A Assembleia Municipal de Felgueiras está “divorciada” dos cidadãos que devia servir. É este o diagnóstico de Fernando Vasconcelos, candidato da CDU pela terceira vez ao órgão, que critica um “palco de ineficácia” e propõe uma reforma para reaproximar a política dos problemas reais da população. A sua visão passa por revitalizar a assembleia, transformando-a num verdadeiro pilar da democracia local através de uma maior participação cívica e fiscalização rigorosa.
Numa entrevista ao SF Jornal, o candidato comunista indicou que a AM, que deveria ser o coração da governação local, tornou-se um órgão “disfuncional”, denunciando um “conluio” entre PS e PSD que limita o debate produtivo, transformando as sessões em palcos para “ataques pessoais” onde se perde tempo precioso. Na sua ótica, o papel da Assembleia foi reduzido a uma mera função de “aprovar ou não aprovar e para fiscalizar a vereação da Câmara”, em vez de ser um motor de soluções. Esta limitação é sentida de forma ainda mais aguda pelos cidadãos, cujo tempo de intervenção é de apenas três minutos por cada intervenção, um período que, na sua opinião pessoal, é manifestamente insuficiente para expor problemas complexos.
Perante este bloqueio, que considera prejudicial para a democracia local, Fernando Vasconcelos apresenta uma proposta de reforma centrada na devolução do poder aos cidadãos. Longe de se ficar pela crítica, a visão da CDU é construtiva, propondo a criação de “pelo menos duas assembleias viradas especificamente às queixas dos locais”. O objetivo é dar aos munícipes uma plataforma eficaz para exporem o que “funciona e que aquilo que não funciona”, garantindo que as decisões políticas refletem as “realidades” do terreno e forçando os eleitos a auscultar as populações.
Para o candidato, é precisamente o foco em disputas políticas que permite a perpetuação de problemas estruturais que afetam a qualidade de vida em Felgueiras. A ineficácia da Assembleia, defende, tem consequências diretas no dia a dia dos cidadãos, com várias questões urgentes a serem sistematicamente negligenciadas, nomeadamente na mobilidade e no atraso crítico no saneamento e abastecimento de água, que coloca Felgueiras entre os concelhos “mais atrasados” da região.
O candidato alertou, ainda, para o caso “gravíssimo” do Bairro João Paulo I, onde, na sua avaliação enquanto profissional ligado à construção civil, existem sérios riscos estruturais nos edifícios e problemas nos acessos, evidenciando uma falta de “preocupação” por parte da autarquia e denuncia o planeamento deficiente, com obras concentradas no final do mandato que, por vezes, “não são úteis” para os felgueirenses.
Relembrado da máxima da campanha da CDU, descrita como “uma candidatura para com as pessoas”, Fernando Vasconcelos concorda e reforça o apelo a uma Assembleia Municipal mais ativa e corajosa. Conclui, defendendo que o órgão deve assumir a sua responsabilidade não apenas na fiscalização, mas também na proposta de soluções e na defesa intransigente dos interesses de Felgueiras junto do poder central.




