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Perspetivas…

Nos tempos que correm, a comunicação social desempenha um papel crucial na vida de cada um. Condiciona a formação de opinião pública, bem como a consolidação dos valores democráticos, éticos, políticos, de entre todos os outros valores que estão na base da formação do “eu”.
A literacia emerge como um forte alicerce para a distinção e interpretação das mensagens que nos chegam através daquela fonte.
Na minha opinião, sem a literacia, estamos condenados a aceitar tudo o que nos é transmitido, como se fosse uma verdade absoluta, o que é um enorme risco.
A crescente proliferação de conteúdos mediáticos, revestidos de imparcialidades, mas que se revelam em intencionalidades ideológicas ou estratégicas, impõe à sociedade uma análise atenta de tudo aquilo que lhe é divulgado.
Sobram-nos duas opções: tornarmo-nos umas “nêsperas” que aceitam e acreditam em tudo aquilo que ouvem, ou ser a ovelha negra do rebanho e questionar.
A sociedade contemporânea está feita para aqueles que não questionam, e questionar implica um domínio consolidado das competências literárias.
É nesta vertente que a literacia previne a manipulação da opinião pública, e é por isso que tem um papel preponderante na nossa comunidade. Um exemplo objetivo desta problemática, é a difusão de notícias falsas,“fake news”, aquando das eleições presidenciais. Parte dos eleitores, sem discernimento para verificar as fontes de informação, toma decisões políticas baseadas em conteúdos enganosos, que tendem a beneficiar ou desfavorecer certas ideologias. Concluímos, com este exemplo, que a falta de literacia pode chegar a comprometer a democracia.
A literacia permite que consigamos distinguir factos de opiniões. Só que, é sabido que, a comunicação social, não só informa, como também interpreta os acontecimentos. Uma das principais competências de um bom jornalista, deveria ser a imparcialidade. No entanto, sabemo-nos longe desse arquétipo de respostas ao Quando, Onde, O quê, Como e Porquê, com neutralidade.
A objetividade perde lugar para a subjetividade, e as notícias que nos são transmitidas, já vêm com a mancha, o ruído, de interpretações enviesadas, logo no título, condicionando a própria verdade. Um exemplo comum desta dificuldade de distinção é a cobertura mediática de eventos desportivos. Quando duas equipas jogam, é frequente que, jornais desportivos, apresentem visões e análises distintas, ainda que do mesmo jogo. Se, por um lado, um certo jornalista, apaixonado pelo seu clube, pode justificar a derrota com erros da arbitragem. Por outro lado, um outro jornalista, ainda do mesmo clube, pode admitir a derrota e acabar por destacar a estratégia que levou a outra equipa a vencer. Pensando desta forma, se o leitor não tiver capacidade de analisar de forma crítica, será incapaz de tomar as suas próprias conclusões, uma vez que pode ser influenciado por uma perspetiva emitida.
Em suma, a literacia configura-se muito além de uma simples leitura e interpretação; mostra-se um requisito essencial para uma sociedade ativa e infirmada. Investir na literacia, é investir na liberdade de pensamento.
Transcrevo e subscrevo as palavras de Saramago, que afirma que nunca vivemos tanto na Caverna de Platão “Olhando em frente, vendo sombras, e acreditando que essas sombras são uma realidade”.

Maria Clara Teixeira
aluna da equipa do JSP (12ºB)

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