Artigo de opinião publicado na edição impressa n.º 1471
Numa semana onde se inaugurou mais um percurso pedestre na freguesia de Jugueiros (Percurso PR3 FLG), onde as “Levadas”, dinamizadas por esta Junta de Freguesia do PSD, têm atraído turistas de todos os pontos do pais, é o momento pertinente para louvar esta e todas as iniciativas de promoção do convívio pleno com a natureza.
A agenda ambiental já não é apenas uma preocupação de minorias e o consciente coletivo caminha a passos largos para a sustentabilidade: a Natureza salva-nos! Com base em evidências científicas, a Organização Mundial de Saúde identificou 10 formas pelas quais a natureza influencia beneficamente a nossa saúde física e mental, mas também reduz a necessidade de recurso ao Serviço Nacional de Saúde. Nesta senda, e seguindo o exemplo Britânico, há um ano atrás, em Abril de 2024, foi lançada a Plataforma Prescrição Social Portugal, que pretende que os médicos portugueses criem sinergias entre as respostas sociais e as necessidades médicas, conjugando a terapêutica tradicional com atividades, nomeadamente com as chamadas prescrições verdes, recomendando os passeios na floresta, e caminhadas sensoriais, jardinagem e outras intervenções baseadas na natureza.
Em Felgueiras existem algumas entidades promotoras nesta perspetiva de saúde planetária, como o Movimento Bem da Terra por exemplo, que organiza eventos sensoriais de comunhão com a natureza e incentiva a prática e desenvolvimento da permacultura.
No entanto, para mudar a saúde das pessoas, é necessário que exista uma preocupação efetiva em mudar também o meio ambiente. O investimento na criação de espaços verdes, arborizados com espécies adequadas, hortas comunitárias e a recolha de resíduos orgânicos na malha urbana são ainda um sonho, sem possibilidade de concretização à vista. Isto porque as preocupações com o ambiente não canalizam votos, e por conseguinte a classe política em exercício não prioriza o tema. Felgueiras carece de vida e de verde nos centros urbanos, que as floreiras no betão e as florzinhas nas rotundas não têm como suprir, porque não se trata de uma questão estética, mas de uma forma de estar, uma filosofia de vida, que pede raízes mais profundas.
“Não é a terra que é frágil. Nós é que somos frágeis. A natureza tem resistido a catástrofes muito piores do que as que produzimos. Nada do que fazemos destruirá a natureza. Mas podemos facilmente destruir-nos a nós mesmos.”
James Lovelock, ambientalista
Marta Rocha