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Não atires a toalha ao chão

Há momentos em que o cansaço vence o entusiasmo.
Momentos em que olhamos à volta e parece que tudo fica na mesma: os problemas repetem-se, as soluções não chegam, e o esforço de quem tenta fazer a diferença parece não ser reconhecido.

É nesses instantes que muitos sentem vontade de desistir, de deixar de participar, de lutar por uma Felgueiras melhor.
E é nesses dias que nasce o impulso mais perigoso de todos: o de atirar a toalha ao chão.

Recebi recentemente o desabafo de um leitor, alguém que há mais de duas décadas escolheu Felgueiras para viver e que, entre a frustração e o desalento, escreveu: “Já não há pachorra para ver os mesmos problemas sem solução, para sentir que nada muda, para ver esta terra a ficar para trás.”.

Palavras duras e honestas.
Traduzem o que muitos pensam, mas ainda assim são, pelos vistos, uma minoria. Não posso afirmar que não têm coragem de dizer, porque no segredo do voto, a esmagadora maioria disse SIM. As pessoas estão satisfeitas com que tem e posso concluir que “Estão Felizes”.

Mas estes desabafos traduzem também a dor de quem tentou, de quem quis participar, de quem se expôs para contribuir e se sentiu desolado e excluído de um todo “grande” a quem parece que está tudo bem, que a terra está diferente e cresceu.

Mas é precisamente a essas pessoas que este editorial se dirige: não atires a toalha ao chão.
Felgueiras, como qualquer outra terra, não muda por decreto, nem por vontade divina, nem apenas por quem ganha eleições.
Muda por insistência.
Muda por inconformismo.
Muda quando, mesmo cansados, não deixamos de exigir melhor.
Quando continuamos a reportar um semáforo avariado, mesmo que ninguém nos ouça.
Quando não deixamos que o desleixo se torne paisagem.
Quando não desistimos de acreditar que a voz de todos (apesar de menos) também conta.

As eleições passaram. Uns venceram, outros perderam.

Mas a vida continua, para todos. Para quem venceu, a responsabilidade de governar com humildade, de ouvir mais do que fala, de unir em vez de dividir. Para quem perdeu, o dever cívico de continuar a participar, de fiscalizar, de propor, de estar presente.

A democracia não é uma maratona que termina nas urnas. É um caminho que se faz a cada dia, com os passos de quem não desiste.

Felgueiras precisa de todos e precisa de CRESCER, de ter melhor qualidade de vida, de fixar os jovens e os menos jovens (perceber porque tantos vão embora?), de melhores e mais confortáveis equipamentos de educação e infra-estruturas de desporto, de diversificar a oferta desportiva, de mais cultura consistente e não pontual e de convencer as pessoas a “VIVER NA CIDADE”, a passar os seus tempos livres em família no concelho, a festejar cá (e não apenas no S. Pedro e na festa dos Bombos – que são 4/5 dias por ano), precisa de um parque da cidade, precisa de mais habitação, precisa de uma boa rede viária e transportes públicos dignos de uma capital do calçado, precisa de massa crítica, de reconhecer valores e princípios fundamentais de convivência em sociedade e apesar da maioria indiscutível do SIM, eu faço parte daqueles que querem muito mais para Felgueiras.

Felgueiras precisa de quem não se cala, de quem insiste, mesmo quando parece que ninguém escuta. Porque o pior que nos pode acontecer não é perder uma eleição — é perder a esperança de ter uma vida melhor.

O desabafo do leitor continua “Até em pequenos detalhes se percebe quão pequena parece ser Felgueiras…afugentando tudo e todos! Desisto! Desisto de tentar fazer pelo melhor!
Limitar-me-ei a assobiar para o lado (contra os meus princípios) perante os assuntos do quotidiano e seguir a minha vida trabalhando com os olhos nos 20 anos de trabalho que pretendo exercer até à minha reforma (se lá chegar…).Estou desejoso por encontrar uma alternativa para deixar Felgueiras.
Simplesmente não me identifico.
Preferem o Nininho Vaz Maia a investir o erário municipal noutras áreas bem mais importantes e mais direccionadas a uma maior amostra da população? Então que seja!”

Por isto e por todos os que como ele sentem hoje o peso da desilusão, deixo este apelo:
Respirem fundo. Levantem-se e Continuem.
Felgueiras só será melhor se os melhores não desistirem dela e se não forem embora!
Não atires a toalha ao chão.

Susana Faria

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