Artigo de opinião publicado na edição 1482 de 8 de outubro de 2025
Sendo consabido que os portugueses valorizam genuinamente o Poder Local, eis-nos, de novo, no final de mais uma campanha eleitoral.
Pela décima segunda vez, vamos escolher aqueles que até 2029, irão conduzir os destinos da Câmara e Assembleia Municipais, bem como, os vinte presidentes de Juntas ao nível autárquico para as freguesias.
Não nos podendo esquecer que a política vive de ciclos, é muito provável que Nuno Fonseca venha a ser o escolhido para uma terceira vida, já que as eleições tendem a favorecer quem está no poder.
Mas se não deixarmos de ter em conta que as vitórias do “Sim Acredita”“, em 1917 e de Carlos Moedas, em Lisboa, em 2021, foram inesperadas, e que em democracia não há vitórias antecipadas, será de bom tom que as demais candidaturas, designadamente a encabeçada por Marta Rocha, não deixe de acreditar, porque, tal como ela, já antes o afirmou, sendo muito difícil «é possível a vitória das autárquicas de (12) de Outubro».
Reconhecendo muitos felgueirenses, que o actual mandato de Nuno Fonseca, no plano da acção concreta, foi apenas suficiente, este tanto pode servir para “passar” como para “reprovar“, sendo muito provável que se venha a manter no poder, por o eleitorado, não obstante muito descontente com a sua gestão, ainda se não mostrar disponível para qualquer mudança.
Por conseguinte, não é nada espectável que o dia do fim de Nuno Fonseca se encontre já à vista.
Todavia, sendo muito difícil, a vitória de Marta Rocha continua a ser possível, porque:
» nestes últimos oito anos, o “Sim Acredita” tendo transformado a política local num bicho viscoso, por ter suprimido quase todas as vozes discordantes, também não ter um projecto de futuro para os próximos anos. Repare-se, que não existe nenhum projecto de Planeamento Urbanístico digno desse nome para a próxima década, assim como, também ainda não há, um projecto credível para proceder à implementação de um Pavilhão Multiusos na cidade de Felgueiras.
» Outrossim, também não existe, nem ao nível municipal, nem inter-municipal, qualquer projecto para solucionar a problemática dos transportes no concelho e na região, sendo que ao nível da ferrovia, oito anos depois, ainda não é possível vislumbrar qualquer luz ao fundo do túnel.
» Por outro lado, também não existe qualquer projecto credível e exequível ao nível de construção de habitações nas duas cidades, sendo que o anterior, de 120 fogos para a cidade de Felgueiras, a custos controlados, no âmbito da Estratégia Local de Habitação, já era, constituindo-se os argumentos que se conhecem numa inusitada fanfarronice por se pretender imputar a outros responsabilidades que só a nós cabem.
» Finalmente, importando assinalar que nestes últimos oito anos, sendo muito consideráveis os recursos financeiros que o município teve ao seu dispor, não se vendo até aqui resultados convergentes e compagináveis com tanto dinheiro, mais importante do que tudo o que se fez, será de assinalar o que ficou para fazer, tanto por incapacidade reinante, como por desperdícios contínuos de administração, designadamente no domínio da crescente Despesa Corrente com recrutamento injustificado de mais, sempre mais, pessoal.
E sendo muito positivo o investimento de vinte milhões de euros na Zona Industrial de Barrancas, o qual se irá traduzir num enorme feito ao nível da sustentabilidade e do emprego no concelho, a verdade é que esse exercício não explica tudo, uma vez que continuamos muito atrasados na execução dos projectos de expansão do Saneamento Básico, e no sector Social, onde nem sequer fomos capazes de implantar as sete creches a que nos comprometemos.
No dia 12 de Outubro, independentemente da expressão de voto que iremos assumir, será imperioso desde já estabelecermos um novo compromisso de cidadania, o qual passa por instar os felgueirenses para que votem bem, e que por via desta forma todos possamos contribuir para que a política local, sendo agora um Bicho Viscoso, não se venha a transformar num Rinoceronte Sem Dentes.
“Texto escrito segundo o antigo Acordo Ortográfico“
José Quintela




