Sofia Soares, tem 23 anos. Natural da Lixa, é Licenciada em Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria e Multimédia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e Mestre em Marketing e Estratégia pela Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho. Apaixonada pela poesia, artes e associativismo, começou a escrever aos oito anos e nunca mais largou o papel e a caneta. “Sobressalto da Alma” tem a chancela da Chiado. Na esplanada em frente à Igreja, no centro da Lixa, a autora tinha uma plateia bem composta e com muitos jovens.
Admiradora de Fernando Pessoa, Sofia Soares, apresentou no sábado o seu
primeiro livro de poesia “Sobressalto da Alma”, que reúne 126 poemas escritos
entre 2004 e 2020.
A sessão cultural decorreu na Esplanada das Vitórias, em frente à Igreja da Lixa e contou com a declamação de poemas e uma atuação de piano e canto com “No teu poema” de Carlos do Carmo.
“É um espaço aberto dentro do que é possível neste momento, para os amigos e família”, referiu.
A autora revela que desde muito nova se sente influenciada pela obra de Fernando Pessoa, autor sobre o qual leu quase tudo. Sophia de Mello Breyner também foi uma poetisa que exerceu influencia na linha de criação de Sofia Soares. Quando aos 8 anos de idade
escreveu o seu primeiro poema, ninguém acreditou ser da sua autoria, tal era a profundidade do texto.
“A minha mãe andou a procurar na Internet porque não acreditava que tivesse sido eu a autora”, disse ao SF.
“Sobressalto da Alma” é uma espécie de coletânea de poemas postos no papel em várias fases da vida da autora, desde a infância, juventude e idade adulta.
Porquê este título?
Queria que fosse só ‘Sobressalto’, mas
por direitos de autor etc. teve que se
acrescentar de alma. A minha escrita
foi influenciada por Fernando Pessoa,
mais na parte ortónimo, porque leio
Fernando Pessoa desde muito nova.
Os poemas ás vezes parecem um pouco
confusos e que não fazem sentido.
Faço comparações ambíguas que parecem
uma confusão, mas na minha
cabeça acaba por fazer sentido e a
dada altura escrevi um poema em que
se sobressaiu a palavra ‘Sobressalto’ e
aquilo soava a algo. Fez todo o sentido
e já pensava que se um dia escrevesse
um livro que fosse esse o nome.
Uso muito esta frase que é: “Sobressalto
quer dizer um salto, mas sobressalto
também pode ser a vida”. É a
definição mais correta para esse livro.
Disse que é influenciada por Fernando
Pessoa. Na parte dos heterónimos?
Apesar de eu gostar dos heterónimos
e sobretudo de Álvaro de Campos,
o mais revolucionário, sempre
gostei mais do ortônimo porque me
identifico com as fases dele mais depressivas
a escrever e os meus poemas
também são um pouco assim.
Identifica-se com ele, numa questão
pessoal?
Um bocadinho sim. Não tanto pelas
loucuras dele. Desde muito nova que li
muitos poemas dele. Agora ando a ler
o ‘Desassossego’ e muita poesia e fui-
-me habituando àquele tipo de escrita.
Quem é Sofia Soares do ponto de
vista literário?
É alguém que ainda se está a tentar descobrir,
mas que tem uma ideia definida
do que quer e do que gosta de escrever.
O livro é uma analogia sua?
Com este livro quero passar aquilo
que penso e o que sou.
Esteve algum tempo sem escrever?
Sim, cerca de dois anos, na altura do
falecimento da avó. É o tal bloqueio
que dizem que todos os escritores
têm. Um dia senti um clique na escola
onde estudei e voltei.
Quando é que escreve?
Sobretudo à noite.
O que espera deste livro?
Não estou á espera de atingir vendas,
mas que as pessoas gostem.