No passado dia 11 de Setembro, junto à Estação do Correio, encontrei um amigo que já não via, e com quem também já não falava, há mais de dez anos.
– Leonardo, que nasceu na Vila de Felgueiras, vive no centro da Vila de Barrosas há mais de trinta anos. Quando o cumprimentei, bem como à sua esposa, e lhe perguntei, por aqui?… ele respondeu:
– Sabes, Quintela; «por aqui não se passa nada e por isso eu só venho à Felgueiras quando tenho de tratar de assuntos administrativos, Fora disso, é em Barrosas ou em Vizela que passo o meu tempo de lazer».
– Enquanto falava com o Leonardo, não deixava de observar o espaço, tendo reparado que no jardim só se encontravam três ou quatro pessoas e que nas imediações do mesmo eram poucos os transeuntes que por aí deambulavam. O dia estava cinzento, no espaço as nuvens negras eram mais que muitas e por cima da Câmara Municipal parecia que ia trovejar…
No entretanto lembrei-me que tinha acabado de sair do Café Jardim, onde àquela hora da tarde poucas pessoas permaneciam, e onde, momentos antes, com dois ou três amigos diferentes, também não deixamos de recordar três datas trágicas ocorridas em anos diferentes neste mesmo dia: o golpe militar no Chile em 1973, que levou à destituição e morte do presidente Salvador Alende; o dia 11 de Setembro de 1985 – data em que dois comboios chocaram de frente perto de Alcafache tirando a vida a mais de 150 pessoas; e o ataque às Torres Gémeas em World Trade Center-Nova York no ano de 2001, que vitimou mortalmente cerca de três mil pessoas.
Falando, de seguida, com o Leonardo, sobre as eleições autárquicas no concelho, ele que desde o 25 de Abril de 1974 é um fervoroso apoiante do Partido Socialista, acrescentou: – oh Quintela; «neste momento ainda não sei em quem irei votar, mas nos que lá estão, nem pensar»! «Aquilo de PS não tem ponta por onde se lhe pegue, e quando terminar o sem tempo, é bem possível que a podridão que agora se encontra escondida se venha a revelar, e quando isso acontecer, de PS não venha a sobrar nada de bom»!
«Gostava de votar na Marta, não por gostar do PSD, mas por achar que Felgueiras precisa novamente de uma mulher à frente da Câmara. Mas ainda não sei, vamos ver». Por seu turno, a sua esposa, que desde o princípio se encontrava a acompanhar a conversa, logo, logo, exclamou: «o meu marido, que é socialista ainda não sabe, mas eu, que também o sou, vou votar na Marta, não só por ela ser uma mulher, mas, também, por me perecer que ela irá trazer uma frescura importante à vida municipal do nosso concelho; mas digo mais: em regra, as mulheres são mais ponderadas, mais equilibradas e mais transparentes na gestão dos dinheiros públicos, o que não acontece agora, onde a sobrevivência política só acontece à custa do endividamento reinante»!
Por outro lado – retorquiu o Leonardo: «também gostava de votar no Eduardo Teixeira, nele sim… não só para tirar a maioria absoluta aos que já lá estão, mas, sobretudo, por ser preciso na Câmara uma boa oposição, o que nestes últimos quatro anos não se viu. E se eu, até ao dia das eleições sentir que ele precisa do meu voto para ser eleito Vereador, por certo que o terá, só que, até agora ainda não me sinto decidido».
Por último, disse-me ainda o Leonardo: «encontrando-me ainda muito indeciso sobre o meu voto para a Câmara Municipal, se calhar vou ajudar aquele que neste momento menos condições me parece ter para chegar a presidente. E sabes por quê? – porque é aquele que do meu ponto de vista reúne mais requisitos para ser o melhor presidente da Câmara nos próximos quatro anos».
– E quem é esse, indaguei:
– «É o Manuel de Jesus, o filho da falecida Dª. Lisete, a Enfermeira que conheci muito bem e que de mim tão bem tratou há muitos anos atrás»!
– Sabes Quintela: ele já andou por Barrosas a fazer um porta-a-porta e eu gostei muito do discurso dele. E depois de o ouvir falar da defesa do Comércio de Rua e de muitas outras matérias importantes, não tenho nenhuma dúvida, de que ele, se conseguir lá chegar, será o melhor presidente da Câmara para os próximos quatro anos».
– E tu, Quintela, em quem vais votar?
Apanhado de surpresa, respondi: – de momento encontro-me igual a ti, dentro de um imenso oceano de indecisão. Vou escrever a próxima crónica jornalística com base na conversa que aqui esmiuçamos hoje, e depois, logo se vê, sendo que para a Assembleia Municipal, já me encontro inclinado a votar naquele que desde às várias décadas a esta parte reúne as melhores condições para o exercício do cargo, e para a Junta da União das Freguesias da cidade, num dos melhores de sempre, tanto mais, porque, em tempos de enganos, p’ra pior já basta assim!
“Texto escrito segundo o anterior Acordo Ortográfico“
José Quintela