O presidente da direção da Associação Cultural e Recreativa (ACR) As Formigas de Macieira disse esta semana ao SF Jornal que o legado do Pe. Mário Pais de Oliveira é a principal força que move a instituição na dinamização das muitas atividades dinamizadas no Barracão de Cultura, em Macieira da Lixa.
O equipamento, idealizado pelo antigo pároco da Lixa, é um espaço cultural multifuncional que também tem um importante papel na preservação da memória e legado daquela que foi uma figura marcante na luta contra o regime do Estado Novo e defensor de causas sociais.
“O legado do Pe. Mário está aqui e é o que nos dá força, diariamente” afirmou Alberto Carvalho, à margem de um concerto realizado na semana passada pelo projeto “Cantar Abril!”, no aniversário do presbítero, que faleceu em 2022, aos 84 anos.
A ACR As Formigas de Macieira é uma das mais prolíficas instituições associativas do concelho, com um plano mensal de atividades que inclui, pelo menos, duas caminhadas temáticas. No plano da cultura, o leque das iniciativas abrange exposições das mais diversas artes, serões de poesia, encenações de teatro e até de circo, entre muitas outras expressões culturais.
Para muitos artistas locais, mas também aqueles oriundos de outros pontos da região Norte, o Barracão é o ponto de partida das respetivas carreiras ao ser aqui que fizeram a sua primeira exposição, destaca o dirigente associativo.
Para além de um salão, com capacidade para 100 pessoas, o moderno equipamento conta com uma biblioteca, cozinha, bar e uma sala de estar para os mais pequenos brincarem enquanto decorrem os espetáculos.
À entrada principal, uma estante fechada acolhe um exemplar de cada um dos mais de 50 livros escritos por Mário Pais de Oliveira, ao longo da sua carreira.

Alberto Carvalho, em resposta a uma pergunta colocada pelo SF Jornal, afirmou que o falecimento de Mário Pais de Oliveira não afetou o funcionamento do Barracão e que só obrigou a direção a uns “ajustes menores”, para dar continuidade à iniciativa.
Por outro lado, recordou que o mentor já teria dado indicações que este seu projeto estava pronto para se governar a si próprio. “Alguns meses antes da sua morte, afirmou: vós agora tendes perninhas, sabem o que têm que fazer e para o que isto foi criado. Andai. Não tenho que fazer mais nada”, recordou.
O dirigente prosseguiu, afirmando que aquela “diretiva” foi abraçada pela direção, que desde 2022 se desdobra em esforços para promover e dinamizar o projeto, junto da população e do território.
Alberto sublinha, por outro lado, que o projeto continua a ser autónomo, sustentável e independente, tal como o seu fundador pretendia, graças ao pequeno, mas substancial apoio de cerca de meia centena de associados, patrocinadores e receitas próprias da associação.
“Por exemplo, temos um professor de dança que aluga o salão principal, três dias por semana. Essa receita já nos garante o pagamento da água e da eletricidade”, exemplifica.
Apesar de todos os esforços, o dirigente associativo lamenta que o projeto não atraia mais pessoas locais, salientando que muitas das visitas que recebem vêm de mais longe, nomeadamente do Porto.
“Todos adoravam o Pe. Mário, mas poucos se chegam cá hoje. Talvez porque ele era uma pessoa firme, que chegava mesmo a fazer tremer alguns, mas acho que devia ser assim. Aprendi muito, com ele”, concluiu.
Em março há caminhadas e escultura, fala-se de vespa asiática e visita-se um engenho de linho
Para o restante de março, o Barracão de Cultura vai realizar, no domingo, dia 16, uma caminhada em Gatão, Amarante.
No sábado, dia 22, inaugura a exposição de escultura em pedra de Joaquim Pinto Leocádio. No dia seguinte, realiza-se uma caminhada temática no engenho de linho de Alpendorada, no Marco de Canaveses.
O mês encerra com uma tertúlia sobre a vespa asiática, no dia 29, e a realização de eleições para os corpos dirigentes da ACR Formigas de Macieira, no dia 30.
Paulo Alexandre Teixeira