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Chora Pedro

Nas eleições do passado dia 18 de Maio não houve surpresas.

Tendo  provocado uma crise política desnecessária, Pedro Nuno Santos acabou por determinar o veredicto que se conheceu, tornando-se, assim, ele e o PS, os mais penalizados da contenda eleitoral.

Ao não ter percebido em tempo útil que o seu partido deveria ter optado pela abstenção na moção de confiança apresentada pelo governo, Pedro Nuno Santos demonstrou imaturidade e irresponsabilidade, aliás, sinais já anteriormente patenteados, designadamente quando detinha o cargo de Ministro das Infra-estruturas. E tendo pressa, ele mesmo, de chegar ao cargo de Primeiro-Ministro, precipitou-se, fazendo com que o seu partido viesse a ser o mais penalizado com relação à crise que ele próprio provocou.

Não tendo sabido interpretar a conjuntura política que estávamos a viver, são agora bem visíveis todos os sinais negativos da sua imprudência.

Encontrando-se em estado pré-comatoso, o PS não tem agora como fazer exigências, pelo que só lhe restará viabilizar o próximo programa do governo, bem como o Orçamento Geral de Estado para 2026.

Com a abstenção que não quis emprestar antes ao país, o PS,  se mostrar agora igual pressa à que antes se viu, tão cedo não irá recuperar a posição perdida, pelo que no presente se encontra apenas compelido a rever o seu posicionamento político, sendo esse  absolutamente indispensável para se poder constituir no garante da estabilidade política para os próximos dois/quatro anos.

Como se pode verificar, com os resultados por si obtidos, o CHEGA não cresceu à custa da AD(PSD+CDS), mas sim do PS, e por este, sob a direcção de Pedro Nuno Santos ter uma ardente e doentia pressa para chegar ao poder, e em função dessa “doença“, se ter manifestamente precipitado.

Por consequência dessa precipitação, o Chega, além de ultrapassar o PS  em número de deputados; foi mais forte do que este partido em 121 concelhos. É obra!

Eu, que até gosto do estilo político de Pedro Nuno Santos!, e que contava com ele para, um dia mais à frente, realizar um desejo que guardo há cinquenta anos, o qual consiste na formação de um governo verdadeiramente de esquerda por ele chefiado que integrasse ministro(s) do LIVRE, da CDU e do Bloco de Esquerda, constato agora que esse sonho jamais se realizará enquanto em for vivo, porque, além de Pedro Nuno Santos não dever, jamais, chegar ao cargo de Primeiro Ministro, também a CDU nem o Bloco, jamais terão a força necessária para contribuírem para esse fim, tendo em conta que, de eleição em eleição, não têm parado de perder votos e deputados.

E sendo que esse desiderato está hoje mais longe de se poder realizar, encontro-me deveras deprimido, por ter definitivamente percebido e assimilado que, devido à imprecaução política de Pedro Nuno Santos, esse sonho, que resulta desde Abril de 1975 – primeiras eleições livres -, jamais se concretizará.

Porém, neste novo contexto isto é o que menos importa.

O que mais importa e o que agora  interessa analisar, será o quadro social que deu origem aos ganhos do CHEGA  – mais 3 distritos e mais 49 concelhos, e ao pior resultado do PS desde 1987, sendo que os recorrentes enfraquecimentos da CDU e do Bloco têm leituras mais óbvias, às quais prestarei melhor atenção na minha crónica seguinte.

Sabendo-se, como se sabe, que o eleitorado do CHEGA não é reaccionário, e que na sua maioria, são mulheres e homens muito humildes, com iguais esperanças e expectativas às de centenas de milhares que antes votavam nas três forças de esquerda aqui referenciadas, é entendível, que por terem vivido similares frustrações e acumulados iguais desapontamentos políticos com relação a quem nos tem governado, se tenham decidido, e desde 2019, a começarem a transferir o seu voto para este Partido.

Também em Felgueiras, tal como acontece noutros pontos do país, há falta de habitação pública e crescentes preocupações de segurança, sendo que alguma da primeira, sempre muito escassa, tem vindo a ser preferencialmente entregue a emigrantes, o que aqui ou ali já se vem traduzindo em sinais de descontentamento e revolta por parte das comunidades locais.

Repare-se que onde o CHEGA cresceu, foi nas localidades onde existe mais emigração, não sendo despiciendo considerar  que em Felgueiras, todos estes sinais, sendo incontestavelmente muito evidentes, também terão servido para o grande crescimento local deste Partido.

A Esquerda em conjunto teve uma derrota tão grande, que a AD, o CHEGA e a INICIATIVA LIBERAL ficaram com as mãos limpas para poderem protagonizar ao seu belo sabor uma Revisão Constitucional à margem e contra todos os melhores princípios da Esquerda, e tudo isto por responsabilidade da direcção do principal partido da Esquerda Portuguesa.

Por outro lado, não sendo justo poupar nas palavras, será este também um bom momento para zurzir nas esquerdas revolucionárias, mostrando-lhes o quanto têm falhado na gestão de sua vida política, e que em progressão moribunda contínua de pouco servirão para a defesa dos ideais pelos quais sempre se bateram, ainda que sejam oportunos, interessantes e motivadores os renovados apelos  de resistência de todos aqueles que durante as ultimas três décadas tantos e tão recorrentes erros cometeram. Responder com indignação já não chega, sendo por isso decisivo mobilizar-nos, todos. todos, todos para os próximos tempos de resistência.

Concordando com Pedro Nuno Santos sobre o que diz respeito à parábola por ele utilizada na hora em que na noite eleitoral falou ao país – de que «só é derrotado quem deixa de lutar» – garanto que ele pode contar comigo na mesma luta, ele no campo político em que se situa e eu no quadro revolucionário onde me continuarei a certificar, nomeadamente, e também, neste espaço de opinião jornalística, ao qual pretendia renunciar, mas que agora, com a permissão de sempre da distintíssima directora do jornal, já não desejo fazê-lo.. “

Texto escrito segundo o anterior Acordo Ortográfico

José Quintela

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