Artigo publicado na edição 1476 do SF
Milhares participam no Cortejo das Flores, uma das maiores manifestações culturais e religiosas do Norte do país.
Felgueiras volta a viver, com alma e tradição o Cortejo das Flores, uma celebração que se perlonga há mais de 125 anos. Une freguesias, grupos e associações, que ano após ano percorrem o caminho até ao Monte de Santa Quitéria.
Crianças, jovens e idosos juntam-se nesta peregrinação, onde a gratidão e a esperança se vê nos rostos comovidos de quem participa. Ao longo do percurso, as ruas da cidade encheram-se de vida, de trajes típicos e música, já nas mãos ou equilibrados à cabeça das mulheres vão os tradicionais cestos de flores, símbolo vivo da devoção que marca este dia.
Nem o calor foi capaz de demover os participantes, que sobem o íngreme monte de St. Quitéria passando pelas oito capelinhas, contam uma a uma, e vão apoiando-se uns aos outros com o objetivo de chegar à alameda. No destino, aos pés da imagem do Imaculado Coração de Maria, cada flor é uma deixada com gratidão, esboçam-se sorrisos e um sentimento de dever cumprido.
É um momento que une milhares de pessoas, não só quem participa, mas também quem vem ver o cortejo passar. Os mais velhos incentivam os mais novos a participar, querem deixar o legado que precisa dos mais novos para se continuar a cumprir. O cortejo nunca parou de sair às ruas, mesmo em tempo de pandemia em que um casal de cada freguesia ou grupo foram deixar as flores, não deixando de celebrar a fé.
Mais do que um evento religioso, o Cortejo das Flores é um ato coletivo de memória e identidade. Uma manifestação que, mesmo com o passar do tempo, continua a afirmar-se como uma das maiores manifestações culturais e religiosas do norte do país.
Rui Morais
