Artigo de opinião publicado na edição 1473
18 de maio aproxima-se e o país exige estabilidade, responsabilidade e coragem
Vivemos, mais uma vez, tempos de campanha eleitoral. Os debates sucedem-se, mas pouco ou nada esclarecem. Em vez de ideias claras, servem-nos acusações mútuas, jogos partidários e promessas vazias. Num jogo de sombras, os temas verdadeiramente importantes permanecem na penumbra.
É escandaloso o silêncio sobre as chamadas “despesas excecionais”, cerca de 13 mil milhões de euros por ano, a segunda maior despesa do Estado, frequentemente desviada para aumentos de capital de empresas-fantasma e empréstimos de retorno duvidoso. E nós, contribuintes, continuamos a assistir em silêncio, como se nada fosse.
Portugal continua a figurar entre os países mais opacos da Europa em matéria de transparência pública. E ainda assim, ninguém nos diz como se pretende corrigir este estado de coisas. Fala-se em justiça social, mas ignora-se a justiça fiscal: porque continua o IVA da eletricidade a níveis incomportáveis? Porque é que os donos das grandes barragens continuam isentos de IMI, enquanto a classe média é esmagada?
Mas o problema não está apenas no conteúdo. A própria estrutura política está exausta. Em pouco mais de três anos tivemos três eleições legislativas, 2022, 2024 e agora 2025. Quatro, se contarmos com as europeias. E vêm aí mais eleições autárquicas. Portugal vive num ciclo eleitoral permanente. Como se pode governar assim?
O país não pode continuar neste pântano. Acredito que os eleitores também já o perceberam. Por isso, acredito que as eleições de 18 de maio serão marcadas por uma exigência de estabilidade. O voto útil, por mais que custe a alguns, será inevitável se quisermos evitar nova crise em 2026 ou 2027.
O próximo executivo não pode nascer de muros ideológicos. O bom senso, e a conjuntura internacional que enfrentamos, exigem diálogo, exigem responsabilidade e exigem coragem.
Portugal precisa de paz política. Precisa de trabalhar. De voltar a acreditar. É tempo de fazer o que é justo, e o que é urgente. Ou, nas palavras de Churchill, “a responsabilidade é o preço da grandeza”. E Portugal merece grandeza.
Jorge Miguel Neves