O ex-deputado felgueirense António Pedro Faria disse esta semana ao SF Jornal que caso seja eleito à Assembleia Municipal de Felgueiras, procurará alterar o regimento de forma a que este órgão fiscalizador vá ao encontro dos cidadãos, descentralizando as reuniões e promovendo uma cultura de participação ativa.
Esta é uma das bandeiras do candidato da coligação Sim Acredita (Livre/PS) às eleições autárquicas de 12 de outubro e um de vários temas abordados na entrevista realizada pelo SF Jornal, em vídeo.
Reuniões onde estão as pessoas
Imagine-se a AM reunida em Barrosas, Longra, Lixa ou Longa, e não apenas na sede do concelho. Para António Faria, esta rotação dos cinco encontros anuais entre os quatro polos urbanos de Felgueiras tem um objetivo claro: “Permitir que as pessoas possam ir assistir e não tenham que se deslocar sempre à sede do concelho”. Segundo o candidato, a descentralização responde ao diagnóstico de um órgão político visto como distante, e usa o território para convidar a participação pública presencial num exercício de cidadania local.
A proximidade da AM à comunidade passa também pelo tempo de palavra reservado ao público, acrescentou. Faria quer “encurtar o período antes da ordem do dia”, que consome cerca de uma hora e meia em cada reunião, para permitir que o público intervenha mais cedo e com maior frequência. Esta, e outras alterações ao regimento, que o candidato admite ter sido o seu “livro de cabeceira” durante as férias de verão, é vista como uma das formas de trazer mais vozes à política concelhia, sublinhou.
“Conseguir captar cada vez mais jovens para aquilo que é o interesse da política”, – afirmou – frisando que é um objetivo tão importante quanto a descentralização.
Se hoje todas as reuniões ordinárias são transmitidas pelas redes sociais, o desafio está em tornar as sessões “apetecíveis de ver, de ouvir”, e instigar não só a passividade do espectador, mas a participação ativa do jovem cidadão. Para isso, Faria aposta na dignificação do órgão e da política, valorizando “o nível de qualidade” do debate, e propondo consensos entre forças políticas para que a AM seja “um lugar apetecível de participar”.
A valorização da Assembleia Municipal não se faz apenas por novos rostos, mas também pela experiência e abertura ao diálogo. Faria lamenta “alguns comportamentos” recentes nas sessões e destaca que “comigo haverá sempre entendimentos, haverá sempre conversas com todos, independentemente do resultado que venha a surgir”. O candidato promete disponibilidade e uma busca ativa de consensos para dignificar o órgão fiscalizador e o processo democrático local.
Aposta na modernização: de votos à eficiência
Mais do que descentralização, o candidato do Sim Acredita propõe eficiência, recordando que os votos de pesar, congratulação e louvor — que consomem tempo e por vezes desmotivam o público — possam ser resolvidos na comissão permanente, reservando exceções para situações imprevisíveis.
Salienta, ainda, que pretende trazer para Felgueiras as boas práticas que observou na Assembleia da República, enquanto deputado em duas legislaturas, apostando numa lógica de modernização participada e convergente.
E nunca deixa de sublinhar o papel máximo da AM na fiscalização do executivo. “Aquelas decisões mais importantes que são tomadas pelo executivo municipal têm que ser sempre aprovadas na Assembleia Municipal”, lembra, defendendo que sem esse aval não há obras nem orçamento.
O candidato, que é militante do Partido Socialista desde 1992, questionado sobre os resultados menos favoráveis do PS nas legislativas de março de 2025, diz que não está preocupado e recusa-se a comparar modelos eleitorais: “As pessoas distinguem o voto local, conhecem os candidatos pelo nome e há maior proximidade. Não tem qualquer ligação”, frisou.
Sobre a candidatura do Sim Acredita, com Nuno Fonseca à procura da eleição a um terceiro mandato no executivo da Câmara de Felgueiras, António Faria salienta que está alinhada com o mesmo projeto que prevê “dignidade e desenvolvimento” desde 2017, fazendo questão de evidenciar o trabalho já feito.
Entre as marcas do executivo de Nuno Fonseca aponta para o alargamento da rede de saneamento e água — apesar das críticas pela deterioração da rede viária, agora em recuperação — o desenvolvimento da zona industrial de Barrancas como resposta à crise no setor do calçado, o desbloqueio do Plano Diretor Municipal (PDM) e uma aposta na habitação, combinando investimento público e privado.
Um olhar para o futuro
Entre descentralização, participação jovem e dignificação política, António Faria apresenta-se como um candidato que acredita poder renovar a Assembleia Municipal de Felgueiras, propondo uma proximidade real ao cidadão e respondendo aos desafios da democracia local com talento político e vontade de aproximar quem decide de quem sente os efeitos das decisões.
