Há caminhos que se percorrem em silêncio, antes de darem grandes passos, e há vozes que só se encontram verdadeiramente depois do caminho percorrido. A trajetória de Beatriz Teixeira é reflexo de que os sonhos deixam marcas. Aos 21 anos, divide-se entre Felgueiras — onde nasceu, cresceu e o gosto pela música começou — e a grande Lisboa, onde estuda direito e molda o futuro com a mesma entrega com que se dedica à música. Esta sexta-feira a jovem felgueirense lança uma música original, a “Miragem”, que sem filtros reflete sobre a sua própria trajetória, feita de dúvidas, sonhos e descobertas. Esta canção não marca apenas um lançamento: é o reflexo de um reencontro na música, depois de ter participado no programa “Pequenos Gigantes” da TVI e ter iniciado o seu percurso musical, ter trabalhado com nomes conhecidos e subido a vários palcos do país. A artista teve à conversa com o SF, onde partilhou, em exclusivo, mais sobre este single.
Regressas aos holofotes com um som original. A que é que sabe este lançamento?
No fundo eu nunca parei de trabalhar na música, mas sentia que tinha de trabalhar em mim, na imagem que gostaria de construir enquanto artista que tinha participado num programa de televisão aos 11 anos e que cantava música de outros artistas, precisei de me encontrar. Afastei-me um pouco dos palcos, mas essa pausa teve um propósito. Esta nova música é também sobre isso e é sinónimo de muito esforço. Queria lançar algo que fosse muito eu, os meus sentimentos e que chegasse às pessoas com o intuíto de conhecerem a minha trajetória e a minha música e que, de certa forma, se identificassem com ela.
Foi um regresso no tempo certo?
Ainda que tenha sido difícil deixar de lançar coisas novas, acredito que esta música foi publicada no tempo certo. O caminho até aqui foi também importante e sem pressão, o que me levou a construir uma música que reflete aquilo que sinto. Acima de tudo, considero que surge na altura certa da minha vida e olhando para trás faz sentido, porque surge numa época em que me encontrei.
Sobre o que é que fala a “Miragem”?
Este single fala sobre o meu sonho na música e do próprio caminho que tive de percorrer até construir algo. O título é também referência a isso e à frase inicial da canção, onde questiono quem me vendeu este sonho de fazer música, que é algo tão incerto. Acredito que este lançamento reflete tudo o que fui sentindo e sinto para estar onde estou hoje. Mas para mim, a “Miragem” é muito mais do que uma música, é uma história cheia de sentimentos verdadeiros e marcas invisíveis que com o tempo aceitei a sua importância e o porquê de terem surgido. Mas este som permite, ainda, aos próprios ouvintes sentirem e interpretarem a letra à sua imagem e às suas vivências, sendo também essa proximidade que gostaria de criar com quem acompanha o meu trabalho.
Além da música foi também lançado o vídeo-clip. Como é que foi esta experiência?
Foi um momento histórico e ao mesmo tempo caótico [sorri], porque no primeiro dia de gravações aconteceu o apagão que paralisou o país, mas tivemos a sorte de conseguir um gerador e continuar a filmagem. Mas foi também um momento muito gratificante porque foi o meu primeiro vídeo-clip. Acredito ter ficado como idealizamos e acima de tudo que deu seguimento à música, só fazia sentido se transmitisse emoções, e conseguimos.
Como tem sido trabalhar com a editora Warner Music Portugal?
Desafiante! E por vezes até me deixa ansiosa, porque acabo por trabalhar com grandes profissionais da área, o que também me leva a querer estar à altura. A Warner realiza
sonhos e tem realizados os meus. Para além de um local de trabalho é conforto, amizade e sinónimo de muita garra.
O que podemos esperar para futuro?
Uma Beatriz mais completa, feliz e crescida. Hoje, acabo por não me identificar com aquilo que fazia na música há uns anos. Acho que demonstra que cresci, mas que dei e dou valor a esse período que me permite poder falar sobre mim de uma outra perspetiva, quase como se pudesse identificar uma nova etapa. No fundo, a “Miragem” ainda continua e quero que essa seja a mensagem a transmitir aos felgueirenses, a todos os que me acompanham e aos que me conhecerão.
Rui Morais