Artigo de opinião publicado na edição 1483 de 24 de outubro de 2025
Alegadamente, William Edwards Deming e a Peter Drucker proferiram a seguinte frase: “o que não pode ser medido não pode ser gerido”, que no fundo significa que para gerir eficazmente qualquer trabalho, estudo, projecto ou empresa, é importante usar dados e métricas para monitorizar o desempenho.
“Sem medição, é impossível identificar problemas, avaliar a eficácia de ações, estabelecer metas realistas e tomar decisões informadas para melhorar continuamente os resultados”.
Ora, após mais uma inequívoca e forte manifestação do voto popular, a confiança e aposta foi reiterada no slogan realista, verdadeiro, baseado em factos e evidências. O “trabalho” está no terreno e é factual, a “dedicação” é plena e, pois, só quem sente por perto esta exigência de ser autarca sabe ler a entrega ao projecto político cujos sacrifícios pessoais, familiares e até profissionais são incalculáveis, e por fim a “proximidade” é uma evidência pois existe uma aproximação ao munícipe como eu nunca vi antes.
Uns desafios continuam, outros se levantam, mas na minha perspectiva o desempenho de uma autarquia não deveria ter uma métrica indexada a um ou mais mandatos. Nem a métrica nem o discurso político deveriam insistir em fases estanques e deveriam ser considerados um continum pois quem sai, não sai sem deixar um rasto de trabalho e quem entra não começa do zero. E a maioria dos projectos já têm raízes no passado.
Porém, o resultados de todos os mandatos pluripartidários no seu conjunto deve e tem de ser medido, por isso nesta lógica, gostaria de trazer à luz um estudo elaborado pelo Instituto +Liberdade (https://maisliberdade.pt/) onde reuniram variadíssimas estatísticas, dados e informações coligidas em grupos, com métricas bem definidas e descritas pormenorizadamente dando relevância aos critérios escolhidos (https://maisliberdade.pt/noticias/ranking-da-competitividade-municipal-2025/).
Neste estudo estão plasmadas as várias categorias elencadas e num ranking classificam os municípios com mais de 10.000 habitantes em 2025, e claro inclui-se a cidade de Felgueiras.

Através da tabela dinâmica podem pesquisar-se livremente as várias categorias e fazer comparações tal e qual como faço abaixo com uma outra localidade que vive e respira “o calçado” – S. J. Madeira.
Facto curioso que salta à vista é que a população de SJM é menos de metade da população de Felgueiras, mas mesmo assim SJM bate Felgueiras em quase tudo aos pontos: 8 em 10.
São apresentadas as seguintes categorias e a respectivas posições de Felgueiras face ao conjunto global.
- Rendimentos familiares: 143º em 186
- Capital Humano: 137º em 186
- Capital Produtivo: 77º em 186
- Saúde: 163º em 186
- Educação: 19º em 186º
- Habitação: 35º em 186
- Cultura e Entretenimento: 158º em 186
- Proteção e Justiça: 17º em 186
- Serviços essenciais e ferrovia: 169º em 186
- Fiscalidade e endividamento autárquico: 95º em 186
- Competitividade: 80º em 186
Muitas e variadíssimas análises podem e devem ser feitas de forma a tornar Felgueiras atractiva de modo a criar motivos para a fixação dos mais jovens.
Neste momento, apesar do gáudio geral e colectivo ante muitas e importantíssimas conquistas, percebe-se que o atraso face a outros concelhos é muito grande… estamos em 2025 e não em 1985.
Urge colocar todo o conhecimento, toda a lei, toda a vontade no sentido de optimizar a vida pública, ajudar a resolver os problemas do quotidiano sempre com o foco no munícipe.
Criar um sistema de registo das inconformidades de modo a evitar duplicação ou desistência de comunicar essas mesmas inconformidades. Urge fazer mais pedagogia no sentido de uma maior urbanidade. Só com a participação cívica de todos se pode melhorar um município que tem um “velho do Restelo escondido em cada esquina”. Às vezes parece haver uma espécie de “linha de Maginot” que impede a evolução…
E o tempo passa …
Bruno Duarte Bessa




