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“Vamos andando”

Leia o artigo de opinião publicado na edição 1472 de 29 de abril

“Vamos andando” é uma frase inscrita num… barco… em frente à câmara municipal da minha terra natal.
É uma frase muito ouvida, muito repetida, mas que me vai causando estranheza não só porque está inscrita num barco mas porque me remete para o lamento do fado português… não posso aceitar este triste fado que parece nos condenar a ter dificuldade em sair desta estagnação… como vão as coisas lá em casa: “Vamos andando”; como vão as coisas no emprego: “Vamos andando”, como vai o SNS “Vamos andando”, como vai a reforma do estado, segurança social, etc “Vamos andando”
Estou a ficar cansado de tanto holofote nos políticos e menos nas políticas, menos ego, mais acção e coragem de reformar. Cansado de mais tempo que é atribuído aos comentadores dos comentários políticos do que às ideias propriamente ditas.
Temos todos os ingredientes para sermos um país próspero se soubermos captar os investimentos apropriados dado que só exportamos massa cerebral (que não entra para as contas do PIB) e bens equivalente a 3.3% do PIB.
Mas vejamos, a minha geração (dos anos 70) pode vir a ser das últimas que arregaça as mangas e ainda luta por alguns princípios, mas vejo com dificuldade que os meus filhos se interessem por um país que não contribui para a sua fixação quando atingirem a idade produtiva.
Além de salários baixos, elevada carga fiscal e burocrática para as empresas, elevados custos de aquisição de habitação própria e permanente, elevado custo de vida desde bens alimentares aos combustíveis, o IVA electricidade, etc, atualmente vejo um desinteresse generalizado na política. Onde se lê “indecisos” nas sondagens, p.ex. numa de muitas (ICS e ISCTE, Março 2025) 39% estão indecisos, ora se a taxa de abstenção é superior, não deveríamos olhar para estes indecisos e classifica-los antes como “Indecisos/desinteressados”?…
A percentagem de abstenção sãos os cidadãos que reclamam de tudo e por nada, mas não exercem o poder de ir votar e direcionar a sua intenção de voto para aquele partido com que mais se identifica. É na Assembleia da República através dos deputados que o rumo pode mudar.
Desta forma, descrentes no sistema político, muito por culpa dos próprios políticos que ora por sede de poder ou de holofotes se esquecem da sua função que é servir os desígnios de uma nação, também estão descontentes com o modo de vida, mas… “Vamos andando”
Não, não e não! Não vamos andando coisa nenhuma! Urge ter a coragem de reformar sobretudo o sistema eleitoral, a Segurança Social (atrevam-se a fazer uma simulação da vossa reforma e mantenham-se sentados), reformular a oferta de cuidados de saúde, ter a audácia de reformular alguns currículos escolares, introduzir a literacia financeira já nas escolas (ah, não dá… o objectivo é manter a malta amarrada à ignorância, é isso?) e por último mas não menos importante… diminuir a presença do Estado na vida das pessoas e empresas até o nível do necessário.
Para terminar, o defeito não é só nosso é também de uma Europa muito ocupada a legislar tampinhas para garrafas enquanto outras potências se ocupam em inovar, produzir e gerar riqueza! Só se consegue redistribuir a riqueza para os sectores sociais numa perspectiva de mecanismo de solidariedade SE e SÓ SE o bolo crescer. Se o bolo não crescer como há de haver uma fatia maior para a defesa (NATO) ao mesmo tempo manter as prestações sociais?
Enquanto nós “Vamos andando”, outros países já estão em velocidade de cruzeiro…

Bruno Duarte Bessa

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