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Popularidade passa. Seriedade fica.

Editorial publicado na edição 1482 de 8 de outubro de 2025

Os meus almoços semanais são na sua maioria, bons momentos de discussão de ideias, com acesa partilha de opiniões e defesa de posições.
Numa família em que todos têm opinião e nem sempre unânime, os almoços são bem participados.

Hoje o tema não podia deixar de ser as eleições autárquicas e os seus candidatos. A conversa aqueceu sobre o tema e as pessoas. Porque mais que partidos todos sabemos que o que está em causa são as pessoas que nos representam e que decidem em nome de todos nós quais as prioridades para Felgueiras.

Uns entendem que a vitória é certa para quem está no poder, outros tem esperança que haja alguma surpresa, mas todos concordam que muitos se guardam para 2029 e muitos dos que estão unidos e acreditam hoje, no dia 13 outubro começam a corrida em pista própria.

Enfim, teorias, previsões,… Prognósticos!!

O ponto de discussão em que todos estivemos de acordo foi que a qualidade que existia no passado e que da qual não se abdicava e constituía a primeira premissa para ser candidato, se alterou drasticamente, a Seriedade!

A poucos dias das eleições autárquicas, e mais uma vez assistimos ao mesmo desfile de sorrisos fáceis, promessas vãs e frases feitas. Multiplicam-se as fotografias nas feiras, os vídeos nas redes sociais, os beijos e abraços estrategicamente distribuídos.

Tudo em nome da popularidade, essa palavra que, nos tempos que correm, parece valer mais do que competência, trabalho ou integridade.
Mas é bom dizê-lo: a popularidade não é sinónimo de seriedade.

E é precisamente a seriedade que devia ser o primeiro critério para escolher quem queremos à frente das nossas autarquias.
Seriedade é não prometer o impossível só para arrancar um aplauso.
Seriedade é respeitar as pessoas e o dinheiro de todos nós (mesmo quando ninguém está a ver).
Seriedade é ter a coragem de dizer “não” quando é mais fácil agradar a todos.
Seriedade é servir.

Infelizmente, nem todas as candidaturas que se apresentam aos eleitores podem dizer que a têm. Algumas vivem de aparência, de campanhas bem produzidas e de frases ensaiadas. Outras acreditam que basta ser conhecido, ou engraçado para ser eleito.
Mas quem confunde política com espetáculo acaba por governar com superficialidade. E os municípios pagam caro por isso.

Os autarcas sérios não são, por norma, os mais mediáticos. São os que estudam os dossiers, os que escutam em silêncio, os que planeiam a longo prazo, mesmo sabendo que o fruto pode não ser colhido no seu mandato.
São esses que fazem falta à política — e são esses que, mais do que nunca, merecem o voto dos cidadãos.

A seriedade é, talvez, a qualidade mais rara e, paradoxalmente, a mais necessária na vida pública. Exige que se diga a verdade, mesmo quando ela não rende votos. Exige que se planeie com rigor, que se cumpram promessas possíveis e que se tenha a humildade de reconhecer limites.

Ser sério é respeitar o dinheiro público, é tomar decisões com base em critérios objetivos e não em conveniências momentâneas. É colocar o interesse comum acima do interesse pessoal, partidário ou eleitoral.

Porque no fim de contas, popularidade passa. Seriedade fica.

Susana Faria

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