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Páscoa Tradicional

Tilinta ao longe no tempo a campainha da memória do compasso, à vista da chegada do tempo da Páscoa. Havendo certo sortilégio pascal, passado o Domingo de Ramos e costumeira entrega do ramo de lembrança aos padrinhos.

Acrescendo no Aleluia à vida algo vital de Felgueiras, pelo tempo da Páscoa, relacionado com o Pão-de-ló de Margaride, doce do tempo pascal por excelência. E também a reunião familiar na espera da visita do Compasso.

Numa junção transmissora de sedução e afetividade pelas práticas tradicionais, vindas de nossos antepassados, relativas à Páscoa, como festa anual de semblante especial no imaginário popular, com saliência ao Folar e Compasso Pascal.

Com efeito, em eras recuadas a quadra consubstanciava certos hábitos, de ritual, no povo da região. Chegado o dia, com os sinos paroquiais a repenicarem, quase a par com foguetes atroando os ares do horizonte e a campainha anunciadora do Compasso a ouvir-se nos arredores, era altura do folar – algo esperado sobretudo pelas crianças.

Havendo o antigo, de âmago gastronómico, como posteriormente a rosca grande de prenda (oferta mais tarde alterada por peça de roupa, brinquedos ou utilidades). Ao passo que o dia produzia um sentido anímico diferente nas gentes locais, num manancial de tradições.

Folar antigo da Páscoa era um bolo de pão de massa de farinha milha, feito em forno doméstico, com um ovo cozido no meio, sobre o qual havia cobertura em forma apropriada ao revestimento do mesmo ovo, como que a dar efeito côncavo de tampa em massa de pão também… Enquanto o sucessor folar de prenda, posteriormente entrado nos costumes, consistia numa grande rosca (regueifa de trigo), com enfeites de massa sobreposta, que era dada aos afilhados na manhã do dia de Páscoa.

Para gáudio da pequenada que, quantas vezes, passava a manhã a acompanhar o Compasso com a rosca metida pela cabeça a tiracolo, antes de ser servida à mesa no almoço da festa de ano – repasto farto que, como tal, além das batatas assadas do forno, em travessa de barro, metia cabrito como prato forte, ou ovelha, galo, coelho e outras carnes, sem faltar o salpicão às rodelas na travessa do arroz alourado em alguidar pequeno de barro.

Na visita do pároco da freguesia e da cruz paroquial, toda enfeitada, mais os homens das opas, o chefe de família punha na mesa alguns ovos, para folar do padre, que eram recolhidos por um dos membros do Compasso, o que andava com a saca. O qual de permeio, com ajudas de outros, tinha de vez em quando que mandar à residência do abade despejar as cestas com os ovos angariados.

Onde o folar fosse maior que o normal era deitado um ou mais foguetes, enquanto a banda acompanhante, em certas freguesias onde havia esse costume, executava uma das peças do seu reportório, a ajudar ao ambiente festivo, abrilhantado por tradicional tapete de flores ou simples ajunto de pétalas de flores espalhadas no chão, a assinalar o local da entrada.

Todas as despesas do Compasso, passados os antigos tempos dos juízes da Comissão do Subsino, eram por conta do Juiz da Cruz, incluindo o almoço a toda a comitiva, com exceção de algum ”fogo”, pois que era costume haver apaixonados em marcar desse modo a chegada da Visita Pascal, em cujas casas eram deitadas dúzias de foguetes por promessa do chefe de família ou apenas por sua vontade entusiasta.

Agora em vez de ovos, naturalmente, há uma oferta monetária, e mesmo as despesas já não costumam ser como antes.

Contudo algumas das antigas tradições ainda se mantêm, em menor escala e com diferenças.

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