pensam fazer no futuro?
Para além das barrias, que em princípio teremos os passadiços prontos durante o mês de abril/maio, tenho noção que a maior carência a nível de rede viária é a nossa via principal, que é cargo do município. A primeira fase foi concluída e agora estamos à espera do resto. Já há cerca de 40 anos que aquela estrada está assim. E uma freguesia que faz ligação a cidades como Fafe e Guimarães e é um local com bastante indústria, há muito movimento. Quem ali passa diariamente, é doloroso. Por isso, sem dúvida alguma que um dos objetivos passa por terminar o meu mandato com essa estrada pronta. No que nos compete a nós, Junta, há obras delineadas, que são um objetivo já há muitos anos, mas não quero abrir muito o livro para já.

Última questão… vais recandidatar-te?
Como eu te disse, já tenho o meu objetivo traçado.


Elsa Ferreira

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